Google

segunda-feira, junho 30, 2008

Melhor, impossível

A Espanha teve uma campanha impecável na segunda fase. Não sofreu nenhum gol. E ganhou o título apresentando um futebol de extrema qualidade: eficiente na defesa, criativo no meio e fulminante na frente. Teve o melhor jogador do torneio: Xavi, o autor da assistência para o gol do título, de Torres. Nove jogadores na seleção da competição: (San) Iker Casillas (foto: AP), Marchena (talvez o melhor defensor do torneio), Puyol, Marcos Senna (sem dúvidas, o melhor volante), Xavi (claro!), Cesc Fábregas, Andrés Iniesta e os atacantes Torres e Villa.

Muito superior à Alemanha. Muito superior a todas as equipes. Título mais que merecido para os espanhóis, que tanto sofreram com críticas da imprensa européia e com a desconfiança da torcida. Contra a Alemanha, jogou como fúria, mas, principalmente, jogou como uma grande seleção. Talvez seja o início de uma nova era no futebol europeu.

sexta-feira, junho 27, 2008

Tradição vs Crescimento

De um lado uma seleção acostumada a jogos decisivos. Acostumada, principalmente, a vencer jogos decisivos. Do outro, uma seleção acostumada a grandes decepções e que só agora dá mostras de que pode ser a melhor da Europa novamente. Alemanha e Espanha fazem, no domingo, o jogo mais esperado do ano, e, possivelmente, o mais equilibrado também. Este é o preview da grande final da Euro 2008, numa parceria entre o blog Opinião FC e o Futebol Europeu.

POR FELIPE LEONARDO
Futebol Europeu -
http://www.hesselink.blogspot.com

Alemanha
Mentalidade de campeã

Jürgen Klinsmann saiu do comando da seleção alemã em 2006 e deixou para seu sucessor e ex-assistente técnico, Joachim Löw, uma equipe amadurecida e pronta para vencer. A Alemanha de Klinsmann e Löw joga um futebol de mais toque de bola, com volantes que aparecem no ataque e alas muito ofensivos. Nesta Euro, tem-se visto uma Alemanha incrivelmente poderosa ofensivamente, mas ainda assim com um jogo equilibrado, organizado e eficiente.

Na estréia, contra a Polônia, os germanos venceram com tranquilidade por 2 a 0, com dois gols do melhor jogador jovem da Copa de 2006, Lukas Podolski. Mas diante da Croácia, a equipe desandou. Enfrentou um time habilidoso nas trocas de passe e rápido nas conclusões. Os alemães tiveram mais tempo de posse de bola, mas foram ineficientes nas finalizações e morosos na contenção das ofensivas croatas. Resultado: 2 a 1 para a Croácia. Ainda bem que o adversário dos germanos no último jogo da primeira fase era a fraquíssima Áustria. Ballack, com um potente chute de longa distância, colocou a Alemanha nas quartas-de-final. Löw perdeu Frings, que fraturou uma costela no jogo contra os austríacos, e o substituiu por Simon Rolfes. Depois das atuações irregulares de Jansen na lateral-direita, Löw voltou com o antigo titular Friedrich. E ainda promoveu mais uma mudança para o jogo contra Portugal: sacou o decepcionante Mario Gomez do ataque e preencheu o meio-campo com Hitzlsperger, abandonando o 4-4-2 e adotando ou 4-2-3-1 como formação inicial. A mudança deu certo. Os alemães bloquearam os principais núcleos ofensivos portugueses (Deco, Ronaldo e Bosingwa), jogaram no campo defensivo do adversário e venceram pelo placar incontestável de 3 a 2, graças a uma atuação inspirada de Schweinsteiger. Na semifinal, a rival era a Turquia, equipe sensação do torneio. Jogo duríssimo, equilibrado e emocionante. No fim, prevaleceu a competência alemã. Novo placar de 3 a 2. Mas o grande teste dessa nova Alemanha, que foi transformada por Klinsmann e agora é firmemente conduzida por Löw, será a final contra a Espanha.

Pontos fortes - O trunfo da Alemanha nesta competição tem sido o ataque, especialmente na segunda fase. Mario Gomez e Klose formaram a dupla ofensiva na primeira fase e o que se viu foi um congestionamento enorme entre dois grandes centroavantes. Löw optou apenas por um homem de área e escolheu certo, Klose, mais experiente e eficiente que Gomez. Na armação de jogadas aparece Ballack, que, contra Portugal e Turquia, pôde jogar um pouco mais à frente do que estava acostumado, sem tantas preocupações defensivas. Mas as grandes armas de Löw estão nas alas: Podolski na esquerda e Schweinsteiger na direita. Os dois jovens são os reponsáveis por dar velocidade ao ataque alemão e qualidade na dinâmica ofensiva. Por isso, Klose nunca está isolado na grande área. Resultado: 7 dos 10 gols da Alemanha são do trio; e os três, cada um com duas assistências, respondem por 70% dos passes para gol da equipe. O futebol de qualidade que Podolski e Schweinsteiger deixaram de mostrar pelo Bayern nas duas temporadas pós-Copa do Mundo foi restaurado e colocou a Alemanha em sua sexta final européia.

Pontos fracos - A Alemanha marcou 10 gols nesta Euro, 6 deles nos últimos dois jogos. Sofreu 6, 4 deles nos últimos dois jogos. Se o ataque melhorou consideravelmente na segunda fase, a defesa se enfraqueceu na mesma medida. A zaga central é formada por Mertesacker e Metzelder, uma excelente dupla de beques. Rolfes entrou no lugar do machucado Frings na proteção à zaga, que deve voltar para a final. Hitzlsperger entrou no lugar do atacante Mario Gomez, para preencher o meio-campo, e Fritz perdeu a titularidade. Mas a dupla de volantes também tem se mostrado eficiente, apesar das mudanças e problemas. A fraqueza defensiva da Alemanha está nas laterais. Friedrich joga pela direita, tem pouca habilidade no apoio e está longe de ser um grande defensor. Philipp Lahm, que atua na esquerda mas é destro e pode jogar na direita, é completamente voltado para as ações ofensivas. Tem qualidade no desarme e é rápido na aproximação aos atacantes, porém, obviamente, não dá conta da armação e da proteção ao lado esquerdo da zaga. Como castigo, a Alemanha tem sofrido muitos gols construídos em jogadas laterais: 4 dos 6 gols sofridos por Lehmann aconteceram na grande área. O sistema defensivo alemão que se cuide com Sergio Ramos, Capdevila, David Silva e Iniesta, articuladores de jogadas laterais da seleção espanhola.

Time-base - Lehmann; Friedrich, Mertesacker, Metzelder e Lahm; Hitzlsperger e Rolfes; Schweinsteiger, Ballack e Podolski; Klose.

POR ANDRÉ AUGUSTO
Opinião FC - http://www.opiniaofc.blogspot.com


Espanha
Fúria desperta

Há 40 anos, a Espanha ganhava seu último título expressivo no futebol: A Eurocopa, sediada em seus domínios. Vinte anos depois, chegava à final da mesma competição, sendo esta a última final que disputou em um campeonato de alto nível. E o vice-campeonato marcaria mais vinte anos de sofrimento, chacota e campanhas decepcionantes, mesmo com times razoáveis.

