R 80
Este é o Clássico. Não é um simples jogo que coloca frente a frente duas grandes equipes, ou simplesmente equipes da mesma cidade, bairro, rua... Este é o Clássico. O mais charmoso, o mais tenso da Itália. O mais movimentado, o mais romântico da Europa. Ontem, tudo começou um pouco diferente. Não sei. Havia algo de mais leve no ambiente de jogo. Poucas faltas e um pouco mais de cordialidade e cortesia dos jogadores de Milan e Inter. (Claro, claro, excetuando-se Materazzi e Gattuso).
A Inter jogava mal, mostrava-se insegura ao partir com bola dominada e parecia não ter meio-campo ofensivo. Parecia não. Não tinha mesmo. Quaresma, Ibra e Mancini no ataque. No meio, Zanetti, Vieira e Cambiasso. E os meias? Mancini é meia, tudo bem, mas tem características próprias de ala, que parte com bola dominada em direção aos beques. Não é um armador. Já o Milan, o Milan tinha três armadores: Seedorf, Kaká e Ronaldinho (é, Lancelotti estava com um raro bom humor na noite de ontem). Pirlo só volta em janeiro e o meio-campo ficou mais ofensivo com a ausência dele. Ficou ofensivo e insinuante. O Milan dominava a posse de bola. Dominava o jogo.
A Inter parecia jogar como... como o Milan de tempos passados, o Milan da temporada passada. Vinte e cinco minutos do primeiro tempo. Kaká parte pela esquerda, a bola explode na zaga e Ronaldinho pega de esquerda, de primeira. Julio Cesar faz uma defesa memorável. Passados alguns minutos, Kaká é lançado por Ronaldinho, na ponta esquerda. Ele domina, aguarda. Ronaldinho corre incansável em direção a área. Kaká levanta e Ronaldinho cabeceia com ímpeto e estilo, ângulo direito de JC (foto: Sports.it). Lindo. O placar seria esse mesmo, como você já sabe. O segundo tempo foi ainda mais tenebroso para os interistas. E foi muito tranquilo para Ronaldinho. Seu quarto jogo pelo Milan e enfim o gol de estréia.
E vamos aos dados do clássico, agora atualizados: 269 jogos; 106 vitórias para o Milan e 91 para a Inter. Na Serie A: 49 para o Milan e 55 para a Inter. Mas o número que a partir de ontem tornou-se inesquecível deste clássico é: o 80.