O imperador é ele

O ano de 2009 é o melhor da carreira de Julio César. Na Inter de Milão, ele acumula desempenhos impressionantes. E ontem, ele salvou o Brasil de resultado desastroso em Quito

"Estou ali para isso", disse humildemente o homem do jogo de ontem entre Brasil e Equador, valendo pontos importantes nas eliminatórias sul-americanas para o mundial da África do Sul. O resultado não foi lá muito bom, como todos nós sabemos: a equipe brasileira vencia (injustamente) por 1 a 0, com gol de Júlio Baptista; mas o Equador, por meio de Noboa, igualou. A situação da tabela também não necessita de comentários. Porque a única coisa de interessante vista no jogo de ontem foi mesmo a atuação do humilde, mas grandioso goleiro Julio César.

Só não foi perfeito porque acabou tendo suas redes balançadas, a um minuto do fim do tempo regulamentar. Ainda, o goleiro impediu o que seria, talvez, uma vergonhosa derrota para o Equador. Com torcida, altitude e fôlego, o time da casa dominou completamente a partida. Os atônitos beques Luisão e Lúcio e os preguiçosos volantes contribuíram (apesar de formarem a melhor defesa das eliminatórias: 5 gols sofridos em 11 jogos), e muito, para que a tarefa de conter o ímpeto equatoriano fosse toda do guardião César. Ou melhor, imperador Julio César.

Oito clubes para quatro vagas

Na última semana, a Uefa definiu os confrontos das quartas de final da Liga dos Campeões. E há grande possibilidade de que três ingleses estejam nas semifinais

Como aconteceu nas últimas duas temporadas, é possível que três das quatro vagas nas semifinais sejam de clubes ingleses. O sorteio, por pouco, não deixou aberta a possibilidade de que quatro ingleses dominassem a fase semifinal. Os confrontos das quartas serão disputados nos dias 7 e 8 de abril (ida), e 14 e 15 do mesmo mês (volta). Emoção de sobra em confrontos já bem conhecidos dos fãs da Liga dos Campeões.

07/04

Villareal x Arsenal (volta: 15/04): Lembra-se de 2006? A semifinal entre os dois clubes foi marcada pelo equilíbrio e pela violência. O Arsenal, pelo resultado de 1 a 0 conseguido em Highbury (o último jogo em competições dos europeias dos gunners naquele estádio), foi para sua primeira final, mas acabou sendo derrotado pelo Barcelona de Ronaldinho Gaúcho e Cia. Desta vez, eu diria, os atuais quarto colocados de suas respectivas ligas devem fazer uma partida ainda mais equilibrada. E, em 2009, o jogo de volta será no Emirates Stadium. Vantagem para o Arsenal? Talvez, mas o Villareal costuma aprontar quando joga fora de seus domínios. E em casa, precisa de uma boa vitória. Na minha opinião, o jogo no El Madrigal terminará em empate. Tudo será decidido em Londres.

Manchester United x Porto (volta: 15/04): Na temporada 2003/04, quando do último embate entre os dois clubes, o Porto bateu o Manchester nas oitavas e foi campeão. Agora, Mourinho não está mais do lado Porto, inclusive foi eliminado com a Inter na fase derradeira pelo mesmo United, e a vantagem do confronto é toda da equipe de Sir Alex Ferguson. A defesa do título, porém, deve ser levada com cautela. Ainda não está nada definido. Lisandro López e Lucho mostram excelente desempenho nesta edição da Liga dos Campeões e podem surpreender pelo lado do Porto, que decididirá em casa. O jogo poderá marcar, para o Manchester, a vingança da eliminação de 2004 e a conquista de mais uma etapa rumo ao bi. O Manchester deve golear no Old Trafford e descansar na partida de volta. Aqui, o vencedor encara Villareal ou Arsenal. Pode pintar clássico inglês inédito na semifinal ou repetição do confronto da primeira fase. O United, porém, será sempre favorito.

08/04

Liverpool x Chelsea (volta: 14/04): É, talvez, o cortejo mais esperado de todos. Nas últimas quatro temporadas, três embates, sempre em semifinais, com vantagem para os reds de 2 a 1 no confronto. Em 2009, o Liverpool tem aplicado goleadas com extrema facilidade, com Torres e Gerrard arrasando as zagas adversárias. E o Chelsea perdeu o atacante Anelka por contusão. O francês ficará fora por três semanas. Notícia boa para Carragher e companheiros de zaga. Porém, o Chelsea decidirá em casa e tem a seu favor a história do ano passado. O clube havia empatado em Anfield Road, graças ao gol contra de Riise no fim do jogo. Em Stamford Bridge, vitória por 3 a 2 na prorrogação e classificação inédita para a final. O confronto promete ser tenso, emocionante e de tirar o fôlego. Não arriscaria apontar nenhum favorito.