Desacreditada, a Espanha chegou na Euro com Luís Aragonés balançando no cargo. A polêmica de Raúl González, ícone do futebol espanhol, ficar fora do grupo e a aposta em Marcos Senna – o qual Aragonés bancou desde a Copa de 2006 – se mostraram acertadas, no final das contas. O crescimento da Espanha na competição é notório. Mesmo com a opção de manter Fábregas fora dos onze iniciais, a Espanha mostrou-se ofensiva e letal, com Villa em grande forma e o meio-campo muito criativo e versátil. Senna é marcador, mas tem alguma habilidade, Xavi e Iniesta fazem com maestria a transição entre defesa e ataque, além de David Silva, importante na armação pela esquerda. Mesmo com Fernando Torres longe do melhor desempenho, a Espanha teve boa estréia contra os russos e se classificou antecipadamente vencendo a Suécia com justiça. Os reservas – com destaque para De La Red e Güiza, artilheiro do ultimo espanhol – mantiveram os 100% frente aos gregos. No dramático jogo contra a Itália, a Espanha foi melhor e os penaltis coroaram uma classificação justa, com grande destaque para o capitão Casillas. E no segundo jogo contra a Rússia – já como a revelação desta Euro – a Espanha teve calma para provar que joga um futebol que se não é o mais vistoso, foi de longe, o mais regular.

Aragonés armou a equipe em um 4-4-2 durante toda a competição, mas será obrigado a remeter ao 4-5-1 por conta da contusão de Villa. A fluidez que a entrada de Fabregas deu ao time, principalmente contra russos, fazem desta a opção mais sensate.Ainda há uma pequena possibilidade da entrada de Güiza, que também mostrou oportunismo. Neste caso, a Espanha volta ao esquema inicial.

Pontos Fortes – O meio-campo mostrou-se muito eficiente e efetivo. O ataque badalado formado por Torres e Villa correspondeu no começo, mas deixou a desejar no mata-mata. Entrava em campo as boas aparições de Xavi, Silva e Iniesta, muito rápidos na chegada ao ataque. Por opção e da contsão de Villa, Fabregas deu uma dinâmica ainda maior, revesando com os outros meias. Isso deu a Espanha o status de melhor ataque da Euro (11 gols) e time que mais rematou ao gol adversário (104 chutes). As subidas de Sérgio Ramos também mostraram-se uma boa válvula de escape, já que o lateral/defensor do Real Madrid ataca com alguma qualidade e fecha a ala com eficiência. Além disso, Casillas mostrou estrela e passa muita confiança, como goleiro e capitão da equipe.

Pontos Fracos – Com a contusão de Villa e a ineficiência de Torres, o ataque da Espanha está mal. A falta de gols, frente a um time copeiro e centrado como a Alemanha pode se mostrar fatal. O jogo aéreo alemão pode também ser letal a zaga espanhola, já que o miolo de zaga formado por Marchena e Puyol mede 1m83cm e 1m80cm, respectivamente.

Time-Base – Casillas; Sérgio Ramos, Puyol, Marchena e Capdevilla; Senna, Xavi, Iniesta e Silva; Villa (Fabregas) e Torres.

quinta-feira, junho 26, 2008

Cara de campeão

O time da Espanha atropelou a Rússia, como na primeira fase, por três gols de diferença, e enfrenta a Alemanha na grande final da Eurocopa 2008 (foto: Getty Images). A fúria repetiu a consistência defensiva apresentada contra a Itália e contou com um meio-campo inspirado para vencer a badalada seleção russa.

O meia Arshavin, que entrou na competição contra a Suécia, no último jogo da primeira fase, hoje não foi sombra do jogador que calou a torcida holandesa nas quartas-de-final. Lento, irritado, bem observado por Marcos Senna e Xavi, ele pouco jogou. E a Rússia também. Pavlyuchenko foi o melhor do time de Guus Hiddink, e ameaçou Casillas por algumas vezes no primeiro tempo. Mas a Espanha impediu os meias russos de jogarem, através de uma marcação adiantada extremamente eficiente. O ataque espanhol, como no jogo contra a Itália, esteve discreto, apesar do visível domínio da posse de bola. E para piorar, David Villa, o artilheiro da competição com quatro gols, machucou gravemente a coxa direita (fora da final) após uma cobrança de falta, e foi substituído por Fabregas.

Eis que o jovem meia do Arsenal, que raramente brilha pela fúria, começa a aparecer no jogo na etapa final. Antes, Iniesta, no comecinho, chuta para o meia da área e Xavi desvia para o gol. Era o que a Espanha precisava para jogar com mais tranquilidade. Agora sim, o jogo seria todo de Fabregas. Marcos Senna continuava desmontando as tentativas ofensivas russas, e o camisa 10 espanhol chamou a reponsabilidade da organização de jogadas para si. Com 28 minutos do segundo tempo, ele recebe de Sérgio Ramos e dá um belo passe para Dani Guiza dominar no peito e tocar na saída de Akinfeev. Nove minutos depois, Iniesta inicia o contra-ataque que é conduzido por Fabregas. Ele toca para o meio da grande área e David Silva marca o terceiro da Espanha. Um time coeso, seguro na defesa e fulminante no ataque. Favorito contra a Alemanha na final. Enfim favorito.

quarta-feira, junho 25, 2008

Milagreira, mas humana

A seleção turca chegou a esta semifinal diante da Alemanha com uma bagagem físico-emocional quase insuportável: para se classificar às quartas, bateu a República Checa de virada, por 3 a 2; depois, venceu a Croácia nos pênaltis, depois de sofrer um gol aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação e empatar no minuto seguinte. Quase metade do elenco sem condições disciplinares ou físicas para a semifinal. Uma Turquia inacreditável, que fez milagre após milagre nessa Euro. Perdeu para a Alemanha, mas mostrou um futebol novamente louvável.

Pressionou os tricampeões europeus em boa parte do primeiro tempo e abriu o placar através de Boral. A Alemanha, com a força de sempre, empatou mesmo sem jogar bem, com Schweinsteiger. Jogo equilibrado, mas a Turquia era ligeiramente melhor: marcou a saída de bola alemã de maneira eficiente e aproveitou os espaços no lado direito do ataque; tocou a bola com tranquilidade no campo ofensivo quando tinha a oportunidade para isso e conseguia voltar inteira para a defesa nos momentos em que a Alemanha pressionava. Mas a Alemanha é uma das seleções de mais tradição do continente. Virou o placar com Klose, aos 34, que aproveitou a saída precipitada de Rustu Recber e testou para o gol.

Mesmo tomando a virada, os turcos não se abateram. Deixaram o cansaço físico e mental de lado, ignoraram a força da camisa alemã e o relógio e se mandaram para o ataque, com toda a disposição do mundo. E o merecido empate veio: Sabri fez uma grande jogada pela direita, deixou Lahm no chão, avançou e tocou para Semih Senturk se antecipar a Lehmann e igualar o jogo. A torcida turca foi à loucura, vendo a possibilidade de uma final européia no domingo... Philipp Lahm (foto: Getty Images), porém, demoliu as esperanças de prorrogação adversárias e, em uma espetacular jogada solo, colocou a Alemanha na final. A final é dos alemães, mas os aplausos são para os turcos. Grande time, grande comando técnico, liderado pelo empolgante treinador Fatih Terim, e um espírito esportivo que entra para a história do futebol.

terça-feira, junho 24, 2008

Chegou a hora?

A Espanha enfrentou a Itália no jogo que decidiu o último semifinalista da Euro. E, pela terceira vez nas quartas-de-final, o jogo caminhou para a prorrogação. Espanha pouco inspirada, David Villa aparentemente indisposto e um meio-campo nada efetivo. Itália demasiadamente cautelosa e Luca Toni sedento para marcar. Foi uma partida irritantemente equilibrada.

Casillas desequilibrou. Salvou a Espanha no segundo tempo, em chute de Camoranesi. E, nas cobranças de pênalti, cresceu diante dos atuais campeões mundiais, e defendeu os tiros de De Rossi e Di Natale (na foto, ele espalma o de Natale: AFP). A Espanha, seleção com o ataque mais poderoso da Euro, mostrou muita qualidade defensiva diante da Itália. Depois de Casillas, o principal homem do jogo foi Marcos Senna, um brasileiro que conquistou o coração dos espanhóis.

