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domingo, junho 28, 2009

Um penta faz o gol do tri

Luis Fabiano fez dois, mas foi do capitão e pentacampeão Lúcio o gol que deu ao Brasil o tricampeonato da Copa das Confederações

Um Brasil descansado, preguiçoso e pretensioso. Esse foi o comportamento da seleção de Dunga no primeiro tempo. Com Kaká e Robinho bem vigiados, restou a Felipe Melo arriscar alguns chutes de fora da área, a Luis Fabiano tentar buscar a bola na meia-lua, e a André Santos e Maicon incessantemente fazer cruzamentos. A posse de bola esteve na maior parte do tempo com o Brasil. Mas os Estados Unidos, em dois lances rápidos, atacaram com eficiência e marcaram, com Dempsey e Donovan. Jogaram como na semifinal, diante da Espanha: oito, nove homens à frente da grande área, como uma linha defensiva de futebol de bola oval, e saída veloz em direção ao gol adversário.

Mais, eis que nos primeiros segundos da etapa final, Luis Fabiano domina passe de Maicon com a direita, gira e bate com a esquerda, no limite de grande área. Um belo gol. E ele sai com os braços abaixados, firmes, e verbalizando motivação a todos os brasileiros. O time, porém, parece não ter entendido o recado de Fabiano. Até que em descida de rara inspiração pela esquerda, Kaká cruzou à meia altura, Robinho, mal no jogo, acertou o travessão, e Fabiano completou de cabeça. A virada estava próxima. E veio por meio do melhor brasileiro neste torneio. Elano bateu escanteio longo da direita e Lúcio, o Valente, cabeceou com vigor, com olhos fechados, no canto esquerdo do goleiro.

A direção consolidada de Dunga, Jorginho e comissão técnica, a liderança de Lúcio em campo e a eficiência de Luis Fabiano foram fundamentais para este triunfo. Daqui a pouco menos de um ano, o Brasil voltará à África do Sul em busca de apagar o insucesso de 2006. Desta feita, é o que parece, sem badalação, glamourização das estrelas ou frivolidades afins. E é assim que se ganha uma Copa do Mundo.

quinta-feira, junho 25, 2009

Não consigo achar título apropriado

É sempre assim. Vindo do estágio para casa de ônibus, começo a montar o texto na minha cabeça. Depois do banho, é só sentar e teclar. Hoje foi diferente. Cheguei e fiquei meio abobalhado com as notícias da morte de Michael Jackson. Nunca fui fã dele, sempre o achei uma aberração do mundo da música, uma vítima do sucesso precoce... mas é impossível não curvar-se diante de tudo aquilo que ele fez à música, pop ou não. Imortalizou-se com Thriller, o clipe perfeito digirido pelo meu diretor favorito, Martin Scorsese, e ainda hoje embala imitadores que reproduzem a torto e a direito o moonwalk.

"Louco, visionário. Basta pensar nele e já ouço o grito de guerra - Thriller! E os passos. Moonwalker, o passante da lua". Merten - em http://bit.ly/Kr4vs - definiu MJ perfeitamente.

Não dá nem pra falar direito do jogo da seleção brasileira, cujo resultado me foi informado por um urro abafado de "gol!" vindo do lado de fora da janela do segundo andar onde trabalho todo dia. Vendo os melhores momentos, digo apenas que Dunga, a despeito de qualquer crítica que ainda possa vir a tragá-lo até 2010, tem o time nas mãos. Substituiu corajosamente Dani Alves no lugar de André Santos, sendo que o atleta que veio do banco é lateral direito inflexível: não sabe usar a esquerda. Dunga, sagaz, deve ter optado por ele exatamente pela proximidade do fim do jogo, que sempre é tenso e frequentemente reserva bolas paradas. Ramires foi abatido perto da área. Kaká sussurrou, ninguém se aproximou da marca da falta: a bola era toda de Daniel Alves. O baiano, sempre com a fronte cerrada, fez bonito. É Brasil na final, diante da seleção que evitou o confronto que todos esperavam entre brasileiros e espanhóis. E, quer saber, acho que dá Brasil fácil.

quarta-feira, junho 24, 2009

Yes they can!

Estados Unidos saem das cinzas de uma primeira fase apagada para afundarem a invencível (risos) Espanha na semifinal

Toda competição oficial de futebol, seja ela da ordem de FIFA, UEFA, Conmebol ou mesmo da longínqua Federação Islandesa (que deve ter lá seu futebol mais ou menos padronizado), reserva episódios em que grandes equipes vêem-se (sim, aqui não se obedece, pelo menos até 2012, ao Acordo) em situações canhestras, e equipes modestas vêem-se elevadas ao patamar de vencedoras (ainda que de apenas uma partida).

