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terça-feira, novembro 18, 2008

O avançado Pauleta diz adeus

Goleador do Paris Saint-German e de Portugal anunciou ontem sua despedida do futebol, em entrevista ao jornal francês Le Parisien

O português de 35 anos Pedro Miguel Carreiro Resendes, mais conhecido pelo apelido de Pauleta, não é nenhum craque. Não possui a mesma habilidade de seus contemporâneos famosos, a exemplo de Figo, Deco, Cristiano Ronaldo, Quaresma e Nani. Mas ele carrega, desde o começo da carreira, uma qualidade irrefutável: a facilidade para marcar gols.

Os números não mentem
Pelo Paris Saint-German (foto: DR/RTP), clube pelo qual mais jogou (2003 a 2008), Pauleta balançou as redes adversárias 109 vezes: é o maior goleador da história do time, pelo qual conquistou duas Copas da França e uma Copa da Liga. Na Ligue 1, foi o artilheiro da temporada em três oportunidades (uma pelo Bordeaux e duas pelo PSG).

Pela seleção de Portugal, disputou duas Copas do Mundo, duas Eurocopas, e se despediu da seleção das “quinas” após o terceiro lugar em 2006, com uma história de muitos gols. Foram 47 em 88, marca que ocupa a primeira posição no ranking de artilheiros da seleção, logo acima dos 41 gols do mítico Eusébio.

E, mesmo assim, não são poucos os momentos em que a titularidade de Pauleta foi discutida. Para a sorte do próprio atacante, Nuno Gomes, seu substituto imediato, nunca correspondeu à altura a cargo do ataque. Porque Pauleta, apesar da pouca mobilidade e habilidade, dominava a grande área na terra e no céu. Além da finalização certeira, Pedro Miguel também cabeceava muito bem.

Vida pós-aposentadoria
O contrato com o Paris Saint-German terminou no fim da última temporada. O jogador recebeu propostas financeiramente interessantes de clubes da Europa, dos Estados Unidos e do Golfo Pérsico, mas preferiu deixar o esporte. O Mônaco, clube dirigido pelo brasileiro Ricardo Gomes, mostrou sério interesse em contratá-lo, no entanto Pauleta refutou a proposta por fidelidade ao PSG.

O que ele deseja agora é se dedicar à família e à escola de futebol criada por ele em Açores, onde nasceu. Mas não se desligará completamente da França. Pauleta deseja ser embaixador do PSG e olheiro do clube em Portugal e na Espanha. Na próxima semana, o jogador lançará sua biografia em Paris, que dará destaque à sua passagem pelo clube da capital francesa. “Foi o clube que me fez a proposta para o livro. Penso que é uma boa idéia e uma maneira de deixar alguma coisa aos adeptos, para lhes agradecer pelos cinco anos passados com eles”, explicou ao periódico Diário de Notícias.

Apesar do apelido despojado e cômico, curiosamente semelhante à “palerma”, o simpático e discreto Pedro Miguel Carreiro Resendes talvez seja um dos últimos centroavantes clássicos de que tivemos notícia no futebol europeu. E ele está saindo dos gramados para nunca mais voltar.

sábado, novembro 15, 2008

A força de Del Piero

A já conhecida 'língua-de-fora' não é de cansaço, mas de desabafo e de felicidade após o gol contra o Real Madrid. Na Liga dos Campeões, Juventus é sinônimo de Del Piero (foto: Getty Images)

La Vecchia Signora tinha tudo para aparecer discretamente na Liga dos Campeões e fazer uma campanha no máximo satisfatória no italiano. Mas o que se tem visto é uma Juventus sedenta por vitórias, bastante agressiva no ataque e tradicionalmente rígida na defesa. É a sede por título. E parte dessa vontade tem se verbalizado em Alessandro Del Piero.
Isso mesmo. Recém-completados 34 anos na última semana, no dia nove, Del Piero continua sendo o líder de um time que, mesmo com crises financeiras e organizacionais, debandada de jogadores e mudanças de técnico, mantém um espírito competitivo inquebrável e irrepreensível. O atacante, ou meia-atacante para alguns, ainda bate faltas com precisão, cadencia a posse de bola com inteligência e objetividade, e finaliza com firmeza. É a qualidade e a experiência que a equipe precisa para se manter competitiva.

E o que falar de Claudio Ranieri? Treinador conhecido por dirigir equipes de tradição, grandes jogadores, mas nunca conseguir sucesso (foi assim com Chelsea e Valencia), desta vez ele tem feito o certo: falado menos e pensado mais. Apesar da língua afiada, Ranieri tem adotado uma postura estratégica muito bem delineada em campo, com privilégio na proteção à zaga e numa marcação que objetiva a saída rápida para o ataque. E este último elemento fica a cargo da criatividade de Nedved, do poder de artilharia de Amauri e da experiência de Del Piero.

Se na Série A o artilheiro da Juventus é o prolífico centroavante brasileiro Amauri (entre os cinco melhores, com seis gols), completamente recuperado da lesão no joelho que o privou de jogar o último verão, quem dá as cartas dos bianconeros na Liga dos Campeões é Del Piero. Com quatro gols marcados em quatro rodadas, ele divide a artilharia com Messi, Berbatov e Gerrard. A Juventus é líder do grupo H, lidera com 10 pontos, e deixa para o inofensivo Real Madrid a segunda posição. Venceu os merengues dentro e fora de casa. E vejam só. Dos quatro gols marcados pelos italianos, três foram de Del Piero.

A vitória no Santiago Bernabéu classificou a Juventus para as oitavas e mostrou ao continente que a equipe permanece incansável nos gramados. Se o espírito da tradição e da eficiência estratégico-tática não se esvanecer e Del Piero (+ Amauri) continuar jogando o futebol que fez dele o atleta mais importante do campeonato italiano nos últimos dez anos, La Vecchia Signora pode terminar a temporada com pelo menos mais uma nova taça nas mãos.

Veja os melhores momentos da segunda vitória da Juventus sobre o Real Madrid, com dois bonitos gols de Del Piero:

domingo, novembro 02, 2008

Doeu, Glock...

E muito. Voltas atrás de voltas, Massa firme em primeiro e Hamilton seguro em quarto. O título estava nas mãos do inglês. A chuva forte que atrasou a largada volta a menos de 10 voltas do fim, e trocam-se os pneus. Massa em primeiro, Hamilton agora em quinto, ainda campeão. Mas no fim da antepenúltima volta, Steve Vettel, que neste ano se tornou o mais jovem piloto a fazer a pole e vencer um Grand Prix, em Monza, surpreende Hamilton, desloca o britânico para sexto e dá esperança aos brasileiros de ver Massa campeão em casa. O alemão Vettel sustentou com autoridade a quinta posição, mesmo com seus apenas 21 anos de idade. E Massa, minutos depois, rasgava a linha de chegada em primeiro: três GPs no Brasil, três poles e duas vitórias de Felipe. O título dependia da competência de Vettel. Mas eis que Glock, na junção que coloca os carros no mergulho final, perde força no motor Toyota, é ultrapassado por Vettel e em seguida por... Lewis Hamilton. Massa (foto: AFP/BBC), Ferrari e os brasileiros tiveram apenas uma sensação de título, eterna, epifânica e absurda, bem verdade, mas por efêmeros instantes. A corrida das pancadas de chuva imprevisíveis, da despedida melancólica de Coulthard, das três voltas finais mais emocionantes da última década, do campeão mais jovem de todos os tempos, da cruel última curva... e de um certo alemão da Toyota que entorpeceu toda uma nação.