Barcelona x Bayern (volta: 14/04): Blaugranas e bávaros têm os melhores ataques desta competição: 24 gols cada. Não sei se as duas partidas decisivas terão lá tantos tentos assim, mas, pelo menos, devem ser bem movimentadas. Barcelona e Bayern possuem equipes leves, de passes e lançamentos rápidos e fulminantes contra-ataques. Do lado espanhol, Iniesta e Yaya Touré se contundiram no fim de semana passado e, possivelmente, não estarão em forma para o primeiro jogo do confronto, que acontece no Camp Nou. Messi, Henry e Eto'o, que marcaram metade dos gols do Barcelona, precisaram marcar no jogo de ida. Porque Ribery, Toni, Podolski e Klose, juntos, autores de 15 gols do Bayern, geralmente não deixam de balançar as redes no Allianz Arena. Igualdade estatística, futebol mais ou menos parecido, mas o Barcelona é mais time, mesmo tendo que decidir fora de casa.

WOW!

O que dizer deste Liverpool de Benítez, Gerrard (foto: PA/BBC) e Torres, hein? Massacre na Liga dos Campeões, contra o Real Madrid, e ontem, uma aula de futebol no Old Trafford. O time do momento não é o Manchester United, mas o Liverpool

No primeiro texto de fevereiro, quando falava sobre a vitória do Liverpool sobre o Chelsea, lembro-me bem de que arranquei elogios aos reds. O Manchester possui um jogo a menos na tabela do Inglês e quatro pontos de distância para Chelsea e Liverpool. Mas o melhor futebol do campeonato, pelo menos na segunda parte da temporada, é da equipe dirigida pelo talentoso e sagaz Rafael Benítez e impulsionada pela liderança de Gerrard e pelos gols de Torres.

Mesmo que não cheguem ao título do Inglês, coisa que não acontece desde a temporada 1989/90, os reds esperam terminar a temporada com fôlego de potenciais campeões do próximo verão. Agora, na atual temporada, o objetivo principal parece ser mesmo a Liga dos Campeões e a busca pelo hexa. Dos oito clubes que disputarão a fase de quartas de final, quatro são ingleses. Mas o Liverpool, dentre todos, é o que possui mais títulos: cinco. A motivação da equipe também é digna de citação. Pela quarta vez seguida, o clube avança para a fase dos oito melhores da Europa. E nada melhor do que ter avançado com uma estrondosa goleada sobre o maior campeão da competição, o agora-nem-todo-poderoso-assim Real Madrid.

Mas ontem, ontem sim, o Liverpool provou que não é time apenas de Liga dos Campeões. Jogou no Old Trafford como se jogasse no Anfield Road. Começou perdendo, é verdade: gol de pênalti de C. Ronaldo, depois da infração cometida por Reina em Park. Depois, o United parou e o Liverpool atropelou. Aos 28, lançamento da defesa, trapalhada de Vidic, e gol de Torres. Dezesseis minutos depois, Gerrard cai e Gerrard bate o pênalti que deu ao Liverpool a liderança na partida. No segundo tempo, mais dois. Fabio Aurelio, falta cobrada com precisão aos 22. E Dossena, reserva que também marcou o último contra o Madrid, aqui também marcou o último contra o United.

O Inglês desta temporada deve ir para a conta de Ferguson novamente. Mas Rafa Benítez deve colher os frutos do excelente trabalho realizado desde o verão de 2004 no Liverpool em breve, acredito eu, muito em breve.

Resultados e classificação da Premier League no BBC Sport.

Quem sai? Quem fica?

A primeira rodada da Liga dos Campeões foi marcada pelo equilíbrio: metade das oito partidas de ida acabaram em empate. Uma promessa de muito equilíbrio também nos jogos de volta. Em três confrontos, o vencedor só saiu de campo com 1 a 0 de vantagem. Exceto o Bayern de Munique, que goleou o Sporting em Portugal por 5 a 0 e mostrou que não está para brincadeira nesta temporada. Confira abaixo um pequeno preview dos confrontos decisivos da próxima semana. Quem sai? Quem fica? Ter certeza absoluta é impossível, mas o possível (e o divertido) é tentar adivinhar.

10/03

Real Madrid x Liverpool (ida: 0 x 1, na Espanha): A cabeçada perfeita a oito minutos do fim, dada pelo ágil israelense Benayoun (Getty Images/UEFA), deu ao Liverpool uma impressionante vitória no jogo do Santiago Bernabéu, há duas semanas. Quatorze títulos em campo, 9 do lado espanhol e cinco do lado inglês, prometem um jogo de muito nervosismo, marcação por pressão e equilíbrio em Anfield Road. Pelo retrospecto recente, diria que o Liverpool passará pelo Real, talvez com um empate com gols.