Nesta feita, quando a África do Sul sedia a versão miniaturizada da Copa do Mundo, a Copa das Confederações, o Egito, após as duas primeiras rodadas, era candidatíssimo a amador-sensação da vez. Derrota com ar de empate para o Brasil e vitória faraônica em cima da Itália, com direito à noite de fama tutankamônica do elástico (sortudo?) goleiro El Hadary. Sortudo porque, na rodada derradeira, o até então intocável amador Egito cede três gols, perde o jogo, a vaga, e a fama conquistada em cima dos penta e tetracampeões diante de uma seleção estadunidense que só acumulava fracassos até então.

Villa, Torres, Xavi who?
Na semifinal, diante da Espanha - dona da Europa, do futebol mais sublime do continente, país do atual campeão dos campeões entre os clubes, o Barcelona -, os Estados Unidos, era dito, não teria chance alguma. Às voltas - aliás, nem tanto assim - com o fechamento de releases corporativos em meu estágio (sim, sou estagiário em Assessoria de Imprensa, porém, daqueles inquietos, que não costumam engolir ritos corporativos com muita facilidade), eis que, às 16h15, lembro-me deste confronto semifinal e começo a acompanhar o jogo via placar ao vivo (porque meu computador corporativo não aguenta carregar nem 30 segundos de qualquer vídeo do YouTube; imagine então se o coloco a rodar algum stream!). Não acreditei ao ver 1 a 0 a favor dos Estados Unidos. E pensei ter meus olhos enganados por alguma brincadeira sem graça do site ao notar 2 a 0 para os estadunidendes sobre os hispânicos.

Depois, em compacto narrado em alemão, pude notar que a Espanha jogou de maneira incauta diante dos Estados Unidos. Até por isso, os estadunidenses tiveram chances, e muitas. A Espanha também. Mas esse equilíbrio não era esperado. No primeiro gol, Dempsey fornece passe entre dois marcadores para Altidore (este, muito melhor que o overrated Freddy Adu, vitimado pelo hype excessivo e precoce). Altidore rejeita a marcação de Capdevilla e conta com a falha de Casillas para fazer o primeiro (foto: Martin Meissner, AP). No segundo, Xavi comeu bola na intermediária da defesa que resguarda e perdeu a posse para Bradley; e Feilhaber, o carioca que aderiu ao patriotismo estadunidense, fez belíssima jogada que culminou no passe a Donovan. Ele tocou para o meio da área, houve desvio no caminho, seguida de pixotada-passe de Sergio Ramos e gol de Dempsey.

933 dias, 35 jogos de invencibilidade hispânicos caíram ante uma seleção estadunidense que teve uma presença de espírito digna de Barack Obama. Brasil ou África do Sul que se cuide na finalíssima, pois "Yes they can!"

domingo, junho 21, 2009

Il manuale del calcio

Domingo de suspresas na Copa das Confederações, com direito à goleada brasileira sobre os italianos e classificação estadunidense às semis.

No primeiro tempo entre Brasil e Itália, com a Azzurra precisando de gols, um passeio do time de Dunga sobre os atuais campeões mundiais. A defesa italiana jogou avançada, quase na intermediária, uma evidência de que Lippi colocara o time à frente. A postura ofensiva, ousada não deu certo. Pirlo é a única mente criativa no meio italiano e pouco pôde fazer sozinho. Restou ao time tentar bolas nas laterais e apelar para o jogo aéreo, na esperança de que Iaquinta e Toni conseguissem alguma coisa no miolo da defesa brasileira. Mas a defesa, comandada pelo capitão Lúcio, foi impecável. O meio, com Gilberto, Ramires e Felipe Mello, também foi excelente. Mais adiante, Luis Fabiano resolveu a favor do Brasil. O Fabuloso (foto: AP) fez dois, enquanto Dossena, depois de passe de Robinho, afundou Buffon e seus compatriotas, ao anotar 3 a 0 pouco antes do apito final do primeiro tempo.

No 39º aniversário do tricampeonato mundial de 1970, em que o Brasil goleara exatamente a Itália, o futebol canarinho não foi exatamente brilhante como o daquele time. É um jogo mais equilibrado, estudado, tático, calculado, de resultados. Os tempos mudaram, mas a alegria ainda permanece a mesma. Já a Itália, com média de idade de 28,5 anos, suplica por renovação para não repetir o vexame desta competição ano que vem. À quinta-feira, Dunga encara Joel Santana, num colorido confronto semifinal entre sul-africanos e brasileiros.

