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quinta-feira, março 27, 2008

O homem das estréias

Jogo do Brasil contra a Suécia é sinônimo de Copa do Mundo. O confronto entre as duas amarelinhas já aconteceu sete vezes em mundiais, e o Brasil venceu cinco partidas, empatando apenas outras duas. A mais importante de todas foi, sem dúvida, a memorável final da Copa de 1958, quando o Brasil, liderado pelo ainda jovem Pelé, goleou os donos da casa por 5 a 2, deixando no passado a derrota para o Uruguai em 1950. Pelé inaugurou, a partir dali, uma nova era no futebol mundial. Ele se tornou a 'medida de todas as coisas' no esporte, mais do que um simples competidor.

Ontem não era jogo de final de Copa do Mundo, apenas um amistoso entre Brasil e Suécia. Onde? Na Inglaterra, claro. Londres já virou casa do Brasil nas datas-fifa. Uma anfitrião bem generoso, a CBF que o diga...

Joguinho bem desinteressante, chatinho de se assistir. Dunga, de molho na arquibancada, mas ainda perto do banco de reservas, cumprindo seu último jogo de suspensão, viu uma seleção com um futebol lento, moroso e sem inspiração. Robinho parecia estar em outro mundo, não conseguia passar nem pelos laterais-cabeças-de-bagre suecos. O time só chegava em chutes de longa distância, bem ao estilo inglês, sempre com Diego e Júlio Baptista. Luis Fabiano também foi discreto, bastante discreto. E a Suécia, mesmo sem o espetacular Ibrahimovic, levou perigo ao gol de Julio Cesar. Quase abriu o placar em um contra-ataque rápido pela direita, na segunda metade do primeiro tempo. Mas Rosenberg desperdiçou a chance de deixar o jogo ainda pior para os brasileiros.

O segundo teve início com um ritmo bem mais intenso, sobretudo para os suecos, que voltaram a campo com um futebol mais veloz. Jorginho, certamente aconselhado por Dunga, colocou, a partir dos 10 minutos, os jogadores 'olímpicos'. Primeiro entraram Anderson e Pato, o estreante mais esperado da noite. Depois, Hernanes, Thiago Neves e Rafinha também fizeram suas estréias. Jorginho também fez o enorme favor de tirar o nada inspirado Richarlyson de campo, e colocou Marcelo.

Pato deu poucos toques na bola depois que entrou, arriscou uma tabela com Diego, que caiu na área pedindo um pênalti que o juiz inglês Mike Riley não assinalou. Uma estréia dentro do esperado, nada de muito extravagante. Até que o goleiro Isaksson tentou sair jogando e estabanadamente chutou a bola nas pernas de Pato. O 'gurizão' nem se espantou. Girou e bateu de esquerda, a bola encobrindo toda a zaga sueca e encontrando as redes. Belíssimo gol. Baita estréia, uma palavra que tem sido sinônimo de sucesso para o ainda 'craque em formação' (foto acima: EFE/Terra).

Começou no Inter destruindo o Palmeiras em pleno Parque Antarctica, fazendo gol e dando passe para mais dois. Semanas depois ajudaria a equipe a ser campeã mundial pela primeira vez. No Milan, também estreou balançando as redes, virando sensação logo de imediato. Mas Pato não é Pelé, muito menos Ronaldo. Comparações são quase sempre medíocres, pois limitam as possibilidades em prol da exaltação de outro. Mas que o brilho e a magia do Rei parecem acompanhar os estreantes com a amarelinha (Zico, Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho), ah, isso é verdade.

quinta-feira, março 20, 2008

'Rey' das surpresas

As copas nacionais européias são sempre desprezadas pelos grandes clubes, que privilegiam os campeonatos nacionais e as taças européias. Entram com equipes reservas e nem mesmo se importam em serem eliminados (a não ser quando a temporada vai mal). É a grande chance para os clubes médios e pequenos levarem algo para suas salas de troféus, e ainda, de bônus, assegurarem uma vaguinha na Copa da Uefa.

O país que mais apresenta casos assim é a Espanha. As últimas oito finais de Copa do Rei foram vencidas por times considerados medianos ou pequenos (a derradeira conquista dos 'grandes' foi do Valencia, em 1999). Uma realidade muito diferente de outros países, como Alemanha e Itália. Na Inglaterra, onde há duas Copas Nacionais, a FA Cup e a Copa da Liga (Carling Cup), vez ou outra aparecem algumas boas surpresas, como o Tottenham nesta temporada, conquistando a Carling. Mas não é tão frequente quanto no futebol espanhol.

