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domingo, dezembro 21, 2008

Ah, o futebol inglês...

Não deu outra mesmo. O Manchester United é campeão do mundo, ou melhor, bicampeão do mundo. Jogou contra a rígida, surpreendente e corajosa equipe equatoriana da LDU, e venceu por 1 a 0, graças ao belo passe de Cristiano Ronaldo e ao arremate preciso de Wayne Rooney. Foi um jogo duríssimo para o Manchester United, que, mesmo tendo dominado boa parte do jogo, não conseguia romper a "linha (defensiva) do Equador". Na etapa final, a parceria sempre poderosa de Ronaldo e Rooney deciciu a favor dos red devils, agora no topo do mundo mais uma vez. E já que o mundo do futebol é dos ingleses, falemos um pouquinho de Premier League.

A melhor liga de futebol da Europa continua a todo vapor neste fim de ano. Neste fim de semana aconteceu a 18ª rodada, que só terminará amanhã, com o jogo entre Everton x Chelsea (18h, horário de Brasília). Hoje, o Liverpool enfrentou o Arsenal em Londres, e, se vencesse, garantiria a liderança até a última rodada. Começou perdendo, em belo lançamento de Samir Nasri (do campo de defesa) seguido de conclusão com o pé direito de Van Persie. Jogo feio de se assistir em seus primeiros 25 minutos de bola rolando: laterais fechadas, atacantes isolados nas grandes áreas, zagueiros e volantes truculentos na marcação. O gol de Van Persie aconteceu aos 24 e o jogo mudou. Mudou, especialmente, para o lado do Liverpool. Muito recuado em campo, preocupado em conter a saída de bola do Arsenal, o gol saiu graças exatamente à postura defensiva dos visitantes. Lançamento ainda na extremidade lateral do campo de defesa, zaga do Arsenal adiantada, e Robbie Keane, em velocidade, esperou a bola tocar duas vezes no gramado para arrematar com força para o gol (foto: AFP/BBC). Empate bom para o Liverpool, que agora espera o resultado do difícil compromisso do Chelsea contra o sétimo colocado Everton. Já o Arsenal, fica em quinto, a oito pontos do Liverpool, e precisa de mais regularidade se ainda quiser disputar o título.

E o Aston Villa, hein? Quem diria... Terceiro colocado, 34 pontos, cinco atrás do Liverpool e três de distância para o Chelsea. Ontem, bateu o West Ham fora de casa graças ao gol contra de Neill, que desviou para o gol bola que saiu dos pés de Milner. Graças à direção técnica do norte irlandês Martin O'Neill (desde 2006), o time adquiriu experiência e consistência ao longo das duas últimas temporadas e nesta colhe os frutos do bom planejamento. O time é bom e pode, quem sabe, encontrar um lugar entre os quatro primeiros que vão a Liga dos Campeões - o que tiraria um dos grandes das primeiras colocações, coisa que não acontece desde a temporada 2004/2005, quando o Everton ficou em quarto e o Liverpool em quinto. O Aston Villa, como aconteceu com Tottenham, Everton e Manchester City em temporadas passadas, é o clube mediano (não-grande, como queira) da vez.

Falando em Manchester City e Tottenham... O primeiro, ainda sem Robinho, machucado, mostra muita fragilidade com a bola nos pés, apesar da injeção de dinheiro vinda de Abu Dhabi. Dinheiro não ganha jogo, pelo menos não na Inglaterra. O City perdeu vergonhosamente para o lanterna West Brom, por 2 a 1, e termina, pela primeira vez na temporada, uma rodada na zona da degola. Um pontinho e duas posições acima está o Tottenham. Ruim com Juande Ramos, pior sem ele. O gol aos 46 minutos de Damien Duff deu a vitória ao Newcastle e selou a derrota dos spurs (foto: AP/BBC). A campanha desta temporada tem tudo para ser muito ruim. Na temporada passada, houve tempo para recuperação, e o time ficou na 11ª posição. Nesta, o time é uma grande e incompreensível incógnita.

