Em cerimônia profundamente burocrática (e cômica), Brasil é confirmado para 2014
- Nesta terça-feira, a Fifa anunciou o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, em cerimônia da entidade realizada em Zurique, na Suíça. O órgão máximo do futebol mundial fez uma apresentação da candidatura brasileira e depois confirmou o país como sede do mundial, 64 anos depois da única vez em que o Brasil recebeu o torneio. Curiosamente, em 1950, também não havia concorrentes para organizar a copa. Blatter (na foto abaixo, ele mostra o envelope dos sonhos do povo brasileiro: AFP) deixou o rodízio de lado, que colocaria uma seleção européia após o mundial da África, e mostrou que o país terá total apoio da Fifa. Ainda na cerimônia, a Alemanha venceu o Canadá na disputa para sediar o mundial feminino, e vai receber o torneio em 2011.
A ausência de Pelé
- Na mesa de cerimônia, estiveram presentes: o presidente Lula, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, Romário, convidado de Teixeira, Dunga e Paulo Coelho. Isso mesmo, o esotérico e popular escritor que parece mais europeu do que brasileiro - ele nem mesmo mora no Brasil;
atualmente, reside na França - esteve na comitiva do Brasil na Suíça.
- Sentiu falta de alguém? Ah, sim. O maior vencedor de copas do mundo, Pelé, não esteve presente no acontecimento mais importante do futebol brasileiro desde a conquista do mundial da Ásia em 2002. Quando perguntado por um jornalista da Reuters, uma agência internacional de notícias, sobre a ausência do Rei, Ricardo Teixeira desconversou. Ressaltou a importância de Pelé para o futebol mas disse que o país estava muito bem representado por Dunga e Romário. Pelé estava em Colônia, na Alemanha, apresentando um projeto que levará campos sintéticos de futebol a países africanos. Nas entrevistas, ele negou que tenha qualquer desavença com o presidente da CBF, e disse que não pôde comparecer por causa de problemas na agenda. Sinceramente, não dá pra acreditar que o Rei do Futebol não conseguiria uma brecha entre suas "campanhas de marketing" para representar o Brasil em um evento tão importante, como foi o de hoje em Zurique. Apesar das afirmações amistosas, ou melhor, tolerantes de ambos os lados, CBF e Pelé estão, claramente, de mal.
Gafes, como é de praxe
- Bom, as primeiras tinham que ser dele, do presidente Lula (na foto abaixo, ele segura a taça e conversa com Dunga e Romário: Reuters). Na sua fala, ele provocou os argentinos, dizendo que o Brasil vai "realizar uma Copa do Mundo para argentino nenhum botar defeito". Uma declaração totalmente desnecessária, já que a AFA, a Federação Argentina de Futebol, demonstrou, por diversas vezes, apoio à realização do mundial em solo brasileiro (ainda sobre a AFA, há uma proposta para que o mundial de 2030 seja dividido entre Argentina e Uruguai). Depois, Lula cometeu uma gafe ainda maior, ao se dirigir para o presidente da Uefa, Michel Platini. "Choramos, Platini, quando você marcou um pênalti em nós", referindo-se à derrota do Brasil para a França nas quartas-de-final do mundial de 1986, sediado no México. Na verdade, o francês até marcou um gol, mas não foi de pênalti. O jogo terminou em 1 a 1 e foi para a disputa de pênaltis. Platini errou a sua tentativa, mas, como sabemos, a França passou para as semifinais, quando foi eliminada pela Alemanha Ocidental.
- Ricardo Teixeira também não ficou muito atrás. Quando a cerimônia cedeu espaço para perguntas dos jornalistas, ele se mostrou claramente incomodado com as perguntas dos entrevistadores estrangeiros. Uma repórter norte-americana da Associated Press (AP), agência internacional de notícias, mostrou preocupação quanto à questão da violência no país, e indagou ao presidente como o Brasil solucionaria essa situação. Teixeira, claramente infeliz com a pergunta, disse que a violência é um p
roblema de ordem mundial e inclusive enfatizou uma suposta hostilidade de Canadá, Estados Unidos e Inglaterra para com os brasileiros. Isso sem falar na falta de educação do presidente, que antes de responder a pergunta, ficou impaciente e curioso em saber a origem e o veículo que a repórter representava.
- Seria muito mais fácil propor soluções para a resolução da violência no país e admitir que muita coisa precisa ser feita até 2014. Mas Ricardo Teixeira não é o mais indicado para responder esse tipo de pergunta. Seria mais significativo que o presidente Lula ou qualquer um dos 13 governadores estaduais que estiveram na cerimônia respondessem à pergunta da jornalista - os líderes de estado foram para a Suíça claramente com interesses políticos em levar partidas do mundial para seus estados e usar as obras como forma de trampolim eleitoral. E esses interesses estendem-se até o pontapé inicial da Copa.
De olho na organização
- A Fifa prometeu fiscalizar o andamento das obras e da infra-estrutura que será levantada para receber o torneio. Os mais pessimistas dizem que, se houver maiores problemas, o Brasil perde a sede, e a briga para sediar o mundial ficará entre a Inglaterra, anfitriã das Olimpíadas de 2012, em Londres, e provável sede da Copa de 2018, e Estados Unidos, sede em 1994. Tomara que Ricardo Teixeira e CBF conduzam com bom-senso e inteligência a organização da copa. Torçamos também, para que não haja desvio de verbas públicas, corrupção financeira e gastos excessivos - no Pan, por exemplo, o orçamento final foi dez vezes maior que o inicial.