O 'outro' de Madri
A equipe madrilenha do Getafe tem sido o exemplo recente mais positivo. Chegou a final na temporada passada e foi derrotado pelo Sevilla, por 1 a 0. E neste ano, é finalista novamente. Ontem, empatou em 1 a 1 com o Racing, e se classificou por ter vencido o primeiro jogo por 3 a 1, em casa, no Coliseu Alfonso Pérez. O gol que garantiu a vaga na final gerou muita discussão e briga na Espanha. No início da jogada, um defensor do Racing se machucou, e um jogador do Getafe pediu atendimento médico. Mas o jogo continuou, e Casquero igualou o marcador com um belo chute de direita (na foto abaixo, Manu e Casquero, o autor do gol da classificação: Marca).

O nome do estádio faz jus à fama. O Getafe chegou à primeira divisão em 2004 e de lá não saiu mais. Na primeira temporada, teve uma campanha até regular, e terminou na 13ª posição. Nas duas seguintes, sob o comando do técnico Bernd Schuster (agora técnico do Real Madrid), surpreendeu, ficando em 9°, à frente de clubes mais tradicionais como La Coruña, Espanyol e Bétis. Quando joga em casa, conta com o apoio constante de cerca de 15000 torcedores, e geralmente dá muito trabalho para Real Madrid, com quem trava uma rivalidade recente, Valencia e Barcelona. Um marco disso foi exatamente um jogo da Copa do Rei da temporada passada.

O Barcelona massacrou o pequeno Getafe no primeiro jogo da semifinal: 5 a 2, e com direito a gol à lá Maradona de Lionel Messi. Três gols de diferença separavam o "outro de Madri" da primeira final de campeonato de sua história. O Getafe fez mais. Venceu por 4 a 0, devolveu a goleada, eliminou o Barcelona de maneira irrepreensível e ainda garantiu sua primeira participação na Copa da Uefa mesmo sem vencer o torneio. O outro finalista, Sevilla, terminou entre os quatro primeiros na Liga, abrindo uma vaga para o vice-campeão da Copa do Rei. E o sucesso da temporada permanece na atual. No campeonato, ocupa a 8ª posição e, recentemente, assegurou vaga nas quartas-de-final da Copa da Uefa, onde enfrenta o Bayern de Munique.

Hoje, Valencia e Barcelona, que empataram a primeira partida em 1 a 1, decidem, no Mestalla, quem será o adversário do Getafe na final da Copa do Rei. Desta vez, o "são caetano da Espanha" quer muito mais do que mais um vice. Basta ler as palavras do presidente do clube, Ángel Torres, sobre a campanha do time no torneio: "Não basta apenas chegar, temos que vencer a Copa". Com o técnico e ex-jogador dinamarquês Michael Laudrup, acostumado a bater grandes times nos tempos de seleção, o Getafe pode colocar seu nome, em definitivo, na história do futebol espanhol.

Veja mais:
Marca - Torcedores comemoram a classificação

quarta-feira, março 12, 2008

O fracasso veste azul e branco

Se na Liga dos Campeões a Grã-Bretanha colocou quatro equipes nas quartas-de-final, um feito inédito para um país europeu, na Copa da Uefa o país fracassou. Tottenham e Everton conseguiram igualar seus confrontos no tempo normal, mas falharam nas cobranças de pênalti e perderam vaga nas quartas-de-final.

Erro decisivo
Juande Ramos, técnico espanhol do Tottenham, teve o sonho do tricampeonato da Copa da Uefa acabado na noite de hoje, em Eindhoven. O PSV surpreendeu na primeira partida, batendo os Spurs em Londres por 1 a 0. Hoje, o jogo foi de muito equilíbrio, e o Tottenham só conseguiu o gol que manteve a equipe viva no confronto a nove minutos do fim. Berbatov recebeu cruzamento de Chimbonda e marcou, com um belo voleio, o gol do jogo.