Dos piores, o melhor

O Egito deu trabalho ao Brasil, bateu a Itália e jogaria hoje contra os estadunidenses na condição de favorito à segunda vaga no grupo. Os Estados Unidos, que tomaram a virada da Itália e foram goleados pelo Brasil, eram dados como eliminados. E não é que deu zebra em cima de zebra? Os EUA golearam por 3 a 0 os egípcios e, por tabela, ainda eliminaram a Itália.

Um time que era conhecido por forjar defesas rígidas e montar ataques ineficientes sofreu seis gols em dois jogos e marcou três em um único. Na semifinal, à quarta-feira, porém, os reveses deverão voltar a ser realidade, diante da favorita ao título Espanha.

terça-feira, junho 16, 2009

Rios de dinheiro e um oceano de incógnitas

Enquanto Florentino Pérez anda às voltas com seus assistentes, na contratação ainda emperrada de Ribéry ou Villa e de dois defensores (recentemente, falou-se em Ashley Cole e Arbeloa), imprensa e sociedade espanholas ainda parecem embasbacadas com os fatos da última semana, em que o Real Madrid, de uma vez só, acertou duas das maiores negociações da história do futebol: Kaká, por US$ 92 milhões e Cristiano Ronaldo, por US$ 131 mi.

A ministra da Economia da Espanha, Elena Salgado, quando perguntada sobre as cifras altas concedidas pelo grupo financeiro Caja Madrid, de onde saíram US$ 106,3 milhões para as contas dos merengues, disse que as movimentações financeiras empresariais de ambas as partes não são de caráter privado e não necessitam da intervenção do governo - diz-se também que o maior banco espanhol, o Santander, também emprestaria quantia similar. Porém, ela se mostrou surpresa com o concedimento do empréstimo, em época de recessão na Espanha, onde o desemprego já sinaliza 20% e clubes menores tentam se desvencilhar de dívidas. O valor pago por Ronaldo "vai além do que eu poderia imaginar", endossou Salgado. Platini, na semana passada, considerou a transferência algo "exagerado".

Tendo em vista que o entesourado Florentino Pérez (foto: EFE), 62 anos, dono da segunda maior construtora do planeta, a ACS, voltou ao Real Madrid com a missão de forjar uma nova equipe de galácticos - como ele iniciou em 2001, com a contratação de Figo, e, no fim, fracassou pela falta de títulos e disciplina das estrelas -, o dinheiro pago a Milan e Manchester poderia ser avaliado até como previsível.

Pérez não medirá esforços para equiparar os merengues aos blaugranas - no primeiro mandato, ele livrou o clube de um imbróglio financeiro de mais de € 288 milhões. E ele não está sozinho. O diretor-geral Jorge Valdano, que voltou à Madrid de mãos dadas com Pérez, defende que os altos investimentos servirão para, no futuro, engendrar finanças consolidadas. Não entendo muito de economia, mas diria que a política de investimento (endividamento) do Real Madrid, que confia em um futuro de vendas extraordinárias de ingressos, acordos publicitários e de imagem astronômicos, e incrível saída de camisas dos craques, é, para dizer o mínimo, bastante arriscada.

É na contramão do comportamento de outros clubes (não apenas espanhois), que tentam segurar os negócios já consolidados e tentar investir um pouco aqui e ali, e da discussão no parlamento espanhol, onde falou-se muito sobre a contenção dos gastos salariais no futebol, o Real Madrid de Pérez esbanja dinheiro em época de recessão, arrisca alto para retornar ao topo do futebol europeu e mundial e se deixa endividar para fechar o verão com um elenco tão estelar quanto o dinheiro - de origem discutível, mas, infelizmente, pouco investigada - permite.

"Real Madrid" e "mercado da bola" inscritas na mesma frase parecem carregar consigo a palavra "absurdo" naturalmente.

quinta-feira, junho 11, 2009

Galácticos, parte II

Kaká, por €65 mi, Cristiano Ronaldo, por €94 mi, agora do Real Madrid, inauguram a segunda era dos Galácticos

Não há muito tempo atrás, o Real Madrid tinha seu time de galácticos desmontado, assim que o Barcelona, então com Ronaldinho, assumia as rédeas do futebol espanhol. Passaram-se cinco anos, os merengues acumulando fracassos na Liga dos Campeões e ainda assim vencendo dois campeonatos espanhois consecutivos, entre 2006 e 2008. Apesar das contratações de peso, como dos holandeses Robben e Van der Vaart, a fama de equipe galáctica era coisa de um passado recente. No entanto, em apenas quatro dias, Florentino Pérez, o presidente, ao efetuar duas das maiores contratações da história do futebol, faz do Real o mais estelar dos times novamente.

