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terça-feira, julho 28, 2009

Muita gente mudando de grama

O movimento de mercado neste verão europeu tem sido intenso. Grandes nomes trocaram gramados conhecidos por outros mais verdinhos e mais atraentes. A crise, que vem perdendo força desde o fim do primeiro quadrimestre, não mexeu no bolso de cartolas, empresários e clubes Europa afora, e todo mundo pôde ir às compras calmamente. Abaixo, pitacos sobre algumas idas e vindas de atletas (e tenho que ir rapidinho porque posto de computador alheio; casa em reforma = internet racionada por duas semanas):

- Kaká e Cristiano Ronaldo já treinam juntos e sorridentes. O comportamento poderá mudar durante a temporada, isso se o Real Madrid não contratar beques/volantes decentes. Perdeu Cannavaro para a Juventus e trouxe apenas Albiol, vindo do Valencia. É pouco. O Marca de hoje estampou: o Liverpool deu um ultimato ao clube espanhol em relação a Xabi Alonso. Florentino Pérez tem 48 horas para transferir 30 milhões de euros ao clube inglês. O valor pedido pelos reds chegava a 41 milhões. O Real Madrid oferecera 27. Acho que leva.

- Na Catalunha, 50 mil torcedores prestigiaram a chegada de Ibrahimovic ao Barcelona. O custo: Hleb (emprestado por uma temporada) + Eto'o à Inter. As cifras de Zlatan chegam a 66 milhões de euros, a maior negociação na história dos blaugranas e a terceira maior do futebol. O Barça sempre quis vender Samuel Eto'o, isso é inegável. Ao menos, na conversa com a Inter, levou Ibra (e Maxwell), um craque que estava ávido para jogar na Espanha.

- Na Itália, Diego chegou já assumindo responsabilidades enormes. Cobra-se dele, no mínimo, o futebol de altíssima qualidade apresentado no Werder Bremen. A diferença, aqui, é que ele terá volantes para protegê-lo e excelentes atacantes para servir. E eu não sei não, viu... Nedved se aposentou, Felipe Melo chegou, e a diretoria mira Pandev, da Lazio. Mesmo sem grandes estrelas, a Juventus deverá chegar com força na próxima temporada. A Inter perdeu Figo (aposentadoria), Julio Cruz (pretendido pela Roma), Crespo (Genoa), além de Ibra e Maxwell (Barça). Exceto Eto'o e Hleb, contratou brasileiros para várias posições: Lúcio, Thiago Motta e Kerlon, para zaga, meia e ataque. Mourinho sorri sério, esperava mais de Moratti. Deco alegraria o português. O Milan é aquilo de sempre. De interessante, conseguiu apenas o zagueiro ex-Fluminense Thiago Silva e a efetivaçao de Leonardo na direção técnica. Perdeu Maldini (aposentadoria), Shevchenko (retornou ao Chelsea após empréstimo), Beckham (voltou para o Galaxy), Kaká, acertou a saída de Emerson e devolveu Senderos ao Arsenal. Medíocre.

- No Manchester United, sai Cristiano Ronaldo e entra Michael Owen. Isso mesmo! É a contratação-bomba do verão europeu. Espero que dê certo, porém. Na Inglaterra, quem dá as cartas no mercado é o endinheirado Manchester City. Já tirou Tévez do rival United, Adebayor do Arsenal (e está prestes a assinar com o também gunner Touré) e Roque Santa Cruz do Blackburn. O City contrata como clube grande, mas ainda precisa provar, em campo, que sabe jogar futebol com a grandeza de seus rivais tradicionais.

quarta-feira, julho 15, 2009

E não é que deu Estudiantes?

Os 4 mil torcedores do Estudiantes (AP/Clarín) que foram ao Mineirão viram o clube argentino conseguir o tetra da Libertadores em cima de um Cruzeiro irreconhecível

São 22h48. Escrevo rapidamente sobre o primeiro tempo para dar tempo de acompanhar o segundo desde o apito inicial. O Cruzeiro parece ter esquecido a frieza e a concentração em La Plata. Jogou nervosamente, distribuindo faltas desnecessárias, xingamentos ao juiz Carlos Chandía e só. O futebol vistoso e fluido, de passes rápidos, viradas de jogo imprevisíveis e poderosa presença ofensiva fez falta.

O Estudiantes jogou aquilo que sabe: desarmou na intermediária, especialmente com o bom Pérez, e arriscou sem muita precisão. Mas arriscou, trocou passes à frente da grande área e, na minha conta mental, teve duas oportunidades de quase-chance-de-gol. Quase-chance porque os cruzeirenses seguraram o ímpeto final dos argentinos. E o fim dos primeiros 45 minutos ainda foi de tensão, cartões amarelos e nervosismo dos cruzeirenses. Apesar das imbecilidades nacionalistas proferidas pelos comentaristas globais, o Cruzeiro bateu demais e jogou pouco.

23h05, segundo tempo a começar. 23h54, termina o jogo, Estudiantes, tetracampeão da Libertadores. E o que terá acontecido ao Cruzeiro? Aos 6', Henrique, homem fundamental na eliminação do São Paulo, abriu o placar. O título parecia questão de tempo. Mas então, Verón efetua um passe incrível a Cellay. Ele avança, cruza e gol de Fernández, aos 11'. O coro mineiro esboça vaias. Aos 27', Boselli, depois de cruzamento do capitão, o homem de meias frouxas, marca e vira.

O Estudiantes, como definiu o portal do diário argentino Clarín, foi um leão em campo. Levou o gol e revidou com velocidade e gana, ainda mantendo a retaguarda protegida. Tentativas cruzeirenses malfadadas de empatar, com Wagner, Kléber e Ramires absortos, e o título foi para os argentinos.