A prorrogação correu sem movimentação no placar e a partida foi decidida nos pênaltis. Paul Robinson pegou a segunda cobrança do PSV, batida por Lazovic, e deixou para Jermaine Jenas, uma das peças mais importantes da equipe na temporada, a chance de colocar o Tottenham na próxima fase. Mas... O goleiro Gomes defendeu. O brasileiro ainda interceptou o decisivo chute de Chimbonda, garantindo o PSV nas quartas (na foto acima, Huddlestone lamenta a desclassificação: AP/BBC). Foi um golpe duro para o Tottenham, que tem mais time que os holandeses, em um jogo decidido no detalhe. Mas a temporada é de muito sucesso. Juande Ramos chegou para fazer dos Spurs uma equipe consistente e regular, e tirou o time da fila de títulos que já durava nove anos, conquistando a Copa da Liga Inglesa. E não foi uma campanha fácil. O Tottenham, na fase final, teve que passar por Arsenal e Chelsea para sair de Wembley com o título.

Faltou pouco...
Para o Everton conseguir um sonhado lugar nas quartas-de-final da UEFA. A equipe jogou em casa, buscando reverter a derrota de 2 a 0 sofrida para a Fiorentina no jogo de ida. Mesmo com o importante desfalque de Tim Cahill, machucado, David Moyes escalou um time bastante ofensivo. Os italianos entraram em campo sem Mutu e com uma proposta de jogo completamente defensiva. A zaga não foi bem, mas, graças às defesas de Frey, a Fiorentina conseguiu segurar o ímpeto do Everton e ganhar o jogo nas cobranças de pênalti.

Os azuis jogaram um futebol de muita intensidade do começo ao fim, guiados pelo sempre regular espanhol Arteta e pela disposição do atacante Johnson. O gol não demorou muito a sair. Aos 16, depois da falha da zaga italiana ao cortar o cruzamento que veio da esquerda, a bola bateu no queixo de Johnson e encontrou as redes. Frey apareceu ao menos quatro vezes, fazendo defesas importantes, e a Fiorentina melhorou seu jogo no fim da primeira etapa.

A pequena melhora não permaneceu para o segundo tempo. O Everton, empurrado pela torcida que lotou o aconchegante Goodison Park, voltou ainda melhor, dominando o meio-campo e sufocando a defesa da Fiorentina. Frey foi requisitado ainda mais vezes, porém não pôde alcançar o chute colocado de Arteta, que mudou o placar aos 22 minutos.

O jogo passou pela prorrogação e foi decidido nos pênaltis, uma história incrivelmente parecida com a do jogo do Tottenham. Yakubu errou a segunda cobrança e Jagielka, na cobrança decisiva, parou em Frey (na foto acima, os jogadores do Everton se desesperam com erros nas cobranças: PA/BBC). No confronto dos sextos colocados da última temporada, em suas respectivas ligas, prevaleceu a competência italiana. O que sobrou de bom futebol na Liga dos Campeões para os britânicos acabou faltando na Copa da Uefa.

Amanhã, o Bolton, que empatou o primeiro jogo por 1 a 1 em casa, encara o Sporting Lisboa, e o Glasgow Rangers joga com a tranquilidade da vitória por 2 a 0 no primeiro jogo contra o Werder Bremen, na Alemanha. Talvez o branco (Bolton) e o azul (Glasgow) das equipes britânicas que decidirão vaga para as quartas amanhã compensem o fracasso de hoje.

quinta-feira, março 06, 2008

Regularidade atestada

A Roma, equipe do melhor futebol italiano no momento, enfrentou o Real Madrid, líder de seu campeonato local mas fragilizado pelo irregular retrospecto recente na liga. O jogo de ida terminou 2 a 1 em favor dos gialorossi, graças ao gol decisivo de Mancini. No Bernabéu, os merengues prometeram vitória, talvez se recordando da última sobre a Roma no estádio, em 2005, por 4 a 2, em confronto da fase de grupos. Mas o que se viu no campo do Bernabéu foi algo totalmente diferente, mas, ainda assim, não inesperado.

Até os 18 minutos do primeiro tempo, a partida acontecia em ritmo intenso e equilibrado. O Real Madrid parecia um pouco ansioso em abrir o placar logo na etapa inicial, enquanto a Roma atacava quando dava, um futebol um tanto tranquilo pelo resultado do jogo de ida. Mesmo tocando a bola com serenidade e cadência, a Roma chegou de maneira avassaladora. Aquilani, aos 18, acertou um verdadeiro míssil, que explodiu exatamente na forquilha do lado esquerdo do gol de Casillas. No rebote, o jovem volante-meia dominou e disparou novamente, desta vez um chute rasante, no canto direito, que o goleiro madrilenho desviou para a linha de fundo com destreza. Ainda houve uma terceira finalização, aos 28, que não teve o mesmo perigo das outras duas. Indícios claros de que a Roma jogava um futebol de muito mais consistência que o time da casa. Aliás, o time da casa até chegou com perigo no primeiro tempo, ainda que timidamente, com algumas poucas e boas subidas de Robinho ao ataque e finalizações de Julio Baptista. Muito pouco para um time que é o maior campeão da competição, com nove triunfos. Abuso de passes errados, teimosas tabelas pelo meio e débil marcação à frente da defesa. O Real Madrid pecou, e muito, na etapa inicial, e pagaria por isso nos 45 minutos finais.

