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segunda-feira, setembro 29, 2008

R 80

Este é o Clássico. Não é um simples jogo que coloca frente a frente duas grandes equipes, ou simplesmente equipes da mesma cidade, bairro, rua... Este é o Clássico. O mais charmoso, o mais tenso da Itália. O mais movimentado, o mais romântico da Europa. Ontem, tudo começou um pouco diferente. Não sei. Havia algo de mais leve no ambiente de jogo. Poucas faltas e um pouco mais de cordialidade e cortesia dos jogadores de Milan e Inter. (Claro, claro, excetuando-se Materazzi e Gattuso).

A Inter jogava mal, mostrava-se insegura ao partir com bola dominada e parecia não ter meio-campo ofensivo. Parecia não. Não tinha mesmo. Quaresma, Ibra e Mancini no ataque. No meio, Zanetti, Vieira e Cambiasso. E os meias? Mancini é meia, tudo bem, mas tem características próprias de ala, que parte com bola dominada em direção aos beques. Não é um armador. Já o Milan, o Milan tinha três armadores: Seedorf, Kaká e Ronaldinho (é, Lancelotti estava com um raro bom humor na noite de ontem). Pirlo só volta em janeiro e o meio-campo ficou mais ofensivo com a ausência dele. Ficou ofensivo e insinuante. O Milan dominava a posse de bola. Dominava o jogo.

A Inter parecia jogar como... como o Milan de tempos passados, o Milan da temporada passada. Vinte e cinco minutos do primeiro tempo. Kaká parte pela esquerda, a bola explode na zaga e Ronaldinho pega de esquerda, de primeira. Julio Cesar faz uma defesa memorável. Passados alguns minutos, Kaká é lançado por Ronaldinho, na ponta esquerda. Ele domina, aguarda. Ronaldinho corre incansável em direção a área. Kaká levanta e Ronaldinho cabeceia com ímpeto e estilo, ângulo direito de JC (foto: Sports.it). Lindo. O placar seria esse mesmo, como você já sabe. O segundo tempo foi ainda mais tenebroso para os interistas. E foi muito tranquilo para Ronaldinho. Seu quarto jogo pelo Milan e enfim o gol de estréia.

E vamos aos dados do clássico, agora atualizados: 269 jogos; 106 vitórias para o Milan e 91 para a Inter. Na Serie A: 49 para o Milan e 55 para a Inter. Mas o número que a partir de ontem tornou-se inesquecível deste clássico é: o 80.

sexta-feira, setembro 26, 2008

De Copa da UEFA para Liga Europa

A UEFA anunciou hoje o novo nome da Copa da UEFA para a próxima temporada, além de um pacote de alterações estruturais no torneio
Na esteira de reformas promovidas pelo mandato Platini, estava em pauta a inauguração de um novo ciclo estrutural para a Copa da UEFA. A decisão foi efetivada em novembro de 2007 e hoje o comitê executivo da entidade divulgou, com detalhes, quais serão as novidades para a competição que é avaliada como a segunda em importância no futebol do continente.

Renascimento
O nome da antes chamada Copa da UEFA agora é Liga Europa (da UEFA). A divulgação do novo nome veio acompanhada de uma nova logo (foto: divulgação). A intenção de Platini e comitê é renovar o conceito da competição, considerá-la não mais como apenas a segunda mais relevante do futebol europeu, mas como um torneio autônomo e verdadeiramente importante para os clubes, atraente para torcedores e interessante para investidores.

Como parte deste ‘renascimento’, a UEFA estabeleceu novos contratos de cobertura televisiva e novas parcerias de patrocínio. A mudança de identidade visual da competição, que se baseia especialmente na nova logo e na nova bola do torneio, também faz parte do pacote de medidas.

A abolição da Copa Intertoto (ver: Verão europeu livre de apostas) representou a medida inicial da UEFA para resgatar o interesse dos clubes na Copa da UEFA, perdido quando da extinção da Recopa, torneio que reunia os campeões das copas domésticas européias. Em 1999, a Recopa foi integrada à Copa da UEFA.