E talvez, por coincidência, a Espanha jogará com um uniforme semelhante ao do Brasil contra a Rússia na quinta: camisa amarela, calção e meião azuis. A Espanha não é Brasil, mas talvez seja a seleção européia que mais lembre o nosso futebol (e que fique bem claro, não o da atual seleção!). E que se cuide para não amarelar...

domingo, junho 22, 2008

Zebra em dose dupla

Essa é a Euro das surpresas.

A Croácia não era tão zebra assim, mas chegou com muita força às quartas-de-final. O adversário era a Turquia, time que eliminou a República Checa no melhor jogo do torneio. O confronto entre croatas e turcos foi duro: a Croácia não conseguia impor seu jogo de toque de bola no ataque, e a Turquia, em sua proposta defensiva, esperava por uma oportunidade. Ficou no 0 a 0. Até o fim do segundo tempo da prorrogação. Então Luka Modric aproveita a saída precipitada do goleiro Rustu, cruza na área e Klasnic faz o gol que deixa a Croácia muito perto das semis. Mas a Turquia, que já mostrou um poder de reação avassalador diante dos checos, não estava entregue à eliminação. Semih recebeu na área, no meio da zaga croata, e arrumou espaço para acertar o ângulo esquerdo do gol. O empate destruiu a festa da Croácia, que perderia o jogo nas cobranças de pênalti. A Turquia promete um jogo duro contra a Alemanha, que também não era esperada nas semifinais.

A Holanda era favorita ao título, mas para chegar até lá precisaria passar pela forte seleção russa. Também caiu. A Rússia jogou um futebol de muita qualidade e forte marcação no meio-campo. A Holanda foi neutralizada, dominada. Derrotada por 3 a 1. E o grande jogador da partida foi o meia Arshavin, do Zenit, que só entrou na Eurocopa no último jogo da primeira fase, contra a Suécia, por causa de uma suspensão disciplinar de dois jogos (na foto, à direita: Getty Images). A Rússia fez 1 a 0, mas tomou o empate no fim do jogo. Na prorrogação, porém, os russos destruíram os holandeses, marcando dois gols e mostrando um futebol impressionante: forte marcação no meio-campo, jogadas ofensivas arquitetadas com a participação em massa do meio-campo e muita rapidez na conclusões. O melhor time da Euro, a Holanda, sucumbiu perante a uma Rússia supreendente, de futebol objetivo e agradável de se assistir. Surpresa bastante bem-vinda.

quinta-feira, junho 19, 2008

Cruelmente competente

É. Aconteceu o que muita gente não queria: Portugal eliminado logo nas quartas-de-final e despedida melancólica de Felipão. Um time que tinha o melhor do mundo em campo, o técnico mais valorizado do continente e a maior torcida da competição sucumbe perante à força de uma Alemanha inspirada e devastadora.

A seleção germânica mostrou extrema qualidade de jogo nos primeiros 30 minutos do primeiro tempo e abriu 2 a 0. Portugal reagiu, diminuiu o placar. Mas a Alemanha estava demais. Schweinsteiger (foto: Reuters), carrasco de Portugal na decisão do terceiro lugar na Copa de 2006, e Ballack estavam demais. O primeiro fez o gol que abriu o placar e bateu a falta que Klose concluiu de cabeça no segundo gol. O segundo tomou conta do meio-campo, marcando com maestria e organizando a distribuição de jogo. Deco e Cristiano Ronaldo pouco jogaram. E a Alemanha jogou demais.

Na etapa final, Portugal melhorou seu jogo, esboçou uma reação daquelas típicas das equipes chefiadas por Felipão. A Alemanha foi competente e abriu 3 a 1 quando os lusitanos jogavam melhor. Ballack fez de cabeça. Klose, no primeiro tempo, também. Artilharia pesada pelo alto, que a defesa portuguesa não conseguiu conter. Qualidade nas trocas de passe e objetividade na criação de jogadas... A Alemanha teve. Portugal não. Alemanha nas semifinais e agora forte candidata ao título. Portugal, primeiro favorito a voltar para casa de mãos vazias. Espanha e Holanda que se cuidem nos próximos dias...

quarta-feira, junho 18, 2008

O começo do fim

Fim de semestre, correria, tensão, estresse, prazos. Mas ainda assim arrumei um tempinho para falar um pouco sobre o encerramento da primeira fase da Euro.

A Alemanha se recuperou da derrota para a Croácia, venceu a Áustria, como já era esperado, e enfrenta Portugal nas quartas-de-final. Jogo duro, mas pelo futebol do momento, Portugal é favorito. A Turquia vai pegar a Croácia, que terminou a primeira fase com 100% dos pontos disputados: a partida promete equilíbrio.

Itália e França fizeram o grande duelo da primeira fase, reeditando a final da Copa do Mundo de 2006. E prevaleceu o espírito de decisão dos atuais campeões mundiais. A Itália venceu, se classificou no sacrifício e agora tem pela frente a excelente seleção da Espanha, que teve 100% na primeira fase. A melhor seleção da competição, a Holanda, terá pela frente um adversário indigesto: a Rússia do holandês Guus Hiddink, que conhece, e muito bem, a seleção de seu país. A equipe de Hiddink jogou um grande futebol na primeira fase, especialmente hoje contra a Suécia: forte marcação no meio-campo, dinamismo nas trocas de passe e controle da posse de bola de forma inteligente e ofensiva. Nem é preciso comentar sobre a Holanda... Favoritíssima ao título.

domingo, junho 15, 2008

Espetacular, Espetacular

Ontem, a Espanha venceu a Suécia por 2 a 1, graças a um gol salvador de David Villa, o artilheiro da Euro com quatro gols, nos acréscimos. A Grécia. Ah, a Grécia... Jogou o futebol feio de praxe, perdeu para a Rússia por 1 a 0 e foi eliminada da competição. Com todo e devido respeito aos gregos, ainda bem que os atuais campeões saíram mais cedo, para o bem do nível do futebol que vem sendo apresentado no torneio.

Papo de comadres
Portugal foi derrotado para a Suíça por 2 a 0, em um jogo que serviu para que a torcida e o técnico da seleção anfitriã, Jakob Kuhn (de saída), fizessem a festa de despedida da equipe do torneio. Yakin, camisa 10, substituiu Alexander Frei, que se machucou no primeiro jogo do torneio. E como entrou bem na competição: marcou todos os três gols da Suíça na Euro, inclusive os dois de hoje sobre os lusitanos. Felipão escalou apenas três jogadores titulares e Portugal dá pouca importância para essa derrota. Eles já pensam nas quartas-de-final, onde possivelmente devem enfrentar a Alemanha.

'O' Jogo
Turquia e República Checa jogaram no mesmo horário de Portugal x Suíça e fizeram a melhor partida da competição, uma das mais espetaculares da história da Euro. Os checos entraram em campo como favoritos, precisando vencer. A vitória também interessava os turcos. Classificação para os oito melhores do torneio em disputa. E a República Checa abriu 2 a 0, primeiro com Koller, que resgatou a titularidade e testou para as redes no primeiro tempo; depois com o meia-esquerdo Plasil, na etapa final. A vaga estava na mão dos tchecos.

