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sexta-feira, junho 27, 2008

Tradição vs Crescimento

De um lado uma seleção acostumada a jogos decisivos. Acostumada, principalmente, a vencer jogos decisivos. Do outro, uma seleção acostumada a grandes decepções e que só agora dá mostras de que pode ser a melhor da Europa novamente. Alemanha e Espanha fazem, no domingo, o jogo mais esperado do ano, e, possivelmente, o mais equilibrado também. Este é o preview da grande final da Euro 2008, numa parceria entre o blog Opinião FC e o Futebol Europeu.

POR FELIPE LEONARDO
Futebol Europeu -
http://www.hesselink.blogspot.com

Alemanha
Mentalidade de campeã

Jürgen Klinsmann saiu do comando da seleção alemã em 2006 e deixou para seu sucessor e ex-assistente técnico, Joachim Löw, uma equipe amadurecida e pronta para vencer. A Alemanha de Klinsmann e Löw joga um futebol de mais toque de bola, com volantes que aparecem no ataque e alas muito ofensivos. Nesta Euro, tem-se visto uma Alemanha incrivelmente poderosa ofensivamente, mas ainda assim com um jogo equilibrado, organizado e eficiente.

Na estréia, contra a Polônia, os germanos venceram com tranquilidade por 2 a 0, com dois gols do melhor jogador jovem da Copa de 2006, Lukas Podolski. Mas diante da Croácia, a equipe desandou. Enfrentou um time habilidoso nas trocas de passe e rápido nas conclusões. Os alemães tiveram mais tempo de posse de bola, mas foram ineficientes nas finalizações e morosos na contenção das ofensivas croatas. Resultado: 2 a 1 para a Croácia. Ainda bem que o adversário dos germanos no último jogo da primeira fase era a fraquíssima Áustria. Ballack, com um potente chute de longa distância, colocou a Alemanha nas quartas-de-final. Löw perdeu Frings, que fraturou uma costela no jogo contra os austríacos, e o substituiu por Simon Rolfes. Depois das atuações irregulares de Jansen na lateral-direita, Löw voltou com o antigo titular Friedrich. E ainda promoveu mais uma mudança para o jogo contra Portugal: sacou o decepcionante Mario Gomez do ataque e preencheu o meio-campo com Hitzlsperger, abandonando o 4-4-2 e adotando ou 4-2-3-1 como formação inicial. A mudança deu certo. Os alemães bloquearam os principais núcleos ofensivos portugueses (Deco, Ronaldo e Bosingwa), jogaram no campo defensivo do adversário e venceram pelo placar incontestável de 3 a 2, graças a uma atuação inspirada de Schweinsteiger. Na semifinal, a rival era a Turquia, equipe sensação do torneio. Jogo duríssimo, equilibrado e emocionante. No fim, prevaleceu a competência alemã. Novo placar de 3 a 2. Mas o grande teste dessa nova Alemanha, que foi transformada por Klinsmann e agora é firmemente conduzida por Löw, será a final contra a Espanha.

Pontos fortes - O trunfo da Alemanha nesta competição tem sido o ataque, especialmente na segunda fase. Mario Gomez e Klose formaram a dupla ofensiva na primeira fase e o que se viu foi um congestionamento enorme entre dois grandes centroavantes. Löw optou apenas por um homem de área e escolheu certo, Klose, mais experiente e eficiente que Gomez. Na armação de jogadas aparece Ballack, que, contra Portugal e Turquia, pôde jogar um pouco mais à frente do que estava acostumado, sem tantas preocupações defensivas. Mas as grandes armas de Löw estão nas alas: Podolski na esquerda e Schweinsteiger na direita. Os dois jovens são os reponsáveis por dar velocidade ao ataque alemão e qualidade na dinâmica ofensiva. Por isso, Klose nunca está isolado na grande área. Resultado: 7 dos 10 gols da Alemanha são do trio; e os três, cada um com duas assistências, respondem por 70% dos passes para gol da equipe. O futebol de qualidade que Podolski e Schweinsteiger deixaram de mostrar pelo Bayern nas duas temporadas pós-Copa do Mundo foi restaurado e colocou a Alemanha em sua sexta final européia.