Julio Baptista, com uma falta que acertou o travessão, no comecinho da segunda etapa, deu a entender que o Real atuaria diferente. E até o fez. Sufocou a saída de bola da Roma e partia com mais intensidade em direção ao gol de Doni. Mas a Roma não recuou, manteve o futebol ofensivo e ousado mostrado na etapa inicial. A regularidade funcionou. Aos 20, Vucinic, que entrou durante o segundo tempo, recebeu de Tonetto e acertou o travessão. Cinco minutos depois, o atacante montenegrino apareceu de novo, desta vez na faixa esquerda do campo, nos arredores da área, e foi agarrado pela camisa por Pepe. O beque brasileiro de 20 milhões de dólares recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Justo. Mais justo ainda foi o gol de cabeça de Taddei, aos 27, depois de cruzamento do inspirado Tonetto (foto acima: AFP). O Real, de tanto insistir em jogadas pelo meio, empatou, dois minutos depois. De Guti para Robinho, de Robinho para Raúl, que, impedido, girou e marcou seu gol de número 63 em competições européias. Ele agora, ao lado de Filippo Inzaghi, do Milan, é o maior goleador das competições européias. "Grande coisa!", pensou a Roma. Aos 47, depois de ao menos duas chegadas de muito perigo ao gol de Casillas, Vucinic se antecipou a zaga e ao goleiro Casillas e garantiu a vitória e a segunda classificação seguida da Roma para as quartas-de-final. Regularidade importante. A do Real Madrid nesta fase também: quarta eliminação consecutiva nas oitavas, a segunda para clubes italianos (em 2005, sob o comando de Luxa, "voou" diante da Juventus). A eliminação de ontem foi a única, das últimas, sofrida no Bernabéu. Melhor se contentar com o Campeonato Espanhol, onde o Barcelona também sofre do mesmo mal da irregularidade.

terça-feira, março 04, 2008

Um 'arsenal' de qualidades

O jogo da volta entre Milan e Arsenal começou com muita intensidade. A equipe da casa procurava manter-se no ataque, enquanto os ingleses tinham a preferência pelo jogo rápido. Mas o que se viu no decorrer do primeiro tempo foi uma inversão dos esquemas de jogo. O Milan, com um Kaká pouco inspirado, sofria com a falta de consistência quando tinha a bola nos pés, e deixou o Arsenal dominar a faixa central do campo. Restou, para a equipe italiana, usar a arma que dantes era usada pelo Arsenal, a do jogo rápido e com bolas esticadas para o ataque. Não deu certo. Na proposta de jogo do time de Arsene Wenger, que escalou apenas Adebayor no comando de ataque e cinco jogadores de meio-campo, a bola mudava de local a todo momento, tornando a marcação algo muito difícil de ser feito com eficiência, ainda mais para o Milan, time de defesa precária, obsoleta e lenta. O Arsenal então dominou completamente o jogo, e teve chances de marcar, como aos 34, quando Fabregas recebeu de Adebayor mas parou no travessão.

O segundo tempo foi um verdadeiro pesadelo para o Milan de Ancelotti. Os ingleses voltaram com um futebol ainda mais rápido e agora dispostos a marcar gols. O Arsenal arriscou mais e errou bastante. Já o Milan... Nem se pode dizer que a equipe jogou no segundo tempo. Fabregas fez logo questão de varrer qualquer esperança de classificação italiana aos 39, com um chute imprevisível e certeiro no canto direito de Kalac (foto acima: GettyImages/BBC). Adebayor, o inteligente e ágil atacante togolês, marcou o 23° gol dele na temporada nos acréscimos. A última vez que o Milan deixou a competição tão cedo foi em 2001, quando foi eliminada na segunda fase de grupos (os classificados iam direto para as quartas-de-final). A equipe heptacampeã da Liga, defensora do futebol conservador, rígido e pouco aberto a grandes novidades táticas, cedeu perante as pretensões de uma equipe jovem e de futebol dinâmico, que teve como melhor resultado um vice-campeonato (em 2006, perdeu para o Barcelona). Desta vez, nem Kaká pôde encobrir as rachaduras do frágil time do Milan. O presidente, Silvio Berlusconi, deseja esquecer a noite de hoje. Nada mais sensato que punir um dos (principais) responsáveis pelo fracasso. A carta de demissão deve ser encaminhada para Carlo Ancelotti no fim desta temporada.