Mas a Turquia mostrou um fôlego impressionante nos minutos finais e virou o placar de forma inacreditável. Aos 29, Hamit Altintop lançou rasteiro para a esquerda, Arda Turan dominou e bateu no canto esquerdo. A República Checa cedeu espaço no campo de ataque e a Turquia pressionou até chegar ao empate. Altintop, em novo cruzamento, desta vez alto, colocou a bola na grande área, Cech não segurou e Nihat empatou o jogo (na foto, o inspirado Nihat: Getty Images). A virada aconteceria inevitavelmente, de novo com Nihat. Em jogada veloz pelo meio, Nihat recebeu de Turan, avançou até a entrada da grande área e chutou com violência no canto direito, a bola ainda explodindo no travessão antes de entrar. Nos minutos finais, a seleção turca perdeu seu goleiro, expulso por agredir um jogador adversário, e se segurou com Tuncay Sanli no gol.

A Turquia, em grande forma e com um futebol avassalador, mostrou um imenso poder de reação diante dos checos e vai para as quartas-de-final desejosa em surpreender novamente. A República Checa chegou a Euro com um grande time, mas amarelou como em 2006. Restauração, de elenco e de mentalidade, é a palavra de ordem na seleção checa.

sexta-feira, junho 13, 2008

Messias e Laranjas

Duas palavras que definem os destaques da Euro no dia de hoje. Dia de grupo C, o mais forte da Euro e também o das melhores partidas.

Itália e Romênia. Uma, goleada na estréia. A outra, esperançosa em conseguir outro bom resultado. As pretensões dos romenos foram mais contundentes. A azzurra jogou o futebol amarrado e saiu perdendo: gol de Mutu após falha de Zambrotta na grande área. Um minuto depois, aos 11 do segundo tempo, Panucci fez o dele, agora em falha da defesa amarela. Fim de jogo, empate ruim para a Itália e satisfatório para a Romênia. Panucci agarra Niculae nos limites da pequena área: pênalti. Desespero à italiana. Buffon, o Messias, defesa espetacular; bola na mão direita e no pé esquerdo. Mas a agonia ainda não acabou. Dia 17, a Itália precisa vencer a França para ter chances de vaga. E, simultaneamente, a Romênia, com chances, pega a Holanda, já classificada para a fase seguinte e melhor seleção do torneio.

França e Holanda. Ah, França... Jogo para esquecer. O placar todo mundo já sabe, a partida não necessita de comentários. Que Holanda! Dá até pra ousar comparar (e olha que não gosto muito de comparações históricas assim) esse time de Van Basten com aquele de Rinus Michels, vice-campeão da Copa de 1974. Obviamente, observação desmedida e um pouco eufórica. Mas essa Holanda, de toques rápidos, ataque dinâmico e fulminante, e miolo imponente, pode ir longe. Já classificada, pega a Romênia na última rodada, e deve poupar titulares. Chance para a Romênia, que timidamente pode chegar à segunda fase...

quinta-feira, junho 12, 2008

E a Euro melhora a cada rodada...

Ontem foi o dia mais movimentado da Eurocopa: Portugal fez um jogo equilibradíssimo contra a República Tcheca, mas contou com os passes inspirados de Deco para vencer por 3 a 1. Na sequência, Suíça e Turquia protagonizaram o primeiro confronto de desesperados, onde os turcos eliminaram os anfitriões por 2 a 1. Hoje os jogos do grupo B apresentaram a mesma dose de emoção de ontem...

A favorita Alemanha pegou a Croácia e foi surpreendida pelo futebol empolgante dos adversários. O time xadrez jogou no ritmo de seu técnico, o sempre agitado ex-jogador Slaven Bilic: meio-campo incansável nas inversões de jogo e frenético nas trocas de passe. O resultado: uma Alemanha defensivamente atordoada e 2 a 0 a favor dos croatas (na foto, falha de Mertesacker e Jansen e gol de Srna: AP). No segundo tempo, os germânicos melhoraram seu jogo, Ballack tomou as rédeas da partida e comandou o time ao ataque. Lukas Podolski diminuiu o placar, em um belo chute, seu terceiro gol no torneio. Mas não foi suficiente. A Croácia bateu a poderosa alemã, assegurou vaga nas quartas-de-final e promete surpreender ainda mais.

No segundo jogo do dia, a expectativa era de um jogo muito ruim entre Áustria e Polônia. Mas o certame acabou sendo interessante, principalmente por seu dramático desfecho. Os poloneses abriram o placar no primeiro tempo, através do meia brasileiro Roger, titular na partida de hoje. A Áustria foi pressionada pelos rivais e só não perdeu feio graças ao goleiro Macho. A eliminação batia à porta da seleção austríaca, até que Howard Webb apontou para o meio da área. O substituto Ivica Vastic, meia-atacante de 38 anos, converteu e se tornou o jogador mais velho a marcar na história da Euro. O vovô da Áustria fez história, mas não acredito que a organizadora do torneio faça o mesmo passando da primeira fase. Até porque o adversário na última rodada será a envergonhada Alemanha.

terça-feira, junho 10, 2008

Jogador(es)-decisão

Destaques individuais foram preponderantes para as vitórias de Espanha e Suécia no grupo D

Os jogos do grupo D movimentaram a terça-feira de futebol na Áustria. Primeiro, a Espanha goleou a Rússia por 4 a 1, com três gols do atacante David Villa, com um futebol de muito poder ofensivo. Mais tarde, a Suécia encarou a atual campeã Grécia e venceu por 2 a 0, graças ao primeiro gol de Ibrahimovic, que desmontou a retaguarda rival.

A Rússia começou muito bem o jogo diante da Espanha, tocando a bola no campo de ataque e mostrando qualidade técnica no contra-ataque. A Espanha mostrava um futebol parecido, mas a força de seus atacantes foi mais eficiente que a linha de frente russa. David Villa e Fernando Torres (foto: Getty Images) infernizaram a defesa adversária, e Villa marcou duas vezes no primeiro tempo. A Rússia não jogou mal, mostrou eficiência na marcação e força no ataque: logo depois do primeiro gol, acertou a trave do goleiro Casillas.

Mas a Espanha estava inspirada. No segundo tempo, recuou e esperou o erro da Rússia para sair no contra-ataque. E foi com essa tática que David Villa fez o terceiro dele e de sua seleção. Pavlyuchenko descontou para a Rússia aos 41, mas Fabregas, substituto de Torres, responderia em novo contra-ataque da Espanha, marcando seu primeiro gol pela fúria. Foi um jogo de dois times muito ofensivos e prevaleceu a qualidade do ataque espanhol, que contou com um David Villa inspirado. A Rússia jogou sem Arshavin, suspenso, que só poderá atuar no último jogo da primeira fase e Pogrebnyak, cortado da seleção por contusão. Mas o time de Guus Hiddink, apesar da goleada, mostrou um futebol interessante e deve batalhar por vaga contra Suécia e Grécia. E, pelo que foi visto na primeira rodada desse grupo, a Espanha deve se classificar sem maiores problemas.

No outro jogo do grupo, a atual campeã Grécia entrou em campo para enfrentar a Suécia, em Salzburg, na Áustria. Os gregos apresentaram o futebol retrancado e duro de sempre. E a Suécia tentou, desde o primeiro tempo, se aproximar da área rival, mas a barreira grega parecia intransponível. As poucas tentativas da Grécia no ataque eram criadas pelo lado direito, com as subidas do lateral Seitaridis, e pelo meio, quando Karagounis se arriscava como meia-atacante. O meio-campo sueco dominava o jogo, mas não conseguia distribuir bolas para os atacantes Larsson e Ibrahimovic, presos na retranca grega.