Novo formato de disputa
A Liga Europa agora terá um novo estágio de grupos, mais simples e organizado, semelhante ao usado da Liga dos Campeões. Participarão 48 clubes, divididos em 12 grupos (o formato antigo compreendia 40 clubes, divididos em 8 grupos). Os clubes terão partidas dentro e fora de casa, formato interno de disputa que substitui o confronto único que acontecia entre competidores do mesmo grupo.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Não é só na Itália

No fim da manhã de hoje, chegou aos portais esportivos brasileiros a informação de que, no clássico espanhol entre Sevilha e Bétis (0 a 0), valendo pela terceira rodada, os alviverdes levaram ao estádio faixas, cartazes e bandeiras com simbologia nazista e escudos preconceituosos. A denúncia partiu do árbitro Alfonso Pérez Burrull, por meio da súmula da partida. O caso será analisado pela federação espanhola e o Bétis certamente sofrerá punição, com multa, perda do mando de campo ou coisas afins.

Manifestações fascistas e racistas não são novidade na Espanha. Lembro-me de um jogo da temporada 2004/2005, entre Barcelona e Zaragoza, disputado na cidade de Zaragoza. A torcida local passou boa parte da partida fazendo insultos e gestos racistas para o camaronês Samuel Eto’o. Felizmente, o jogador respondeu à altura, mas sem precisar se rebaixar ao nível de seus atacantes: marcou gol e ajudou os blaugranas a vencer.

O ex-atacante da Internazionale, Obafemi Martins (atualmente no Newcastle United), também já passou pelo mesmo constrangimento. Certa vez, em jogo da Inter na província siciliana de Messina, contra a equipe local, a torcida hostilizou o jogador com manifestações preconceituosas. Martins, visivelmente aborrecido, saiu do campo em prantos.

A Itália é conhecida pelo envolvimento de algumas torcidas em movimentos fascistas e reacionários, comumente ligados ao preconceito racial. Di Canio, ex-atacante e capitão da Lazio, é declaradamente fascista e foi o centro de muita polêmica algumas temporadas atrás. Quando marcava gols, saudava a torcida com o antebraço direcionado para cima, em diagonal: saudação popularmente conhecida como sendo fascista. Os ultras da Lazio, especialmente no clássico da capital contra a Roma, faziam abertamente apologia ao fascismo, da mesma maneira que parte da torcida do Bétis se manifestou ontem.

Pequenos movimentos de cunho reacionário e fascista em meio às torcidas organizadas pipocam na Espanha e na Itália e pontuam uma tendência de fanatismo político alarmante. O sinal amarelo está aceso.

sábado, setembro 13, 2008

Walcott, Wow!

O que vem a seguir é um verdadeiro lugar-comum da análise esportiva, mas que pode ser usado adequadamente neste caso: Croácia 1x4 Inglaterra, este jogo inaugura uma nova fase no english team. Digo isto com a mesma confiança que Capello utilizou para deixar Beckham no banco e dar oportunidade para a jovem promessa Theo Walcott (foto: PA/BBC), aquele que foi ao Mundial 2006 com apenas 17 anos, mas nem entrou em campo. A intuição de Capello é a euforia dos ingleses.

Walcott marcou três gols, o que os britânicos chamam de hat-trick, feito que não acontecia por um jogador da seleção inglesa há sete anos (desde a memorável goleada em sobre a Alemanha, em Munique, quando Owen também marcou três). O último resultado expressivo dos ingleses também foi o jogo citado no parênteses: 5 a 1 sobre os alemães. E o jogo de quarta-feira passada teve requintes de vingança. Lembra-se dos ingleses na Euro 2008? Pois então, eles não foram. Perderam a vaga em casa, no estádio Wembley, perdendo para... a Croácia. Desta vez, o jogo era em Zagreb e a Inglaterra retribuiu a eliminação com uma grande goleada. Graças a Walcott, os ingleses realmente mostraram do que são capazes.

