Como é timida essa Holanda. É claro que não dá para comparar o time atual aos finalistas de 1974 e 1978, mas é preciso dizer que o futebol atual é, no mínimo, menos sofisticado. O primeiro gol de hoje, iniciado por lançamento de Sneijder e drible + finalização de Robben, foi espetacular. Mas logo Van Bommel diminui a distribuição de bolas aos mais talentosos do time, o capitão Bronckhorst passou a administrar a bola no campo de defesa, e a atmosfera ofensiva desapareceu. Igualzinho à Itália. Quando é a Itália, tudo bem, todo mundo compreende, esse é o jogo deles. Se é a Holanda, não tem graça nenhuma. A Eslováquia, que jogou com o habilidoso -- mas contraproducente -- Vladimir Weiss, filho do técnico Vladimir Weiss, que por sua vez é filho de Vladimir Weiss, também ex-jogador e ex-técnico... Calma, vou começar tudo de novo! A Eslováquia chegou perto do gol, porque o adversário recuou, e isso mesmo sem uma boa apresentação de Hamsik. A Holanda conseguiu mais do que isso, e fez o segundo graças a Kuyt, com a assistência, e Sneijder, com o gol. Aliás, Sneijder é o grande destaque da seleção nesta copa, um dos jogadores que mais tem me agradado no mundial. Vittek, de pênalti, se igualou a Higuain na artilharia do torneio, pois Stekelenburg está apoiando o aumento da média de gols por jogo na copa da África, e fez um pênalti tolo no centroavante -- Roberto Rosetti e sua equipe de arbitragem, reprovando o gol inglês mal anulado por Jorge Larrionda, validaram o gol de Tévez ontem, uma atitude que também comprova a preocupação de alguns mediadores com a quantidade de gols.
O Chile começou mandando no jogo. Nos primeiros 5', os brasileiros mal tocaram na Jabulani. Depois, o Brasil passou a comandar o jogo, mas sempre procrastinando as jogadas ofensivas, voltando o jogo para Gilberto Silva, e este recuava para Lucio, Juan e por fim Julio Cesar. Um jogo dos mais chatos de se assistir. Sem conseguir vencer destravar o cadeado chileno no meio de campo, Lucio, pouco lúcido como sempre, tomava a bola para si, driblava dois, três meias adversários e enfim distribuía o jogo para os laterais -- que jogaram muito mal, de novo -- ou para Kaká e Robinho. Os dois jogaram, digamos, o suficiente. É que o Chile não conseguiu manter a pressão sobre Gilberto Silva e Ramires por muito tempo, e o futebol dos nossos ofensivos começou a aparecer -- ainda que timidamente. Aliás, os volantes também jogaram bem, muito bem -- eu achei. Juan marcou de cabeça. Quatro minutos depois, Robinho e Kaká finalmente entenderam que é sempre melhor tentar o passe fácil, em vez do toque de letra, de calcanhar, do gracejo, e deixaram Luís Fabiano livre para driblar Bravo e fazer o terceiro dele na competição. Pobre Chile. Voltou para o segundo tempo tramando alguma coisa no ataque, se arriscando sem medo de levar mais gols. Bielsa botou o time pra frente, Suazo enfim entrou no jogo, mas não deu. Quero dizer, o placar de 3 a 0, alcançado com o gol de Robinho (foto: AFP/Terra) -- o primeiro em mundiais --, assistência de Ramires, poderia ter sido mais tímido -- um 2 a 1 --, porque o Brasil não jogou isso tudo, e o Chile não jogou tão mal. Nas quartas, Brasil x Holanda. Galvão Bueno disse que será um jogo "de alta decisão". Argentina x Alemanha também. Acho que temos uma Copa do Mundo.