De todo mundo e de ninguém
O campeonato mais imprevisível da Europa promete um fim de temporada dos mais emocionantes, intensos e disputados dos últimos tempos
Entre os principais campeonatos nacionais europeus, a Bundesliga, a primeira divisão alemã, é certamente o mais disputado. A diferença de pontos do líder para o oitavo colocado é de apenas dez pontos. E a cada rodada a luta pelo topo fica mais acirrada. Na última rodada, (21ª) o Hamburgo bateu o Bayer Leverkusen por 2 a 1, assumiu a ponta com 42 pontos e deixou Hoffenheim e Hertha Berlin, que vinham revezando na liderança, a dois pontos do pico. Os dois times, com 40 pontos, ocupam as outras duas vagas para a Liga dos Campeões, enquanto o Bayern (38) luta para não se desgarrar da disputa e não dar vexame no fim da temporada.
Se as últimas temporadas foram completamente dominadas pelo Bayern de Munique, (das últimos dez, sete ficaram nas mãos dos bávaros) que sofria leve pressão de Werder Bremen (campeão em 2004), Schalke 04 e Stuttgart (levou o título em 2007), a atual temporada marca o retorno de times tradicionais à disputa e o aparecimento de algumas zebras (ou para ser mais exato, de uma zebra).
Tradicionais e agora poderosos
Hamburgo e Bayer Leverkusen protagonizaram a partida mais importante da última rodada (Aogo e Mathijsen, do Hamburgo, celebram os dois gols da vitória marcados por Jansen: The Canadian Press). O Bayer perdeu, mas a quinta colocação mostra que a equipe pode, no mínimo, lutar para terminar o campeonato na frente do rival Bayern. Vencer a Bundesliga, que seria um feito inédito, é um pouco improvável, mas uma boa campanha já será uma evidência de que a tradicional equipe entrou nos trilhos.

O Hertha Berlin tinha o mal costume de fazer temporadas completamente insossas. Nem chegava na zona de classificação das copas européias, nem passava por maus bocados na zona da degola. Mas, desta vez, o time se acertou, tem a melhor defesa dos primeiros seis colocados e já mostrou que terá fôlego para chegar ao final do verão com possibilidade de título, que seria o primeiro da história do clube.
Campeão de outono e possível campeão de verão
O Hoffenheim papou, eu diria, até com certa tranquilidade, o primeiro turno da Bundesliga. E começou a preparação para o verão com grande estilo. No mês de janeiro, inaugurou sua nova casa, a Rhein-Neckar-Arena, com capacidade para pouco mais de 30 mil torcedores (custou 60 mi de euros). Em 2000, a equipe estava na quinta divisão do futebol alemão e em apenas oito anos chegou à elite. O crescimento meteórico foi alavancado pelo endinheirado empresário de softwares Dietmar Hopp. O alemão chegou a jogar nas divisões de base do clube, mas mostrou mais talento como empreendedor e investidor da agremiação, posto que assumiu em 1990.

O elenco de base é todo formado por alemães, mas são os estrangeiros que fazem do equipe um sério candidato ao título alemão (o que seria um feito absolutamente extraordinário, uma revolução no futebol local). As principais figuras são os grandalhões Ibisevic, 1,88 m, (18 gols em 17 partidas) da Bósnia-Herzegovina, o ainda mais alto (1,90 m) senegalês Demba Ba (11 gols) e o baixinho meia-atacante brasileiro Carlos Eduardo (6 gols), ex-Grêmio. Em janeiro, porém, Ibisevic passou de maior revelação da temporada para desfalque permanente, devido a uma séria lesão ocorrida no joelho direito, que o deixará fora dos gramados até o fim do campeonato. O velocista marfinense Sanogo, que tinha poucas chances no Werder Bremen, chegou por empréstimo no fim de janeiro para repor a perda do artilheiro bósnio.
Com um time jovem (o jogador mais velho é o goleiro ex-Stuttgart Hildebrand, de 29 anos), bem montado e de excelente situação financeira, o Hoffenheim promete lutar até o fim pelo inédito título da Bundesliga. Mas nenhuma previsão é segura em um campeonato onde não há favoritos e os seis primeiros tem campanhas semelhantes. O desfecho será imperdível.
Resultados e classificação da Bundesliga no Futebol Alemão por Gerd Wenzel.