Resultados e classificação da Premier League no BBC Sport.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

O exemplo do Bayern

O Milan tropeçou em casa e vai enfrentar um dos terceiros colocados da fase de grupos da Liga dos Campeões. Se não levar a UEFA mais a sério, poderá terminar como o Bayern na temporada passada

Lembra-se do Bayern na temporada passada? Liderado pelos gols de Luca Toni, o time era o grande favorito para levar a Copa da UEFA, e com facilidade. O título era mais do que obrigação dos bávaros. Mas aí, eis que na semifinal, diante do Zenit, o gigante alemão é goleado pelo pequeno time de São Petersburgo, e fica fora da disputa do título europeu - ou melhor, do segundo mais importante título europeu. O Milan ainda está longe da fase semifinal - ontem, garantiu vaga na 3ª fase (equivalente a dizer 16-avos-de-final) -, mas precisa levar a competição um pouco mais a sério se quiser compensar a má campanha na temporada passada levantando uma taça importante.

A campanha na fase de grupos não foi ruim: duas vitórias e dois empates. No entanto, o Milan, ao empatar com o Wolfsburg, ontem, em casa, em um vazio e gélido Sansiro, se classificou em segundo no grupo e não terá adversário fácil na primeira fase eliminatória (na foto, Pirlo e Josué: Getty Images/UEFA). Jogou com um time misto, sem Kaká, machucado, e com Pato e Ronaldinho no banco de reservas. O Wolfsburg se comportou como um visitante travesso, explorando o lado direito deficiente da defesa do Milan, mal vigiada por Antonini, e atacando o time da casa sempre em velocidade. O Milan começou na frente: fez 1 a 0 com Ambrosini, de cabeça, aos 17 da primeira etapa.

Mesmo atrás no placar, o time alemão, dos zagueiros italianos tetracampeões ex-Palermo Barzagli e Zaccardo, continuaram exercendo um futebol ofensivo. E Zaccardo igualou o marcador aos 10 minutos do segundo tempo, em avanço e cruzamento do grandalhão, mas ágil centroavante Džeko. No minuto seguinte, porém, o miolo de zaga falhou e Pato aproveitou passe de Sheva que desviou no meio do caminho para empurrar para as redes. Apesar do placar favorável e de atuar em casa, o Milan recuou.

Recuou e pagou por isso, pois o Wolfsburg queria a primeira posição do grupo. Depois de jogada de Džeko que terminou em bela defesa de Dida, o escanteio da esquerda foi mal desviado pela zaga rossonera, Krzynówek arrematou de fora da área e Sağlık, que havia perdido um gol incrível à frente de Dida, desviou para o gol. Empate fora de casa e liderança para o Wolfsburg, que enfrentará um dos terceiros-colocados da fase de grupos da UEFA. Já o Milan pode ter vida difícil pela frente. O sorteio de amanhã, previsto para começar às 9h no horário de Brasília (transmissão ao vivo da ESPN Brasil) definirá todos os confrontos eliminatórios das oitavas-de-final da Liga dos Campeões e da 3ª fase da Copa da UEFA. Os italianos podem pegar: Bordeaux, Werder Bremen, Shakhtar Donetsk, Olympique de Marseille, Aalborg (DIN), Fiorentina, Dinamo de Kiev e Zenit. Os jogos da primeira fase eliminatória acontecem nos dias 18, 19 (ida) e 26 (volta) de fevereiro do ano que vem.

Neste primeiro semestre de 2009, o Milan terá que se decidir entre tentar alcançar a Inter no Italiano (nove pontos à frente) ou tratar a UEFA como Liga dos Campeões e tentar terminar a temporada com um caneco europeu no colo. Seja qual for a prioridade preferida, o começo de 2009 promete ser tenso para o Milan.

domingo, dezembro 14, 2008

Por quem os sinos dobram

Ronaldo aporta em São Paulo para ser o rei do Parque São Jorge, do Corinthians e da Fiel. E o Brasil inteiro parece torcer por ele

É incrível o quanto Ronaldo ainda representa para o futebol. O Corinthians, ao contratá-lo, nem parecia um time que acabava de ter disputado a Série B do Campeonato Brasileiro. Tudo bem, a euforia pelo retorno à elite ainda está efervescente, mas a contratação de certa maneira inesperada de Ronaldo coloca o Corinthians nas principais manchetes esportivas internacionais. Porque Ronaldo, apesar da grave contusão no joelho esquerdo e da polêmica com travestis, ainda é capaz de surpreender com sua fome pelo jogo.

