Time ofensivo de Dunga desencanta e a Seleção goleia o Chile

- Em amistoso realizado na cidade de Gotemburgo, no lendário e histórico estádio Nya Ullevi, o Brasil derrotou o Chile por 4 a 0, com uma bela atuação do trio ofensivo escalado por Dunga: Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho. O palco da partida tem tudo a ver com a Seleção Canarinho, já que foi neste estádio que Pelé marcou seu primeiro gol em Copas do Mundo, em 1958, contra o País de Gales, e onde o Brasil arrancou na mesma edição do torneio , sagrando-se campeão mundial pela primeira vez. Além das mudanças ofensivas na equipe, Dunga lançou pela primeira vez como titular o lateral-direito Daniel Alvez, que defende a camisa do Sevilla, da Espanha. E a preparação para a Copa América continua. Na próxima terça-feira, dia 27, o Brasil volta a campo para enfrentar Gana, desta vez na capital Estocolmo, palco da mítica conquista do título mundial de 1958.

- Mesmo com um time mais ofensivo, o Brasil começou tomando pressão do Chile. A equipe comandada por Nelson Acosta, que só perdeu 2 partidas em 14 na direção da seleção, procurou explorar o lado direito, com a subida do lateral Figueroa e a aproximação dos meias, principalmente Fernández. Porém, o Chile parou por aí. O Brasil conseguiu encaixar uma boa marcação no meio-campo e sair com qualidade. Elano, que vinha atuando como meia e sendo a estrela da Seleção, foi recuado para jogar ao lado de Gilberto Silva, na linha de dois volantes à frente da defesa. Com a mudança, o Brasil ganhou em qualidade na saída da defesa para o ataque. Aos 7, a Seleção chegou pela primeira vez, com Fred cabeceando nas mãos do goleiro Bravo. Kaká liderou o ataque da Seleção, se movimentando pela faixa central e conduzindo a bola ao ataque com muita rapidez. Ronaldinho jogou um pouco mais pelo lado esquerdo, atrás de Robinho, que também atuou por aquela área, mas muito mais à frente. Aos 14, Elano cobrou escanteio do lado esquerdo e na disputa de bola, Gilberto Silva foi derrubado na área. O juiz norueguês Espen Berntsen viu pênalti no lance e apontou para o meio da grande área. Ronaldinho (foto acima, o Brasil comemora o primeiro gol: AP) converteu a cobrança e acabou com o jejum de gols na Seleção, que já durava 1 ano e 9 meses (o último gol foi marcado na final da Copa das Confederações, quando o Brasil goleou a Argentina por 4 a 1). Jogando com muita fluidez, o Brasil continuou a criar chances de gol, sempre com a boa participação e movimentação do trio ofensivo. Aos 28, Robinho tabelou com Kaká e chutou forte para o gol, mas não contava com a boa defesa do goleiro Bravo. Três minutos depois, Daniel Alves cruzou da direita e Kaká bateu com muita categoria para o gol, ampliando o marcador para 2 a 0. Depois de sofrer mais um gol, o Chile se adiantou e tentou pressionar o Brasil, mas não conseguiu diminuir o placar até o final do primeiro tempo.

- Na segunda etapa, Dunga teve que tirar Elano de campo, que sentia dores desde o primeiro tempo, para dar lugar a Mineiro. No Chile, entraram Valdivia e Navia, substituições ofensivas efetuadas por Acosta. Mesmo assim, quem continuou melhor na partida foi o Brasil. Robinho mudou de lado e foi jogar pelo lado direito, deixando a outra faixa do campo livre para Ronaldinho. Logo aos 2 minutos, Robinho protagonizou um lance espetacular, que se tivesse sido convertido em gol entraria para a história do estádio, assim como o primeiro gol de Pelé em mundiais. O meia do Real Madrid recebeu de Daniel Alves na entrada da área, dominou e mandou para o gol de bicicleta, entre dois marcadores chilenos. Pena que a bola foi desviada pelo goleiro Bravo, antes de tocar a trave esquerda do gol. O inspirado meia brasileiro (foto acima: AP) mostrou que havia voltado ainda melhor para a segunda etapa e aos 4 minutos sofreu a falta que originou o terceiro gol da Seleção. Ronaldinho se mostrou decisivo mais uma vez e mandou a bola no canto direito do goleiro, à meia altura. O Chile, que até teve alguma esperança pelas mudanças ofensivas do técnico, deixou sua defesa abandonada e à mercê do implacável ataque brasileiro. E, aos 14 minutos, ele não perdoou novamente. Depois do escanteio do lado direito do ataque, Ronaldinho tentou dominar para finalizar para o gol, mas acabou dando uma bela assistência para Juan ampliar o placar para 4 a 0. Minutos depois de sofrer o quarto gol, o Chile mostrou que poderia reagir, colocando uma bola no travessão de Julio Cesar, em chute venenoso de Maldonado. Mas a reação, assim como a pressão do Chile no começo da partida, parou por aí. A seleção, que está no grupo do Brasil na Copa América, juntamente com México e Equador, mostrou que não deve fazer frente à Seleção no torneio sul-americano.

- O trio ofensivo mostrou que pode dar certo, não pela qualidade dos meias da Seleção, o que é fato indiscutível, mas pela segurança que o time mostrou na partida de hoje. O esquema 4-2-3-1 utilizado por Dunga, com Elano atuando como 2° volante, mantém certa rigidez na marcação pelo meio, porém também melhora a saída de bola da equipe, já que o ex-meia do Santos sabe tanto marcar como atacar com rara qualidade. O plano tático não sacrifica tanto o sistema de marcação da equipe, como fazia o "quadrado mágico" montado por Parreira. Naquela escalação, ele colocava dois volantes, dois meias e dois atacantes. Na teoria parecia sensato, mas na prática vimos totalmente o contrário. A equipe, jogando com dois atacantes fixos (Ronaldo e Adriano), atacava sempre com muita morosidade, o que atrapalhava a movimentação dos meias (Ronaldinho e Kaká). O esquema de hoje, apesar de ter se mostrado bastante eficiente, não foi muito bom para Fred, o único atacante da equipe. E isso precisa ser ajustado, seja com a mudança do jogador, seja com muito treinamento. No entanto, o técnico Dunga - que hoje utilizou um visual discreto na Suécia - ainda tem tempo para arrumar essa Seleção até a Copa América. Na terça-feira, o Brasil tem um teste mais difícil, na capital Estocolmo. O adversário é a seleção de Gana, que chegou até as oitavas-de-final da Copa do Mundo passada, quando foi eliminada justamente pelo Brasil, perdendo por 3 a 0.