A solução era que um dos dois saísse da área para tentar trabalhar com mais liberdade a posse de bola. Zlatan Ibrahimovic fez exatamente isso: se deslocou da grande área para receber uma cobrança de lateral, dominou a bola, tabelou com Larsson e acertou um lindo chute de fora da área, no ângulo esquerdo do goleiro Nikopolidis (foto: Getty Images). A Suécia ainda marcou o segundo com o zagueiro Hansson, em uma lance de sucessivas trapalhadas da zaga grega. A Grécia não é mais surpresa, mas parece se comportar como uma: atua acovardada na defesa e joga no erro adversário. Joga como equipe pequena e, se continuar assim, não passa da chave de grupos. Já a Suécia, não foi brilhante, mas mostrou que pode fazer companhia à Espanha na próxima fase.

segunda-feira, junho 09, 2008

O previsível e o inesperado

As seleções do grupo B entraram em campo ontem e os resultados não foram nada mais do que já esperados. A Croácia jogou um futebol eficiente no primeiro tempo, abriu o placar graças ao pênalti convertido pelo bom meia Luka Modric e segurou a estabanada Áustria no restante do tempo. Os anfitriões, por sinal, mostraram um futebol de pouca qualidade e só vão cumprir tabela e agradar a torcida local nos próximos jogos.

A Alemanha pegou a Polônia, venceu por 2 a 0, e com gol de polonês. Podolski, o Melhor Jogador Jovem da Copa de 2006, fez o gols da vitória contra o país onde nasceu e comemorou timidamente. E é discretamente que a Alemanha joga nesta Euro: o futebol consistente e objetivo de sempre. Assim se vai longe.

Não pude os jogos de hoje mas, pelos resultados, houve surpresas no grupo C. A França apenas empatou em 0 a 0 com a Romênia, um início de competição que lembra muito a também decepcionante estréia no mundial de 2006: 0 a 0 com a Suíça. Esse era o jogo que deveria ter sido vencido. Contra Holanda e Itália, a França terá problemas. Resultado muito bom para a Romênia, que pretende incomodar. Itália e Holanda fizeram o grande jogo da Euro até agora. A seleção laranja arrasou a azzurra por 3 a 0 e figura como grande seleção do torneio. Ainda é cedo para arriscar qualquer palpite, mas o grupo C parece reservar surpresas interessantes (na foto, Nistelrooy comemora o primeiro gol da Holanda: Getty Images).

sábado, junho 07, 2008

Favoritismo confirmado

Sem vacilos na estréia, República Tcheca e Portugal venceram e reforçam a condição de favoritos do Grupo A

A abertura da Eurocopa aconteceu na Basiléia, uma das cidades mais importantes da Suíça. E os donos da casa, os suíços, enfrentaram a República Tcheca no jogo que deu início à competição. Mas a Suíça decepcionou e foi derrotada por 1 a 0 para a favorita República Tcheca.

Os tchecos jogaram um futebol contido no primeiro tempo, enquanto os suíços, empurrados pela torcida, atuaram de forma intensa, controlando a bola no ataque e sufocando os adversários. Mais presente no ataque, a Suíça chegava com facilidade pela direita, com Behrami, e também pelo meio, com o atacante Frei abrindo espaço na faixa central e organizando as ações ofensivas. Era uma seleção suíça apresentando um futebol de rara qualidade e eficiência. Mas Frei, artilheiro em todos os tempos de sua seleção e melhor atleta em campo, sofreu entrada dura do lateral-direito tcheco Grygera, e teve seu joelho esquerdo seriamente machucado. Saiu de campo aos prantos. Já era fim do primeiro tempo e o técnico colocou Yakin no lugar de Frei para o segundo tempo.

E o reserva camisa 10 entrou muito bem no jogo, mantendo a Suíça presente no ataque. A República Tcheca estava assustada e só se defendia. Karel Bruckner tomou iniciativa, tirou Jan Koller e lançou Vaclav Sverkos em campo. E o substituto acabou sendo o homem do jogo. Aos 25, a Suíça tentou sair em velocidade no contra-ataque, mas a República Tcheca rifou a bola para o ataque. A zaga do time da casa bobeou e deixou Sverkos sozinho na faixa direita da grande área. Ele dominou e concluiu na saída no canto direito (foto acima: GettyImages). Volanthen entrou na Suíça no segundo tempo e acertou uma bola no travessão. A República Tcheca venceu, mesmo jogando mal. E a Suíça precisa aprender a finalizar melhor se quiser passar da primeira fase.

Começo arrasador
Em Genebra, Portugal entrou em campo 45 minutos após o jogo da estréia, para enfrentar a Turquia. O time mais badalado da competição jogou um futebol de eficiência e qualidade, como já era esperado, diante de uma equipe turca muito retraída na defesa e de pouca criatividade no meio.

Os lusitanos atuaram de maneira vibrante desde o início da partida, mantendo os adversários no campo de defesa. Cristiano Ronaldo não fez uma grande partida, mas apareceu bem em alguns momentos do jogo, abrindo espaços nas alas e criando chances de gol. Mas o lado forte de Portugal foi o esquerdo, com Simão descendo ao ataque com velocidade. Deco também fez uma grande partida, fazendo lançamentos em profundidade e variando o jogo pelos flancos. Pepe chegou a abrir o placar para Portugal aos 16, de cabeça, mas o gol foi anulado por impedimento. E isso aconteceu por várias vezes no primeiro tempo, graças à inteligente linha de impedimento da defesa turca. A Turquia só visitava o gol de Ricardo quando dava. Emre atuou recuado, como segundo volante, e não pôde ajudar na organização de jogadas ofensivas. Melhor para Portugal, que intensificou o ritmo de jogo nos 10 minutos finais. Cristiano Ronaldo cobrou falta que explodiu na trave direita e as jogadas aéreas da equipe infernizaram a defesa turca. Os gols que faltaram na etapa inicial aconteceram no segundo tempo.

Aos 16, o zagueiro luso-brasileiro Pepe avançou pelo meio-campo, tabelou com Nuno Gomes e tocou na saída do goleiro. O elemento-surpresa de Portugal funcionou em uma belíssima construção ofensiva (foto acima: GettyImages). O segundo e último gol do jogo só saiu nos acréscimos. A Turquia ousou se lançar ao ataque e Portugal aproveitou. Ronaldo partiu com rapidez pela esquerda e tocou para Moutinho; na grande área, o meia girou, se desvencilhando da marcação, e deixou a bola livre para Raul Meireles finalizar o avassalador contra-ataque. Portugal jogou como um grande time, visivelmente favorito ao título.