Depois da revolução provocada no futebol europeu, agora ele retorna para jogar uma temporada no país que o revelou, e em clube que é pura paixão e emoção. Ronaldo já avisou que só estará 100% em sua condição física no mês de maio, quando o Brasileirão acena suas primeira rodadas. O Paulistão será um laboratório para a avaliação e recuperação de Ronaldo, recepcionado como uma divindade em Parque São Jorge, na última sexta-feira.

Por mais que os piadistas de plantão ridicularizem os excessos de gordura e os críticos pessimistas digam que ele já deveria estar aposentado, o Brasil ainda cultiva uma fagulha de esperança pelo futebol de Ronaldo. E torcerá, talvez silenciosamente e modestamente, para vê-lo balançar as redes em gramados tupiniquins. Se bem que os flamenguistas não devem estar nada contentes com esse alvoroço todo em Parque São Jorge...

sábado, dezembro 06, 2008

O messias que veio da Holanda

Em metade de temporada atribulada, Real Madrid contrata o talentoso e jovem atacante Huntelaar, na esperança de que ele faça torcida e imprensa esquecerem a crise

Até mesmo o mais imperdoável crítico de Capello gostaria que o italiano estivesse no banco de reservas do Real Madrid neste momento. E gostaria não pelo estilo rígido e metódico de comandar, mas pela estrutura psicológica e tática que o atual técnico da seleção inglesa confere às equipes que dirige. Quando o italiano esteve em Santiago Bernabéu, o ambiente de trabalho não era lá nenhum conto de fadas.

No entanto, o Real jogava com seriedade e foi campeão ao final da temporada 2006/07. Contornada a crise pela falta de títulos, Calderón mandou Capello ir pastar e contratou o homem que poderia fazer do Real uma equipe mágica, galáctica e toda aquela baboseira dos tempos de Zidane e Figo novamente. Na temporada seguinte, o bicampeonato, mais pela incompetência dos outros clubes do que pela qualidade de jogo de los blancos.

Cristiano Ronaldo, crise e contusões
Começada esta temporada, rachaduras internas começaram a aparecer. Fruto de uma direção técnica morna de Schuster, de uma política de contratações megalomaníaca e de um comando administrativo descerebrado de Calderón. Some a tudo isto uma cadeia de contusões que prejudicou o desempenho do clube na temporada e a saída inesperada de Michel do comando das divisões de base. A crise está a todo vapor. Michel tornou sua saída notícia de primeira importância nos canais de comunicação da Espanha, e disparou contra a direção do clube: “Calderón pensa mais nele do que no Real”. O ex-ídolo e agora ex-comandante das divisões de base ainda acusou Calderón de fazer do Real um palco para articulações políticas, ao contratar “filhos de pessoas importantes, que não têm capacidade suficiente para estar no clube”, como definiu o português Jornal Record.

Com Mijatovic, o diretor esportivo, e Calderón se vendo na mira da imprensa, a solução foi ir às compras. A direção parou um pouco com a obsessão por Ronaldo e contratou mais um holandês para o cânone ofensivo: Klaas-Jan Huntelaar, apelidado de The Hunter, de 25 anos (foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP). Ele já queria deixar o Ajax há um bom tempo, mas só agora seu clube dos sonhos, com a contusão que deixará Nistelrooy fora dos gramados até o fim da temporada, resolveu abrir os cofres e levá-lo a Madri. Huntelaar é forte, excelente cabeceador e finalizador.

Com jeitão de Nistelrooy, em todos os clubes pelos quais jogou sempre marcou muitos gols. No Ajax, clube que o contratou em 2005 e que o fez conhecido na Europa, ele marcou 75 em 90 jogos. No Real, fará companhia aos holandeses Drenthe, Nistelrooy, Robben, Sneijder e Van der Vaart. Aliás. Com Robben, Sneijder e Nistelrooy, companhia apenas fora do gramado, porque estes holandeses são presenças constantes no departamento médico.

Huntelaar não resolverá os problemas internos do clube, mas se marcar gols e ajudar o Real Madrid, atualmente em 4º lugar, se aproximar dos rivais Valencia, Villareal e Barcelona (respectivamente em 3º, 2º e 1º), torcida e imprensa devem esquecer as rachaduras merengues por um tempo. Até que a obsessão por Cristiano Ronaldo volte a atormentar Calderón e que Schuster fique novamente ameaçado na direção técnica. Aí, toda a neurose madridista, para a qual a psicanálise ainda não descobriu cura, encontra terreno fértil para desenvolver outra crise.