"Jogamos com confiança e coragem"
É verdade, (agora) Sir Capello. O primeiro tempo foi aquilo que se esperava: Croácia no ataque, empurrada pela torcida e conduzida pelo talentoso (mas um pouquinho supervalorizado) Luka Modric. Jogava melhor... Mas aí, Ferdinand apareceu, Rooney tocou, Pranjic afastou mas chutou em Robert Kovac, e Walcott fez seu primeiro gol pelo english team. Aí a Croácia perdeu a cabeça e também Robert Kovac, que acertou em Joe Cole uma das cotoveladas mais covardes que já vi. Cole saiu ensanguentado e entrou Jenas. Mudou pouco, a Inglaterra era melhor no segundo tempo.

O segundo gol foi maravilhoso. Heskey (acreditem, começou como titular e foi bem!) dominou na cabeça da área, recuou para Rooney e ele deixou Walcott de frente pro gol para marcar de novo. O terceiro foi de Rooney, que não o fazia há mais ou menos 11 meses. Ashley roubou bola de Srna na esquerda, Jenas avançou e Rooney bateu firme no canto esquerdo do goleiro. Em nova tabelinha de equipe, Lampard fez um golaço, mas teve falta na jogada. Uma pena... A Croácia marcou em contra-ataque. Mandzukic fez o primeiro dele pela Croácia. Mas a estrela era Walcott. Rooney dominou bola chutada pela defesa e fez um passe maravilhoso para Walcott. Theo recebeu em velocidade e tocou de esquerda, no lado oposto do goleiro, que se jogara desesperada nas pernas do jovem de 19 anos. Um jovem brilhante. Inglaterra em grande forma., jogando do jeito Capello de se jogar futebol. Ferdinand impecável como há muito tempo não se via. Lampard um pouco sumido, como sempre, mas valoroso nos momentos essenciais. Rooney impetuosamente eficiente de novo. Theo Walcott, brilhante. Capello, brilhantemente eficiente.

terça-feira, setembro 02, 2008

Respirando... sem aparelhos

Terceira colocação, dividindo a liderança com Schalke 04 e Hamburgo. Sete pontos em três rodadas. Uma vitória fora de casa sobre o Bayer Leverkusen, um empate em casa diante do sempre poderoso Bayern de Munique e nova vitória fora de casa sobre o inofensivo Energie Cottbus. Nada de muito impressionante ou que desperte alguma confiança. Afinal, começo de temporada pode ser enganoso. Mas quando resultados assim aparecem ao lado do nome do Borussia Dortmund na tabela da Bundesliga, os números ganham outros significados.

O Borussia não fez aquisições interessantes. Nem mesmo medianas. As principais: o zagueiro brasileiro ex-Figueirense Felipe Santana; o defensor Owomoyela, do Werder Bremen; o zagueiro estadunidense Subotic, vindo do Mainz 05; o coreano Lee, lateral do Tottenham; e o bom meia-atacante egípcio Zidan, do Hamburgo. De um total de 10 contratações, sete são defensores. A diretoria do Dortmund adotou uma postura cautelosa nas contratações, enxugou o elenco, liberando e vendendo jogadores pouco eficientes. Porém reservou a precaução nas contratação de atletas para arriscar-se na direção técnica.

Jürgen Klopp (foto: www.bundesliga.de), 41 anos, dirigiu o Mainz 05 de 2001 a 2008, conseguiu levar a modesta equipe à primeira divisão e retornou a Bundesliga 2 em 2007. Em maio deste ano, assinou um contrato de dois anos com o Dortmund, que tem o desafio de fazer boa campanha na Copa da Uefa. A conquista da Copa da Alemanha na temporada passada foi um sinal de que novos tempos podem estar por vir. E nada melhor do que começar a temporada confiante, com bons resultados e sangue novo no comando. Ainda assim, a campanha do Borussia está no campo das hipóteses e das possibilidades, distante da regularidade e segurança dos grandes da Bundesliga.