Villareal x Panathinaikos (ida: 1 x 1, na Espanha): O Panathinaikos, vice-campeão europeu em 1970/71, quando perdeu para o Ajax, surpreendeu na primeira fase, ao deixar a Inter de Milão em segundo no grupo B e eliminar o Werder Bremen, favorito para uma das vagas junto com os italianos. E que ninguém diga que os gregos são zebras da competição. Viajaram a Espanha, conseguiram um belo empate por 1 a 1 (chegaram a estar vencendo o jogo, graças ao belo gol de Karagounis) e reservam um jogo duríssimo em Atenas. O Villareal foi surpresa em 2005/06, quando só parou naquela polêmica semifinal contra o Arsenal, e, se passar, também não será surpresa alguma. No confronto dos "pequenos", acredito que os gregos passem pelos espanhóis com uma boa vitória.

Chelsea x Juventus (ida: 1 x 0, na Inglaterra): O novo Chelsea de Hiddink ainda precisa de ajustes para rerguer o futebol que fez do clube bicampeão inglês e atual vicecampeão europeu. Drogba provou estar se recuperando bem. Foi dele o gol da vitória no jogo de ida. Mas, do outro lado, está a Juventus, bicampeã européia, equipe de ótimo poderio ofensivo e forte linha defensiva. Na Itália, não creio que os ingleses consigam marcar gols nos rivais italianos. A Juventus deve sair vencedora no confronto.

Sporting x Bayern (ida: 0 x 5, em Portugal): Alguém ainda acredita no Sporting? O Bayern já está classificado e mesmo assim massacrará o pobre Sporting com nova goleada.

11/03

Internazionale x Manchester United (ida: 0 x 0, na Itália): A Inter passou por maus bocados no jogo de ida, especialmente no primeiro tempo e no fim de jogo. A impressionante atuação de Júlio César (Getty Images/UEFA) evitou o pior para Mourinho, ex-rival e ex-algoz dos diabos vermelhos. O Manchester estará endiabrado no Old Trafford, correndo a passos largos para tornar 2008/09 a melhor temporada da história do clube. A Community Shield (a Supercopa da Inglaterra, disputada antes do início da temporada: 1 a 0 para o Man. United contra o Portsmouth) e a Copa da Liga já estão nas mãos de Ferguson. Para completar uma jornada perfeita, faltam a Premier League, a Liga dos Campeões e a Copa da Inglaterra. O Inglês já está no colo do Manchester. A Copa da Inglaterra tem valor mais simbólico e patriótico do que qualquer outra coisa. O que interessa realmente é o bi europeu (ou melhor, tetra). A Inter perde, mesmo com Júlio César.

Arsenal x Roma (ida: 1 x 0, na Inglaterra): Se nas oitavas de final da temporada passada, os três confrontos entre ingleses e italianos terminaram com vantagem de 2 a 1 para os britânicos, este ano deve ser exatamente o contrário. O Arsenal venceu com gol de pênalti de Van Persie, na ida, mas não deve aguentar a pressão de uma Roma em ascensão no Olímpico.

Lyon x Barcelona (ida: 1 x 1, na França): Henry salvou o Barcelona de derrota na França, em um jogo de poucas chances e muito equilíbrio. O Lyon é o mesmo time enjoado de sempre, que joga nos contra-ataques e possui excelente pontaria, especialmente quando Juninho está com a bola nos pés. O Barça, porém, é líder do Espanhol e, com um trio ofensivo de impressionar e assustar, deve passar pelos franceses com uma boa vitória. Só o Manchester pára esse Barcelona, eu diria.

Atlético de Madrid x Porto (ida: 2 x 2, na Espanha): Desde que surpreendentemente papou a Liga dos Campeões, sob o comando de Mourinho, em 2003/04, o Porto não conseguiu mais vencer a fase de oitavas de final. Nas quatro temporadas passadas, em três oportunidades parou entre os 16 melhores do continente. Mas, desta vez, as quartas de final estão muito perto dos portugueses. O time buscou o resultado por duas vezes no jogo do Vicente Calderón, contra um Atlético sedente por sucesso em uma competição que há muito tempo não participava (desde 1996/97: parou nas quartas, diante do Ajax). A pretensão dos espanhóis será enterrada pela ambição dos portugueses, principalmente se Lisandro López jogar com a mesma gana do jogo de ida, quando marcou os dois tentos do Porto.