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quinta-feira, maio 24, 2007

Kaká e Inzaghi garantem ao Milan o hepta da Liga dos Campeões

- Final da Liga dos Campeões, temporada 2006-2007. Chance de redenção para o Milan e de nova glória para o Liverpool. Nem é preciso salientar o que ocorreu há duas temporadas atrás. Apesar de jogadores como Kaká terem dito que não pensavam em revanche contra os ingleses, o certo é que a equipe italiana entrou em campo querendo ao menos encobrir aquela histórica derrota. E a equipe mostrou ao longo da segunda fase, que mesmo com uma temporada difícil, chegava em igualdade para enfrentar o Liverpool. Os ingleses também se mostravam confiantes para a partida. Era a chance de chegar ao sexto título e ficar em igualdade com o Milan entre os maiores campeões do torneio. Era a oportunidade também do clube se sagrar como o rei do "mata-mata".
- Benítez, como é do seu feitio, já surpreendia a todos na escalação do Liverpool. Ele colocou apenas Kuyt no comando de ataque e deixou Gerrard em uma posição mais avançada. Para o lugar do capitão, o técnico espanhol escalou Pennant na meia direita. O Milan entrou com sua formação tradicional, que deu muito certo contra Bayern e Manchester United, com Inzaghi no comando de ataque e Kaká mais próximo da grande área. O escolhido para mediar a partida foi o árbitro alemão Herbert Fandel, que havia apitado a final da Copa da Uefa da temporada passada, disputada entre Sevilla e Middlesbrough.
Pennant, uma inesperada atuação. Inzaghi, um inesperado goleador
- Para quem esperava, como eu, um Milan dominante nos primeiros minutos, se enganou. Era o Liverpool quem mantinha a bola no ataque e agredia a defesa do Milan, principalmente com Pennant. Sim, foi ele mesmo quem aproveitou a frágil marcação no lado de Jankulovski e produziu as jogadas ofensivas mais claras do primeiro tempo. Foi assim aos 10 minutos de jogo. Pennant tomou a posse de bola de Jan, tabelou com Kuyt e bateu cruzado (na foto acima, ele finaliza marcado por Maldini: BBC). Mas Dida fez boa defesa. O Milan tinha dificuldades em usar a habilidade de Kaká e Seedorf, muito bem marcados e distantes um do outro no campo ofensivo. A primeira chegada do ataque italiano só aconteceu aos 17 minutos, em chute de Kaká bem defendido por Reina. O Liverpool além de conseguir marcar o ataque adversário, também dificultava a saída de bola do Milan, que insistia em usar apenas o lado esquerdo, o mais frágil da defesa. Aos 23, Mascherano iniciou o contra-ataque do campo de defesa e ligou em velocidade com Pennant. Ele virou o jogo para a esquerda na direção de Gerrard, mas o capitão se precipitou e chutou por cima do gol. Aos 27, outra chegada de perigo do Liverpool. Depois da finalização errada de Zenden e do desvio de Maldini, Xabi Alonso chutou rasteiro de fora da área, porém à esquerda do gol. Cinco minutos depois, novo chute de fora da área, desta vez de Riise, que também não encontrou a meta de Dida. As duas jogadas foram construídas por Pennant, que atrapalhava a saída de bola da defesa italiana e acelerava o jogo pela direita. Aos 36, o jovem meia inglês fez de novo. Jan saiu errado, Pennant tomou dele e passou para Gerrard. Kuyt recebeu no meio da área, mas finalizou em cima da zaga. O Liverpool era visivelmente melhor e o Milan não dava mostras de que poderia reagir, pelo menos não no primeiro tempo. Mas a dupla Kaká e Seedorf, tímida e bem vigiada pelos ingleses, mostrou porque foi a responsável por fazer de um desacreditado Milan, que por pouco não passou do Celtic nas oitavas-de-final, um time finalista de Liga dos Campeões. Seedorf, pela primeira vez no primeiro tempo, dominou a bola e teve a chance de fazer um passe preciso para Kaká. O brasileiro, artilheiro da liga com 10 gols, dominou na entrada da área e sofreu falta de Xabi Alonso. Pirlo cobrou no canto do goleiro, mas, no meio do caminho, a bola encontrou o tronco de Inzaghi, que desviou a bola para o canto esquerdo do gol. Não foi como em 2005, quando o Milan abriu o placar com menos de 1 minuto de jogo com Maldini, o gol mais rápido em final de Liga dos Campeões. Foi mesmo aos 45, quando o Milan não atuava bem. Por enquanto, tudo diferente de Istambul.
Persistência X Pertinência
- O Liverpool continuou com a mesma postura do primeiro tempo: procurava marcar a saída de bola do Milan e usar o lado direito. Mas a tática já não era mais tão original assim. O Milan conseguia sair do bloqueio na saída de bola, impor uma marcação mais forte no meio-campo e sair com mais velocidade com Kaká, já não mais tão bem marcado como na primeira etapa. A equipe continuava esperando o Liverpool no campo de defesa, mas também atacava com mais inteligência. A partida ganhou muito em emoção e qualidade. Aos 13, Benítez, vendo que Pennant já não jogava como na primeira etapa, investiu na meia esquerda, trocando Zenden por Kewell. O australiano voltou a atuar nas rodadas finais da Premier League e aparecia pela primeira vez na liga desta temporada. Além de atuar melhor pelos flancos que o holandês, Harry Kewell é melhor marcador. E realmente a mudança surtiu algum efeito no Liverpool. Aos 17, Gerrard aproveitou o erro de Gattuso e invadiu a área pela esquerda. Para a sorte de Dida, ele não finalizou como queria e facilitou a defesa do brasileiro. O Liverpool tentava chegar ao empate em cruzamentos para a grande área e em chutes de longa distância, mas estava evidente que faltava uma referência no ataque. Peter Crouch, que entrou aos 33 minutos no lugar de Mascherano, poderia sanar esse problema. Mas a insistência dos ingleses de nada adiantaria. O Milan estava com a arma do contragolpe previamente carregada para usá-la no momento certo. Para ser mais preciso: aos 37 minutos da segunda etapa. Kaká carregou pelo meio, esperou a movimentação de Inzaghi e fez um belo passe para o italiano invadir a área, passar pelo goleiro Reina e ampliar o placar para 2 a 0 (na foto acima, Inzaghi toca na saída de Reina: BBC). Kaká foi perfeito na hora exata. Não fez uma partida brilhante, mas apareceu nos momentos decisivos. Inzaghi, então, vive de momentos assim. É tímido durante os jogos, tem seu nome pouco falado pelos locutores de TV. E então, aparece nos momentos oportunos, para colocar a bola no fundo das redes. O Liverpool até tentou mostrar que não estava com as esperanças perdidas e diminuiu o placar com Kuyt, aos 44. Isso pode até ter deixado os italianos com uma pontinha de desespero, que com certeza se lembraram da final em Istambul. Mas o destino reservou a glória e a redenção para o Milan.
Superação em meio à aflição