As cifras vertiginosas entregues pelos merengues a rossoneros e diabos vermelhos são a prova de que, na temporada 2009/10, o Real Madrid quer se estabelecer como o maior clube do planeta - e não apenas nos gramados. Kaká e C. Ronaldo, (foto: AP) atletas insubstituíveis em seus antigos clubes, deixaram lacunas irreparáveis. Ferguson, do Manchester, que tentou a todo custo segurar o português, agora "implora", como definiu o diário britânico The Guardian, pela permanência de Carlos Tévez no elenco. Porém, segundo uma fonte próxima do atleta argentino, a insatisfação do jogador com o clube não desapareceu com a saída de Ronaldo - a ser fechada, tanto em aspectos contratuais como financeiros, até o fim do mês; Pérez tentará reduzir o valor do acerto. O Manchester namora o atacante equatoriano Valencia, do Wigan, e Franck Ribéry, do Bayern, atletas que também figuraram na lista de interesses do clube espanhol. O Bayern, porém, já declarou não estar disposto a liberar Ribéry.

Veja a lista dos jogadores de futebol mais caros da história no The Guardian.

No Milan, onde Kaká parecia intocável, não importando o valor oferecido pelo Real, a ordem é, primeiramente, manter o elenco atual. Leonardo considera Pato e Pirlo como jogadores intocáveis. O zagueiro Mexés, da Roma, é uma contratação quase certa. Já o jogador Edin Dzeko, eleito melhor jogador da última temporada da Bundesliga atuando pelo Wolfsburg, não deve demorar muitos dias até que seja anunciado como atleta do time italiano.

Kaká, enamorado eternamente com o Milan, saiu forçadamente de Milão. Ronaldo, o insubstituível-insatisfeito no Manchester, teve seu sonho de jogar na Espanha realizado. Com a pré-temporada a se iniciar em breve, resta saber como o chileno Manuel Pellegrini, técnico que transformou o Villareal de time pequeno a um dos cinco mais importantes da liga espanhola, organizará tantas estrelas em campo e evitará uma derrocada como a que aconteceu na primeira era dos galácticos merengues.

Assista à análise da contratação de Ronaldo no The Guardian.

terça-feira, junho 02, 2009

O aperto de mãos da renovação

Enfim, Galliani, com o crivo de Berlusconi, é claro, começa a empreender a tão esperada renovação no time do Milan. Ele começou no setor que realmente precisava de sangue novo: o comando técnico. Saiu Carlo Ancelotti, de 49 anos, do qual, apesar de toda a rigidez defensiva e política ruim de contratações, não se pode dizer que tenha feito um trabalho ruim: entre as conquistas mais relevantes, duas Liga dos Campeões (2002/03 e 2006/07), uma taça da Serie A (2003/04) e um Mundial de Clubes (2007). E entrou, nesta segunda-feira, Leonardo Nascimento de Araújo, que defendeu as cores do Milan como jogador em duas passagens de sucesso (1997-2001 e 2003). Desde 2003, o ex-lateral esquerdo brasileiro ocupava o cargo de consultor de mercado do Milan, executando funções gerenciais. Agora, na beira do campo, será ele a resposta para os tantos problemas do clube rossonero?

O aperto de mãos entre Leonardo e Galliani (foto: AP) é o retrato da aposta na diretoria em alguém identificado com clube e torcida e dono de uma mente inteligente, perspicaz e que fervilha novas ideias. Com palavras sempre muito bem encadeadas, Leonardo disse que se inspira no Barcelona dos últimos tempos para montar um Milan ofensivo. Ele pretende renovar o elenco e já pediu ajuda da diretoria. Também será tarefa do brasileiro recuperar o futebol de um outro brasileiro: Ronaldinho. De melhor do mundo em 2005 a reserva indesejado em 2009, Ronaldinho anda mal fisicamente e pior ainda tecnicamente. Tanto quanto possível, Leonardo deseja fazer dele um dos melhores do planeta novamente.

Ex-jogador de talento no São Paulo e no Milan, dirigente competente, mas sem experiência alguma como treinador, Leonardo no comando é prova de que Galliani começa de maneira ousada uma renovação que vem sendo adiada há pelo menos dois anos. O sucesso do brasileiro mais querido no clube, depois de Kaká (este, é o que dizem os jornais, deve fechar com o Real Madrid amanhã), depende ainda, porém, de uma inteligente política de contratações neste verão. E, claro, de um necessário desmanche no envelhecido plantel atual.