sexta-feira, junho 06, 2008

Grupo D - Euro 2008

Grécia - Uma vez zebra...
Sempre zebra. Será? A Grécia apareceu para o mundo ao conquistar a Euro sobre Portugal, na casa dos lusitanos. Subiu da 35ª posição para a 14ª posição no Ranking da FIFA e ganhou reconhecimento internacional pela primeira vez. Mas, após o surpreendente título europeu, o futebol grego não se firmou no cenário mundial, e acabou ficando fora da Copa da Alemanha em 2006. Sorteados os grupos qualificatórios para a Euro 2008, a Grécia caiu em um grupo relativamente tranquilo, com apenas Turquia e Noruega como concorrentes. Terminou em primeiro, com apenas uma derrota (uma doída goleada sofrida em casa para a Turquia, por 4 a 1), e agora promete voltar a Euro com grande estilo. Dos convocados pelo técnico alemão Otto Rehhagel (desde 2001 no comando), 10 estiveram na campanha de 2004 e oito desses remanescentes foram titulares. O elenco é mais experiente e apresenta mais novidades, especialmente no ataque. Dos gregos ninguém pode duvidar.
Virtudes - O grande trunfo da Grécia está no banco de reservas: o experiente e vencedor técnico Otto Rehhagel. Antes de assumir a seleção grega, ele fez história no futebol alemão. Rehhagel é o único homem a ter no currículo mais de 1000 jogos como jogador e técnico na Bundesliga. E ele tem a disposição uma seleção grega melhor que a de 2004. Na zaga, Dellas (AEK) e Kyrgiakos (Eintracht Frankfurt) compõem o sistema preferido do treinador, que gosta de escalar dois homens fortes na defesa e liberar as laterais. Nas alas: Seitaridis (Atlético Madrid) na direita, e Torosidis (Olympiacos) na esquerda, apoiadores de muita força. Rehhagel gosta de um meio-campo experiente e que dê consistência defensiva ao time. Os volantes são os mesmos de 2004, com exceção do capitão daquela campanha, o agora aposentado Zagorakis: Basinas (Mallorca), o novo capitão e Katsouranis (Benfica). Mais adiantados, aparecem Karagounis (Benfica) e o bom organizador Giannakopoulos (Bolton). O homem-gol da Grécia em 2004 foi Charisteas (Nuremberg), atacante de qualidade discutível. Amanatidis (Eintracht Frankfurt) e Gekas (Bayer Leverkusen, artilheiro da Bundesliga em 2007, constituem opções mais interessantes. Mas a principal virtude da Grécia é o louvável espírito de equipe, alimentado pelo técnico Otto Rehhagel e abraçado por todo o elenco.
Fraquezas - Rússia e Espanha estão novamente junto com a Grécia na fase de grupos da Euro. Em 2004, as três seleções disputaram vaga na chave que continha também Portugal. Gregos e portugueses passaram para a segunda fase. Nesta Euro, a outra adversária da Grécia é a Suécia. Os adversários são fortes e a Grécia precisará da mesma inspiração que a fez campeã do torneio para passar de estágio. A seleção grega agora é muito mais observada do que antes, e já não possui o fator surpresa a seu favor.
Destaque individual - A Grécia não tem nenhum grande jogador, pois a grande qualidade do time é a força do elenco. Mas o experiente Stelios Giannakopoulos (foto: GettyImages/UEFA), de 33 anos, se sobressai pela rara qualidade técnica e capacidade de organização de jogo que possui. No Bolton, ele é quem geralmente inicia as jogadas de ataque e equilibra o meio-campo da equipe, seja distribuindo bolas aos laterais, seja carregando a posse de bola com cadência, para trabalhar as jogadas com mais tranquilidade. Ele é um meia que atua pelo meio e que aparece com qualidade pela direita; chuta bem de média distância e costuma marcar gols. Mas a última temporada na Inglaterra não foi das melhores. Sofreu três lesões, que não o deixaram atuar com regularidade. Mesmo assim, foi fundamental na parte final do campeonato, ajudando o Bolton a permanecer na divisão de elite do futebol inglês. E ele é peça fundamental para fazer da Grécia a 'zebra das zebras'.

Espanha - Agora vai! Ou não?
A 'fúria', como é conhecida a seleção espanhola, já há muito tempo recebe o intragável rótulo de amarelã. Sempre possui time excelentes, um bom comando técnico, mas nunca mostra, em campo, tudo aquilo que é dela esperado. Desta vez não é diferente: o time espanhol que disputa a Euro é fantástico, do goleiro ao atacante. Na última edição da competição européia, o time foi um fiasco, eliminado na primeira fase. E na Copa de 2006 perdeu para a França, de virada, nas oitavas-de-final. O falastrão técnico Luis Aragonés, que sai do comando da Espanha após a Euro, deixou grandes jogadores de fora dos 23, como os experientes atacantes Raúl e Morientes e outros nomes conhecidos como Baraja, Vicente, Reyes, Guti e Joaquin. Aragonés apelou para a renovação do elenco. E a Espanha espera que essa conduta leve a seleção ao bi da Euro.
Virtudes - Espanha uma equipe rica em jogadores criativos e habilidosos. Na lateral-direita, Sergio Ramos (Real Madrid) se destaca pela força, dedicação e pelos costumeiros gols de cabeça. A zaga é segura, conta com os regulares Pablo Ibañez (Atlético Madrid), Marchena (Valencia) e Puyol (Barcelona). Mas o porto-seguro da defesa é o goleiro Casilla Os bons destaques individuais fazem das (Real Madrid), capitão do time e um dos melhores do mundo. O meio-campo é repleto de grandes talentos: na proteção à zaga, os consistentes Xavi (Barcelona), Xabi Alonso (Liverpool), possíveis titulares, Albelda (Valencia) e o brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna (Villareal), que fez uma grande temporada no campeonato nacional; na criação de jogadas, aparecem como destaques os velozes e habilidosos Fabregas (Arsenal), Iniesta (Barcelona) e David Silva (Valencia). O ataque vai órfão dos experientes Raúl e Morientes, mas terá os eficientes Fernando Torres (Liverpool) e David Villa (Valencia).
Fraquezas - A Espanha tem talentos indiscutíveis, mas um elenco que não inspira muita confiança, principalmente no meio-campo. Apesar de não jogar um futebol de muita qualidade, venceu todos os quatro amistosos que fez esse ano, incluindo vitórias contra Itália e França, ambas por 1 a 0. Há muitos destaques individuais, mas pouca consistência e padrão de jogo, coisa que Aragonés não conseguiu dar a Espanha em todo o qualificatório, onde a equipe terminou em primeiro de seu grupo. O desempenho da fúria na Euro é uma verdadeira incógnita.
Destaque individual - A melhor coisa que aconteceu na carreira de Fernando Torres (foto: AFP) foi a sua transferência para o Liverpool. Em sua temporada de estréia, marcou 24 gols na Premier League, se tornando o debutante estrangeiro com mais gols na história do futebol britânico. Com apenas 24 anos, já tem mais de 40 jogos com a camisa da Espanha e tornou-se o principal jogador do time. Junto com Fabregas e Xavi, pode fazer da seleção espanhola um time realmente competitivo na Euro.

Rússia - De volta ao ringue
Guus Hiddink chegou ao comando da Rússia com um currículo internacional altamente respeitável: foi multicampeão com o PSV Eindhoven, levou Holanda e Coréia a semifinais de Copa e recolocou a Austrália num mundial depois de 32 anos, liderando o time até às oitavas. Uma carreira fantástica. E a Rússia o contratou para voltar às competições de grande porte, após o fracasso nas Eliminatórias para a Copa de 2006. A seleção russa precisava de um estrangeiro com experiência no comando. Hiddink colocou o time nos trilhos e classificou a Rússia para a Euro 2008, mesmo estando em um grupo difícil: Inglaterra, Croácia e Israel eram concorrentes diretos por vaga. E o time joga no melhor estilo Hiddink: consistente na defesa e rápido na frente. É assim que a Rússia pretende passar da primeira fase e aparecer com força na fase final.
Virtudes - Um técnico inteligente, que sabe utilizar as peças que tem com sensatez, e um elenco equilibrado. Os grandalhões irmãos Berezutski (CSKA), Vasili e Aleksei, forma uma zaga excelente, que permitiu apenas sete gols no classificatório. Ignashevich (CSKA) e Anyukov (Zenit) também são ótimas e seguras opções. No meio, o destaque são os meias ofensivos, que atuam muito bem nas alas: Bystrov (Spartak Moscou) na direita e Zhirkov (CSKA) na esquerda. Arshavin (Zenit) é o craque do meio-campo e capitão da equipe, um dos principais responsáveis por levar o Zenit ao título da Copa da Uefa. O ataque conta com dois notáveis destaques: Pavlyuchenko (Spartak Moscou) e o artilheiro da Copa da Uefa pelo Zenit, Pogrebnyak. A Rússia tem boas condições de fazer frente a Suécia, Espanha e Grécia na fase de grupos.
Fraquezas - Hiddink vem fazendo um ótimo trabalho de renovação na seleção russa desde que entrou. Dos 23 que vão disputar a Euro, apenas um joga fora do futebol russo, o volante Saenko, que atua no Nuremberg, da Alemanha. A falta de experiência de parte do elenco pode pesar, apesar de que os times russos têm mostrado força nas competições européias. Para passar da primeira fase, a Rússia realmente deverá jogar seu melhor futebol contra seus concorrentes.
Destaque individual - Andrei Arshavin (foto: Sport Express), de 27 anos, é um jogador atípico do futebol russo. Possui um toque de bola diferente, tranquilidade de grandes meias europeus e sabe atuar como um perfeito segundo atacante, chegando de trás com cadência e colocando o centroavante em condições de finalizar livre de marcação. Quem acompanhou o Zenit São Petersburgo na Copa da Uefa sabe da qualidade desse jogador. Arshavin joga um futebol simples, mas muito técnico, objetivo, mas bonito de se apreciar. Hiddink e a Rússia precisam dele inspirado nesta Euro.