- Foi o sétimo título da Liga dos Campeões. O quinto para Maldini (na foto abaixo, ele levanta ergue a taça do hepta: BBC). O quarto para Seedorf. Ancelotti apenas reforçou a marca de ser um dos cinco homens a conquistarem a competição como jogador e técnico. Foi o seu segundo no comando da equipe. Kaká terminou como artilheiro da competição, com incríveis 10 gols em 13 partidas. Mas a equipe foi mais que apenas números e marcas históricas. O Milan renasceu com o título da Liga dos Campeões, em um ano que tinha tudo para ser um dos piores da história do clube. Na temporada passada, o clube esteve envolvido no Calciocaos, escândalo que envolveu dirigentes e árbitros de várias equipes, que supostamente escolhiam os mediadores mais favoráveis para as suas partidas. O Milan começou a Serie A desta temporada com menos 8 pontos e ainda quase perdeu a vaga nesta edição da liga. As previsões não eram nada favoráveis. E a equipe, sem Shevchenko, vendido ao Chelsea, teve um primeiro turno nada satisfatório. Mas a equipe encontrou forças na Liga dos Campeões. Não foi brilhante na primeira fase, exceto pelas belas atuações de Kaká, como no hat-trick contra o Anderlecht. Nas oitavas, enfrentou a rígida equipe escocesa do Celtic. Não passou de um 0 a 0 no tempo normal das duas partidas e só conseguiu a partida na prorrogação, com um gol espetacular de Kaká. Chegou às quartas um pouco desacreditado para enfrentar o Bayern, que também não vinha em uma boa temporada. O primeiro jogo em Sansiro terminou 2 a 2, com gosto de derrota. A equipe vencia por 2 a 1 até os segundos finais de partida, quando Van Buyten apareceu na grande área para igualar o marcador. A equipe vinha jogando aos trancos e barrancos. Mas Kaká, Seedorf e companhia começaram a fazer a diferença na segunda partida, em Munique. Saíram de lá com uma vitória convincente por 2 a 0 e a vaga para a semifinal. Enfrentaram o Manchester, que havia massacrado a Roma e tinha tudo para fazer o mesmo com o Milan. Mas não. O setor defensivo se acertou, muito pela atuação de Gattuso, e o Milan conseguiu a vaga para a final. Kaká marcou três no confronto e foi decisivo, assim como Seedorf, que atuou de forma brilhante. A superação e a competência foram marcantes na campanha do Milan. O Liverpool também teve seus méritos, chegou à final com uma campanha irrepreensível. E tinha um time melhor do que aquele de 2005. Enquanto o Milan, desde aquele fracasso, entrou em uma profunda crise. Coisas que só acontecem no futebol.

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