- Ricardo Teixeira, ao responder uma pergunta de um jornalista brasileiro, disse que o evento de 2014 será a "Copa do povo". Esperamos que tudo corra bem, e que o torneio traga benefícios para o país. Na atual situação do Brasil, o mais importante não é vencer o torneio, mas fazer com que o povo ganhe alguma coisa com a realização do segundo evento esportivo mais importante do universo em terras brasileiras.
A ausência de Pelé
- Na mesa de cerimônia, estiveram presentes: o presidente Lula, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, Romário, convidado de Teixeira, Dunga e Paulo Coelho. Isso mesmo, o esotérico e popular escritor que parece mais europeu do que brasileiro - ele nem mesmo mora no Brasil;

- Sentiu falta de alguém? Ah, sim. O maior vencedor de copas do mundo, Pelé, não esteve presente no acontecimento mais importante do futebol brasileiro desde a conquista do mundial da Ásia em 2002. Quando perguntado por um jornalista da Reuters, uma agência internacional de notícias, sobre a ausência do Rei, Ricardo Teixeira desconversou. Ressaltou a importância de Pelé para o futebol mas disse que o país estava muito bem representado por Dunga e Romário. Pelé estava em Colônia, na Alemanha, apresentando um projeto que levará campos sintéticos de futebol a países africanos. Nas entrevistas, ele negou que tenha qualquer desavença com o presidente da CBF, e disse que não pôde comparecer por causa de problemas na agenda. Sinceramente, não dá pra acreditar que o Rei do Futebol não conseguiria uma brecha entre suas "campanhas de marketing" para representar o Brasil em um evento tão importante, como foi o de hoje em Zurique. Apesar das afirmações amistosas, ou melhor, tolerantes de ambos os lados, CBF e Pelé estão, claramente, de mal.
Gafes, como é de praxe
- Bom, as primeiras tinham que ser dele, do presidente Lula (na foto abaixo, ele segura a taça e conversa com Dunga e Romário: Reuters). Na sua fala, ele provocou os argentinos, dizendo que o Brasil vai "realizar uma Copa do Mundo para argentino nenhum botar defeito". Uma declaração totalmente desnecessária, já que a AFA, a Federação Argentina de Futebol, demonstrou, por diversas vezes, apoio à realização do mundial em solo brasileiro (ainda sobre a AFA, há uma proposta para que o mundial de 2030 seja dividido entre Argentina e Uruguai). Depois, Lula cometeu uma gafe ainda maior, ao se dirigir para o presidente da Uefa, Michel Platini. "Choramos, Platini, quando você marcou um pênalti em nós", referindo-se à derrota do Brasil para a França nas quartas-de-final do mundial de 1986, sediado no México. Na verdade, o francês até marcou um gol, mas não foi de pênalti. O jogo terminou em 1 a 1 e foi para a disputa de pênaltis. Platini errou a sua tentativa, mas, como sabemos, a França passou para as semifinais, quando foi eliminada pela Alemanha Ocidental.
- Ricardo Teixeira também não ficou muito atrás. Quando a cerimônia cedeu espaço para perguntas dos jornalistas, ele se mostrou claramente incomodado com as perguntas dos entrevistadores estrangeiros. Uma repórter norte-americana da Associated Press (AP), agência internacional de notícias, mostrou preocupação quanto à questão da violência no país, e indagou ao presidente como o Brasil solucionaria essa situação. Teixeira, claramente infeliz com a pergunta, disse que a violência é um p

- Seria muito mais fácil propor soluções para a resolução da violência no país e admitir que muita coisa precisa ser feita até 2014. Mas Ricardo Teixeira não é o mais indicado para responder esse tipo de pergunta. Seria mais significativo que o presidente Lula ou qualquer um dos 13 governadores estaduais que estiveram na cerimônia respondessem à pergunta da jornalista - os líderes de estado foram para a Suíça claramente com interesses políticos em levar partidas do mundial para seus estados e usar as obras como forma de trampolim eleitoral. E esses interesses estendem-se até o pontapé inicial da Copa.
De olho na organização
- A Fifa prometeu fiscalizar o andamento das obras e da infra-estrutura que será levantada para receber o torneio. Os mais pessimistas dizem que, se houver maiores problemas, o Brasil perde a sede, e a briga para sediar o mundial ficará entre a Inglaterra, anfitriã das Olimpíadas de 2012, em Londres, e provável sede da Copa de 2018, e Estados Unidos, sede em 1994. Tomara que Ricardo Teixeira e CBF conduzam com bom-senso e inteligência a organização da copa. Torçamos também, para que não haja desvio de verbas públicas, corrupção financeira e gastos excessivos - no Pan, por exemplo, o orçamento final foi dez vezes maior que o inicial.
- Ricardo Teixeira, ao responder uma pergunta de um jornalista brasileiro, disse que o evento de 2014 será a "Copa do povo". Esperamos que tudo corra bem, e que o torneio traga benefícios para o país. Na atual situação do Brasil, o mais importante não é vencer o torneio, mas fazer com que o povo ganhe alguma coisa com a realização do segundo evento esportivo mais importante do universo em terras brasileiras.