Suécia - Falta algo
Lars Lagerback tem feito um trabalho bastante regular na seleção sueca. Desde 2000, o ano em que chegou ao comando da equipe, levou a Suécia a todas as competições importantes possíveis: três Eurocopas e duas Copas do Mundo (dividiu o comando da seleção até 2004 com Tommy Söderberg, o antigo técnico). Um feito inédito de um técnico da seleção sueca, cinco classificações consecutivas. Mas a Suécia sempre é coadjuvante nas competições que disputa, faz parte daquele chamado 'segundo escalão' do futebol europeu. O atual time sueco manteve a mesma base daquele que foi ao mundial 2006: 17 jogadores estiveram na Alemanha, quando a Suécia caiu diante dos donos da casa nas oitavas-de-final. Mais do que regularidade, a seleção amarelo-azul necessita de força contra as equipes maiores. No grupo D, a Suécia deve brigar com a Espanha pela liderança. E não pode vacilar contra Grécia e Rússia.
Virtudes - Um time experiente, com jogadores de bagagem internacional e acostumados a atuar em jogos pela seleção. O poder da Suécia reside no compacto, seguro e competente meio-campo, que permaneceu imutável desde a Copa de 2006: na proteção à zaga estão Tobias Linderoth (Galatasaray), Sebastian Larsson (Birmingham) e Niclas Alexandersson (Goteborg). Os destaques na organização de jogadas são Kim Kallstrom (Lyon) e Fredrik Ljungberg (West Ham). O ataque titular deve ser formado por Henrik Larsson (Helsingborg), que retorna à seleção, e o sempre perigoso Zlatan Ibrahimovic (Internazionale). Rosenberg (Werder Bremen), Elmander (Toulouse) e Allback (Copenhagen) constituem boas opções no banco. A Suécia pode fazer bonito nessa Euro e ao menos repetir a campanha de estréia em 1992, quando chegou à semifinal. Aquele time de 16 anos atrás formou a base da Suécia que terminou em terceiro na Copa de 1994.
Fraquezas - A Suécia se classificou para a Euro ao terminar em segundo no qualificatório. Ficou dois pontos atrás da Espanha, que será novamente adversária na chave de grupos da competição. E a Suécia, pelo elenco e pela consistência apresentada na eliminatória, deve disputar diretamente com a Espanha a liderança do grupo. Resta saber se conseguirá mostrar algo mais nesta Euro, coisa que tem faltado para que a equipe faça, de verdade, uma campanha respeitável.
Destaque individual - Zlatan Ibrahimovic é considerado um dos melhores atacantes da Europa. É goleador e dotado de rara habilidade e velocidade. Na Itália, tem sido o melhor jogador da Internazionale, responsável por fazer os gols do tricampeonato dos nerazzurri. Em 2008, atuou pouco, sofreu com contusões, mas deve chegar a Euro em sua melhor forma. Pela Suécia, no entanto, não tem jogado com regularidade. O principal problema da seleção tem sido a falta de qualidade do ataque, que tem falhado quando não deveria. Ibrahimovic precisa resgatar a boa forma do IbrahimovInter e comandar o ataque sueco na Euro.

segunda-feira, junho 02, 2008

Grupo (da morte) C - Euro 2008

Holanda - Sempre favorita
Em todas as competições que a Holanda participa os comentários são os mesmos: o time é favorito, tem um elenco forte, experiente e tradição internacional. E são todos bem verdadeiros. A Holanda sempre montou equipes muito competitivas, chegou a duas finais de Copa do Mundo, em 1974 e 1978, na era da Laranja Mecânica, e se consagrou como grande seleção européia vencendo a Euro 1988, liderada pelo goleador Marco Van Basten e companhia. Vinte anos depois, Van Basten, agora técnico, quer fazer da Holanda a melhor da Europa novamente. O ex-centroavante chegou ao comando da seleção rodeado de muitas dúvidas, mas conseguiu montar um time consistente e classificar a Holanda para a Euro, como segunda colocada do grupo G, atrás da Romênia.
Virtudes - As excelentes opções para o meio-campo e ataque, que possibilitam a Van Basten montar uma poderosa linha ofensiva (terá de funcionar contra França e Itália na fase de grupos). Para as meias: Van der Vaart (Hamburgo), Sneijder (Real Madrid), o rodado Seedorf (Milan) e Arjen Robben (Real Madrid). Para o ataque: o goleador Van Nistelrooy (Real Madrid), o esforçado Dirk Kuyt (Liverpool), Van Persie (Arsenal) e o excelente atacante Huntelaar (Ajax). Klaas-Jan Huntelaar, de 24 anos, já foi artilheiro da Liga Holandesa (Eredivisie) duas vezes, tem pinta de centroavante, mas pode atuar pelas laterais do ataque e como segundo atacante. Apesar das ótimas opções, Van Basten não contará com Ryan Babel (Liverpool), de 21 anos, jogador que teve seu tendão de aquiles lesionado durante um treino em seu clube.
Fraquezas - Desde que Van Basten assumiu a Holanda, depois do fracasso de Dick Advocaat na Euro 2004, a seleção foi renovada. Dos 23 convocados de Van Basten, 9 estiveram na última Eurocopa. E a falta de experiência em grandes decisões do jovem elenco pode pesar ainda na primeira fase, quando a Holanda enfrenta Itália, França e Romênia, rival na fase eliminatória da competição.
Destaque individual - O grandalhão Van Nistelrooy (foto: BBC) é a principal arma de Van Basten para vencer o estágio de grupos e chegar com força na fase final. O holandês, de 31 anos, é experiente e artilheiro. Tem 31 gols pela seleção nacional e está a apenas nove do recordista, Patrick Kluivert. E ele espera que seus companheiros de ataque o ajudem a passar por Itália e França, adversários de peso logo no início da campanha.