sábado, março 01, 2008

A noite do título

Em jogo valendo pela 25ª rodada da Serie A italiana, os dois primeiros colocados, Inter e Roma, se enfrentaram no Sansiro. A nove pontos do líder, a Roma entrou em campo para o jogo mais importante da temporada. Uma vitória diminuiria a diferença de pontos e colocaria pressão no rival. A Inter, invicta até agora, entrou em campo com certa tranquilidade, mas já de olho no jogo da próxima semana da Liga dos Campeões, contra o Liverpool. A equipe de Roberto Mancini ainda tem mais dois adversários de peso até o fim do campeonato: a Juventus, em casa, na 30ª rodada, e o Milan, na 36ª. A invencibilidade pode cair em uma dessas partidas. Mas ela quase virou coisa do passado na quarta-feira, contra a Roma.

Lá e cá
O jogo foi disputado, repleto de chances de gol para ambas as equipes. A Roma jogava ligeiramente melhor, e incomodava o gol de Julio Cesar com mais frequência. Nem parecia aquela mesma equipe que enfrentou a Inter na 6ª rodada do campeonato, e foi goleada, em casa, por 4 a 1. A líder Inter teve a primeira grande chance do jogo. Crespo recebeu cruzamento de Vieira e acertou um belo voleio, que explodiu na trave direita do gol de Doni. A Inter apostava no jogo pela direita, com as subidas ao ataque de Maicon e as chegadas de Vieira. Mas era só. Com uma tática já conhecida, a que privilegia a subida dos volantes ao ataque, a Roma tinha mais consistência no meio-campo e chegava com muito mais facilidade ao gol adversário. A equipe da capital marcou o gol de abertura do placar aos 37 minutos. Tonetto recebeu de Vucinic na esquerda e, com liberdade, cruzou para Totti, artilheiro da Roma com 11 gols, se antecipar a Chivu e marcar o primeiro da Roma.

A ausência de Ibrahimovic e Cruz, machucados, deixou a Inter órfã de ações ofensivas. Mancini escalou apenas Crespo no ataque e colocou Figo para atuar um pouco adiantado. O ataque só foi arrumado com a entrada de Suazo no lugar do apagado Stankovic, no início do segundo tempo. Antes dos 20 minutos, Mancini ainda fez mais duas alterações: Balotelli (o herói do jogo contra a Juventus, na Copa da Itália) e o português Pelé. A posse de bola ficou mais equilibrada, e o jogo ainda mais intenso. A Inter tentava, a todo custo, chegar ao empate, e a Roma ainda conseguia incomodar a defesa interista nos contragolpes. Quem perdeu o equilíbrio, para a infelicidade da Roma, foi o zagueiro Mexès, expulso pelo segundo amarelo aos 38 minutos. Antes da saída do francês, o time da capital havia finalizado três vezes com perigo ao gol de Julio Cesar. Depois, quem tomou o controle da partida foi a Inter. Crespo parou em Doni aos 41, em bela testada para o gol. O empate aconteceria instantes depois. Depois do cruzamento da esquerda, Juan afastou a bola da pequena área. Zanetti a dominou antes da entrada da grande área, e finalizou com o pé direito no meio de dois zagueiros, a bola alcançando o canto esquerdo do gol de Doni (foto acima: Grazia Neri/Sports.it).

Um artilheiro inesperado, geralmente tímido diante do gol, que marcou o mais importante (e também o mais bonito) de sua carreira na última quarta-feira. Zanetti, líder e capitão da Inter há mais de 12 anos, foi fator decisivo no jogo mais importante do campeonato. Um jogo que pode ter dado o título para a Inter. Invicta, 18 vitórias e 7 empates, melhor ataque (50 gols), melhor defesa (15 gols) e nove pontos de diferença para o segundo colocado. O tri já não é mais possível, é bastante provável. E, desta vez, ele virá de maneira irrepreensível. Sem interferências jurídicas, corrupção da arbitragem ou punição para outras equipes. E bem no ano do centenário. A Inter nunca esteve tão bem.