Almas cintilantes
O placar mostra 1 a 0 para as estadunidenses. E daí? Da outra vez foi 2 a 1. E daí? As deles são bicampeãs olímpicas. As nossas são bi-vice-campeãs olímpicas. E daí? Medalha diz pouco. O ouro diz pouco. Coração vale mais. Luta vale mais. Vontade vale mais. Talento vale muito mais. A história, o número, o quadro de medalhas... mostra prata, enumera prata, evidencia prata. Pra mim é ouro. O segundo ouro. O ouro de Marta, Cristiane, Daniela, Formiga. O ouro de todas elas. A medalha de ouro é mero detalhe, adereço, enfeite. Mais vale aquele amarelo da camisa. Mais vale o suor incolor, fluído da vontade incontrolável, do esforço sobrehumano. Mais vale o urro do desabafo. Mais vale o torpor diante do azar. Mais vale o choro contido no fim do teste, gemido lancinante, penetrante. É a legião das sensações exaladas e do dom sem medida. Estadunidenses de prata no pescoço. Brasileiras de alma dourada. De coração que vale mais que todo o ouro que possamos imaginar (foto: Getty Images/Terra).