O Cruzeiro chegou ao Mineirão com jeito de campeão, depois de um empate excelente obtido em La Plata. Em casa, porém, faltou futebol, prudência, equilíbrio, faltou repetir o futebol que levou o time até a final.

Como cantou precisamente o Carlão no Twitter, depois do fim: Mineiranazzo.

quarta-feira, julho 08, 2009

A lucidez faz o título

Em jogo previsivelmente tenso, a sobriedade do Cruzeiro prevaleceu sobre a afã do Estudiantes

De recesso da faculdade e recém-saído (por desejo meu) do estágio, tempo de sobra para descanso, filmes e futebol. E como não tenho paciência para acompanhar os movimentos do mercado da bola diariamente, vou de final de Libertadores mesmo.

La Plata, papéis vermelhos picados e a névoa provocada pelos rojões: profecia de sufoco para o Cruzeiro. Mas o primeiro tempo não foi bem assim. Salvo um lance de destreza na cobrança de falta de Verón, no qual Fábio desviou bonito, o Estudiantes jogou com a bola nos pés nos primeiros quinze, vinte minutos (estava finalizando o parágrafo quando lembrei: o goleiro ainda faria outra bela intervenção aos 18'). E só isso, com a bola nos pés e alguns lançamentos mal sucedidos a Boselli e Fernández.

O Cruzeiro jogou sagazmente, utilizando o incrível Ramires na saída de bola altamente qualificada, em ambos os lados do campo. A bola circulou melhor à esquerda, com Gerson Magrão se impondo diante de Cellay e Kleber se encavalando no meio de Desábato e Schiavi, dois beques que inspiram poquíssima confiança. A equipe mineira jogou bem até os 35, no entanto, não exigiu defesas de Andújar. O Estudiantes retomou a confiança nos derradeiros dez minutos e só não marcou pela incompetência de Fernández, que, no território da grande área, mostrou um espírito de indecisão e hesitação incrível, em duas oportunidades de gol que não devem ser desperdiçadas em uma final como essa. Ainda houve tempo para Fábio segurar outro grande chute de Verón. O relógio já acusa 23h10. Segundo tempo a caminho.

00h02. Uau, que jogo! E um Cruzeiro mais sereno do que este é impossível. Jogou com a segurança que os times brasileiros não costumam ter em território argentino. Fábio (EFE/Globoesporte.com) foi sensacional novamente, com duas aparições essenciais no início da segunda parte da partida e saindo da meta com rara segurança. Wagner, Kléber, Ramires, Wellington Paulista? Jogaram bem, especialmente no segundo tempo, no qual o Cruzeiro foi preciso no ataque; porém, o melhor brasileiro, depois do goleiro, foi Gerson Magrão, este, lateral que jogou com bravura, vontade e apresentou boa técnica. Foi no lado dele, o esquerdo, de onde surgiram as melhores ocasiões ofensivas do conjunto mineiro. Ao Estudiantes, sobrou vontade e insistência, mas faltou criatividade. E ela, certamente, não encontra-se em Verón que, apesar de ser um dos volantes mais dinâmicos que a Argentina já teve, apresenta-se levemente desajeitado à frente, com seu par de meias à meia-perna.

Depois do insucesso dos argentinos em La Plata, a festa, é provável, deverá ser brasileira-mineira no saltitante estádio Mineirão.

Arre, como eu sou ruim pra título! Terminei o texto às 00h12 e só consegui achar um às 00h18. 00h20, aliás.

quinta-feira, julho 02, 2009

O troféu da simplicidade

Em jogo confuso e violento, Corinthians empata com o Internacional no Beira-Rio e levanta o tricampeonato da Copa do Brasil com um futebol humilde e competente

O Internacional vinha entrando em campo com uma dose de pedantismo desde as quartas-de-final, quando, por pouco, não perdeu a vaga em casa para o Flamengo. Com insucessos nas últimas semanas, nesta noite de finalíssima a equipe de Tite entrou nervosa, desconcentrada e apressada. O Corinthians de Mano, lúcido, seguro e confiante. E foi com uma equilibrada mistura entre vontade e sobriedade que os atuais vice-campeões abriram 2 a 0, com Jorge Henrique e André Santos (à esquerda: Agência Lance), o lateral titular nos últimos dois jogos da Seleção e o melhor corintiano da partida. Em tempo antes do fim da etapa inicial, Nilmar esbarrou no goleiro Felipe em três lances. (No primeiro, uma das defesas mais bonitas que vi na vida! Uau!).

O segundo tempo foi morno até pouco mais de sua metade, quando Alecsandro marcou dois gols de cabeça e deu um fiozinho de esperança à torcida do Inter. Parecia que o jogo ficaria bonito de novo, mas eis que D'Alessandro, ao ver Cristian simulando contusão para fazer o tempo passar, arruma confusão com William, e o imbróglio iniciado pelo argentino se arrasta por longos cinco minutos. Aliás, os jogadores do Inter mostravam-se com os ânimos desenfreados desde o início de jogo, censurando o bom e correto juiz Ricardo Marques Ribeiro a cada bola dividida que terminava em lateral sinalizado a favor do Corinthians.

No fim, seis minutos de acréscimo, mais uma espetacular defesa de Felipe em cabeçada de Índio (?), chance desperdiçada por Ronaldo e Corinthians, indiscutível e merecidamente, tricampeão da Copa do Brasil. Os gaúchos pecaram pela arrogância, como o próprio Corinthians no ano passado, na perda do título para o Sport, e os paulistas foram abençoados pela nunca excessiva humildade.

Em ano de centenário do Inter, festa do time que comemora um século de existência no ano que vem. E nada melhor do que celebrar 100 anos jogando o torneio entre clubes mais importante das américas.