Pontos fracos - A Alemanha marcou 10 gols nesta Euro, 6 deles nos últimos dois jogos. Sofreu 6, 4 deles nos últimos dois jogos. Se o ataque melhorou consideravelmente na segunda fase, a defesa se enfraqueceu na mesma medida. A zaga central é formada por Mertesacker e Metzelder, uma excelente dupla de beques. Rolfes entrou no lugar do machucado Frings na proteção à zaga, que deve voltar para a final. Hitzlsperger entrou no lugar do atacante Mario Gomez, para preencher o meio-campo, e Fritz perdeu a titularidade. Mas a dupla de volantes também tem se mostrado eficiente, apesar das mudanças e problemas. A fraqueza defensiva da Alemanha está nas laterais. Friedrich joga pela direita, tem pouca habilidade no apoio e está longe de ser um grande defensor. Philipp Lahm, que atua na esquerda mas é destro e pode jogar na direita, é completamente voltado para as ações ofensivas. Tem qualidade no desarme e é rápido na aproximação aos atacantes, porém, obviamente, não dá conta da armação e da proteção ao lado esquerdo da zaga. Como castigo, a Alemanha tem sofrido muitos gols construídos em jogadas laterais: 4 dos 6 gols sofridos por Lehmann aconteceram na grande área. O sistema defensivo alemão que se cuide com Sergio Ramos, Capdevila, David Silva e Iniesta, articuladores de jogadas laterais da seleção espanhola.

Time-base - Lehmann; Friedrich, Mertesacker, Metzelder e Lahm; Hitzlsperger e Rolfes; Schweinsteiger, Ballack e Podolski; Klose.

POR ANDRÉ AUGUSTO
Opinião FC - http://www.opiniaofc.blogspot.com


Espanha
Fúria desperta

Há 40 anos, a Espanha ganhava seu último título expressivo no futebol: A Eurocopa, sediada em seus domínios. Vinte anos depois, chegava à final da mesma competição, sendo esta a última final que disputou em um campeonato de alto nível. E o vice-campeonato marcaria mais vinte anos de sofrimento, chacota e campanhas decepcionantes, mesmo com times razoáveis.

Desacreditada, a Espanha chegou na Euro com Luís Aragonés balançando no cargo. A polêmica de Raúl González, ícone do futebol espanhol, ficar fora do grupo e a aposta em Marcos Senna – o qual Aragonés bancou desde a Copa de 2006 – se mostraram acertadas, no final das contas. O crescimento da Espanha na competição é notório. Mesmo com a opção de manter Fábregas fora dos onze iniciais, a Espanha mostrou-se ofensiva e letal, com Villa em grande forma e o meio-campo muito criativo e versátil. Senna é marcador, mas tem alguma habilidade, Xavi e Iniesta fazem com maestria a transição entre defesa e ataque, além de David Silva, importante na armação pela esquerda. Mesmo com Fernando Torres longe do melhor desempenho, a Espanha teve boa estréia contra os russos e se classificou antecipadamente vencendo a Suécia com justiça. Os reservas – com destaque para De La Red e Güiza, artilheiro do ultimo espanhol – mantiveram os 100% frente aos gregos. No dramático jogo contra a Itália, a Espanha foi melhor e os penaltis coroaram uma classificação justa, com grande destaque para o capitão Casillas. E no segundo jogo contra a Rússia – já como a revelação desta Euro – a Espanha teve calma para provar que joga um futebol que se não é o mais vistoso, foi de longe, o mais regular.

Aragonés armou a equipe em um 4-4-2 durante toda a competição, mas será obrigado a remeter ao 4-5-1 por conta da contusão de Villa. A fluidez que a entrada de Fabregas deu ao time, principalmente contra russos, fazem desta a opção mais sensate.Ainda há uma pequena possibilidade da entrada de Güiza, que também mostrou oportunismo. Neste caso, a Espanha volta ao esquema inicial.

Pontos Fortes – O meio-campo mostrou-se muito eficiente e efetivo. O ataque badalado formado por Torres e Villa correspondeu no começo, mas deixou a desejar no mata-mata. Entrava em campo as boas aparições de Xavi, Silva e Iniesta, muito rápidos na chegada ao ataque. Por opção e da contsão de Villa, Fabregas deu uma dinâmica ainda maior, revesando com os outros meias. Isso deu a Espanha o status de melhor ataque da Euro (11 gols) e time que mais rematou ao gol adversário (104 chutes). As subidas de Sérgio Ramos também mostraram-se uma boa válvula de escape, já que o lateral/defensor do Real Madrid ataca com alguma qualidade e fecha a ala com eficiência. Além disso, Casillas mostrou estrela e passa muita confiança, como goleiro e capitão da equipe.

Pontos Fracos – Com a contusão de Villa e a ineficiência de Torres, o ataque da Espanha está mal. A falta de gols, frente a um time copeiro e centrado como a Alemanha pode se mostrar fatal. O jogo aéreo alemão pode também ser letal a zaga espanhola, já que o miolo de zaga formado por Marchena e Puyol mede 1m83cm e 1m80cm, respectivamente.

Time-Base – Casillas; Sérgio Ramos, Puyol, Marchena e Capdevilla; Senna, Xavi, Iniesta e Silva; Villa (Fabregas) e Torres.

2 Comentários:

Blogger André Augusto disse...

Esse post ficou muito bom! Valeu a parceria!

Abs!

27/6/08 22:53  
Blogger Ricky_cord disse...

A bem do futebol bonito e de ataque espero bem que seja a Espanha a vencer. Abraço

29/6/08 13:39  

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