Itália - Experiência e tradição
A esquadra azzurra, junto com a Alemanha, é a seleção mais tradicional do continente europeu. Já venceu quatro Copas do Mundo (1934, 1938, 1982 e 2006), uma Eurocopa (1968) e, não importa qual seja o torneio ou a moral do elenco, sempre chega como favorita. É o peso da tradição e da experiência histórica em torneios importantes. Em 2006 foi assim. A Itália chegou ao mundial abalada pelo escândalo do apito, com um time já bastante experiente e de qualidade duvidosa. Mas, no decorrer da campanha, mesmo sem jogar um futebol brilhante, atuou de maneira competente e objetiva, e conquistou seu quarto título mundial. Mesmo com a saída de Marcelo Lippi, após o tetra, a seleção italiana mudou pouco: 13 jogadores que vão a Euro participaram do mundial em 2006, a maioria como titulares. A base ainda é a mesma, a tradição e a energia também permanecem imutáveis.
Virtudes - O elenco experiente e competente, acostumado a decisões e a jogos difíceis. A consistência defensiva foi mantida, com Materazzi (Internazionale) e Cannavaro (Real Madrid) na zaga; Zambrotta (Barcelona), o mítico Grosso (Lyon), Chielini (Juventus) e Panucci (Roma) são opções eficientes nas laterais. No meio, não há nenhum grande meia de ligação, mas bons marcadores que sabem sair jogando com qualidade (exceto Gattuso e Ambrosini, do Milan, com todo o respeito): Aquilani (Roma), Pirlo (Milan), Perrotta (Roma), De Rossi (Roma) e Camoranesi (Juventus). O ataque também é forte e conta com o goleador Toni, que vem de uma sensacional temporada pelo Bayern de Munique. Del Piero (Juventus) também marca presença entre os homens de frente.
Fraquezas - Talvez a tática de usar jogadores experientes não funcione desta vez. França e Holanda vão para a Euro com elencos rejuvenescidos e podem complicar as coisas para a azzurra. As ausências de Nesta (Milan), machucado, e Totti (Roma), aposentado da seleção, serão bastante sentidas.
Destaque individual - Nada de Cannavaro ou qualquer outro defensor. O destaque da atual Itália é um grande atacante, no tamanho e na qualidade: Luca Toni (foto: GettyImages/UEFA). Ele fez excelentes temporadas por Palermo e Fiorentina e agora é o principal atacante do futebol alemão, jogando pelo Bayern de Munique. Toni é forte, tem um excelente cabeceio, sabe sair da área para tabelar com os meias e é habilidoso com a bola no chão. Símbolo de eficiência e muitos gols, tudo o que a Itália precisa para conquistar a Euro 2008.

França - Primeiro desafio na era pós-Zidane
Desde a Copa de 1998, os les bleus tem aparecido com destaque em todas as competições que participa. Acumulou alguns fracassos, como no Mundial de 2002 e na Euro 2004, mas chegou com um enorme favoritismo em todas as disputas. Venceu a Copa de 1998 e foi vice em 2006, e conquistou o bi (o primeiro foi em 1984, na Era Platini) da Euro 2000. Mas o símbolo da seleção francesa deixou os campos após o vicecampeonato de 2006 e a famosa cabeçada em Materazzi. Desde então, a França busca uma nova identidade e a tem encontrado na renovação de peças. Vários jogadores experientes se manteram no elenco, mas Domenech, pouco a pouco, constrói uma seleção forte e com a mesma competitividade que, há uma década, recolocou a França no bloco das grandes seleções européias.
Virtudes - O elenco consistente, que mistura juventude e experiência. Thuram (Barcelona), Gallas (Chelsea), Makelele (Chelsea), Vieira (Internazionale), Anelka (Chelsea) e Henry (Barcelona) são remanescentes da geração passada e os pontos de equilíbrio tático e mental de um elenco bastante diversificado. A renovação começa no gol: Coupet (Lyon), que ficou furioso em 2006 por não ser o titular da seleção, agora terá sua chance em um torneio importante. Na zaga, as novidades são o seguro lateral-esquerdo Abidal (Barcelona), o bom zagueiro Boumsong (Lyon) e o lateral-direito Clerc (Lyon), que deve ser reserva de Sagnol (Bayern). Evra (Manchester United) não é mais uma jovem promessa, mas passou a ser convocado recentemente pelas boas partidas que tem feito em seu clube. No meio, Raymond Domenech foi obrigado a deixar bons jovens jogadores de fora em detrimento de montar um miolo mais consistente. Flamini (Arsenal) e Ben Arfa (Lyon) foram os preteridos. Aparecem com destaque, entre as novidades, o volante Toulalan (Lyon) e o meia Nasri (Olympique de Marselha). Mas Ribery (Bayern), o melhor meio-campista ofensivo da Bundesliga, continua sendo fundamental. No ataque, o grande destaque é Karim Benzema (Lyon), de apenas 20 anos, o artilheiro da última temporada da Liga Francesa e eleito o Jogador Francês do Ano. Não à toa, o Lyon renovou seu contrato até 2013.
Fraquezas - A Eurocopa será o primeiro grande desafio da França pós-Zidane. No qualificatório, o time encarou a Itália e se classificou em segundo. Mas foi por pouco. Terminou apenas dois pontos à frente da Escócia, que venceu os les blues nos dois confrontos entre as duas seleções. E a Itália será novamente adversária da França, agora na Eurocopa. Grandes desafios esperam a França logo na chave de grupos da Euro.
Destaque individual - Thierry Henry (foto: SkySports), 99 jogos e 44 gols pela França, o maior artilheiro da história da seleção, e um passado de maravilhosas lembranças com a camisa azul. Mesmo com um futebol que deixou a desejar no Barcelona, ele é a principal esperança da França na Eurocopa. Mas precisa resgatar o espírito de decisão e o futebol de qualidade que tanto o fizeram famoso.

Romênia - Possível zebra da vez
Os romenos fizeram uma campanha irrepreensível no qualificatório: 29 pontos, 9 vitórias, apenas uma derrota e 7 gols sofridos. E o grupo não era dos mais fáceis, pois Holanda e Bulgária também lutaram por vagas. Com um time organizado taticamente, forte na defesa e com destaques individuais no ataque, a Romênia se classificou em primeiro em seu grupo eliminatório e agora avista um enorme desafio na Euro: conseguir uma vaga para as quartas-de-final em um grupo com Itália, França e Holanda. A Romênia tem lá suas qualidades, mas é um time bastante inferior aos outros três, tanto em experiência quanto em virtudes técnicas. Mas zebras sempre aprontam... Basta olhar para a Grécia na última edição do torneio, que se classificou em um grupo que tinha Portugal e Espanha, e foi campeã vencendo os anfitriões lusitanos. Em 2000, a Romênia foi quase-zebra. Também caiu em um chamado 'grupo da morte', com Portugal, Inglaterra e Alemanha. Mas, nas quartas-de-final, o não aguentou a Itália, futura finalista daquele ano. Nesta Euro, a Romênia fará de tudo para ser rotulada, agora sim, de zebra.
Virtudes - O eficiente sistema de jogo montado pelo técnico Victor Piţurcă, adepto do rodízio nas escalações. A defesa é segura, com destaques para o zagueiro Christian Chivu (Internazionale), que sabe sair jogando com qualidade, e o lateral-direito Cosmin Contra (Getafe). O cérebro criativo do time é o meia Nicolae Dica (Steaua Bucareste), um jogador que sabe jogar pelas laterais e que, quando preciso, consegue atuar como atacante. O ataque também merece referência, e conta com Adrian Mutu (Fiorentina) e Ciprian Marica (Stuttgart).
Fraquezas - Os tricolorii têm um bom elenco, capaz de passar da fase de grupos. Mas com Itália, França e Holanda como adversários, o time terá de jogar um futebol surpreendente para conseguir uma vaga nas quartas. Repetir a campanha de 2000 já será um feito impressionante.
Destaque individual - Controverso, brigão, polêmico. Esse é o perfil do craque romeno do momento: Adrian Mutu. O atacante teve sua vida mudada depois de sua passagem pelo futebol inglês, há quatro anos. Chegou ao Chelsea depois de ser considerado um dos melhores estrangeiros do futebol italiano, jogando pelo Parma. Na Inglaterra, perpetuou o sucesso, até que foi pego em exames clínicos pelo uso de cocaína. Saiu praticamente a pontapés do clube e ficou sete meses fora dos gramados. Foi recebido novamente na Itália, onde era muito querido, e jogou uma temporada na Juventus. Mas só reencontraria o bom futebol na Fiorentina, que o contratou por 8 mi de euros em 2006. Depois do mito Gheorghe Hagi, Adrian Mutu se tornou símbolo da Romênia, que confia nele, remanescente de 2000, para impressionar na Euro (foto: GettyImages/UEFA).