Google

sexta-feira, maio 09, 2008

Grupo A - Euro 2008

Suíça - Anfitriã quer surpreender
Há muito tempo o futebol suíço não vivia um momento tão bom. Participou da última Copa do Mundo, chegou às oitavas-de-final e saiu da competição sem sofrer nenhum gol. E neste ano, abriga, junto com a Áustria, a Eurocopa, a maior competição entre seleções depois da Copa do Mundo. A Suíça só não quer repetir as duas únicas campanhas em eurocopas: em 1966 e 2004 caiu na primeira fase. E, contra Portugal, Turquia e República Tcheca, a equipe dirigida pelo técnico Jakob (ou carinhosamente Kobi) Kuhn, desde 2001 e que se aposenta após a competição, aposta na força do sistema defensivo.
Virtudes - A excelente defesa, cuja maior parte joga no futebol alemão, exceto os jovens Senderos e Djorou, do Arsenal. O meio-campo, que tem características defensivas, também é destaque, principalmente pelos meias Gygax (Metz), Barnetta (B. Leverkusen) e Fernandes (Man. City). As laterais também contam com jogadores aplicados defensivamente, mas que também sabem sair jogando com qualidade: na esquerda, Behrami (Lazio) e na direita, Magnin (Stuttgart).
Fraquezas - O maior defeito é exatamente a maior qualidade da Suíça: a cautela defensiva. O time costuma se arriscar pouco e procura jogar em velocidade pelas laterais; as jogadas são pelo alto, procurando os bons cabeceadores Frei (B. Dortmund) e Streller (Basel). Reflexo disso foi o amistoso contra a Inglaterra, em fevereiro, quando a equipe jogou melhor ao sair da rigidez defensiva mas acabou sofrendo gols por atuar muito recuada.
Destaque individual - Tranquilo Barnetta (foto acima: Reto Stauffer/JPN) tem 22 anos, é meia atacante e tem origens italianas. Joga na seleção suíça desde 2004 e participou da última Copa do Mundo, sendo o principal destaque de sua seleção. Após o mundial, foi indicado ao prêmio de Melhor Revelação do torneio, vencido pelo alemão Lukas Podolski. Barnetta é veloz, finaliza bem de média distância e pode atuar em qualquer posição do ataque. É o reduto de criatividade e criação de jogadas do time suíço.

República Tcheca - Menos favoritismo e mais eficiência
O experiente estrategista Karel Brückner recolocou os tchecos nas competições entre seleções e tornou a seleção de seu país uma das mais fortes do continente (em 1996, participou pela primeira vez da Euro e terminou como vice-campeã, perdendo para a Alemanha). A equipe chegou como favorita na Euro 2004 e como favorita-debutante no Mundial de 2006, mas acabou amarelando nas duas competições: nas semifinais da Euro, perdeu para a Grécia, eventual campeã; na Copa do Mundo, caiu na primeira fase. Depois dos fracassos, os importantes meia Pavel Nedved e Karel Poborsky anunciaram aposentadoria da seleção nacional. Mas a seleção sub-20 foi vice-campeã mundial em 2007 (perdeu para a Argentina), e Brückner pôde garimpar alguns bons talentos. Aliás, força nas categorias de base tem sido um ponto marcante do futebol tcheco. Em 2002, quando Brückner chegou ao comando tcheco, a seleção sub-21 havia sido campeã européia no mesmo ano, em competição realizada na Suíça. Talvez um sinal de que a Euro 2008 traga bons resultados para a seleção principal.
Virtudes - Já diria o clichê futebolístico: Um bom time começa com um bom goleiro. E ele bem se encaixa ao time tcheco. Petr Cech (Chelsea) é uma verdadeira muralha debaixo do travessão e ainda é ajudado pelos excelentes zagueiros Kovac (Spartak Moscou) e Rozenhal (Lazio). As laterais são o ponto forte de saída de bola para o ataque, com os eficientes apoiadores Grygera (Juventus), na direita, e Jankulovski (Milan), na esquerda. O ataque também vale a pena ser destacado. Milan Baros (Portsmouth), goleador da Euro 2004, e o gigante Koller são goleadores e fortes em jogadas aéreas. Os novos talentos descobertos no mundial sub-20, o beque Kadlec (Sparta Praga) e o atacante Fenin (E. Frankfurt), são armas de Brückner que podem aparecer com importância.
Fraquezas - O meia Rosicky (Arsenal), capitão e principal jogador de meio-campo, anunciou, nesta sexta, que não disputará a Eurocopa. O motivo é uma lesão no joelho direito, sofrida no primeiro bimestre, que será operado na próxima semana. A armação de jogadas está seriamente comprometida e esse papel terá que ser dividido entre os laterais e os meias ofensivos Plasil (Osasuna), Galasek (Nuremberg) e Jarolim (Hamburgo), que não são da mesma qualidade de Rosicky. A ausência do capitão pode ainda dar insegurança ao time, que costuma dar azar em jogos decisivos. Resta saber como a equipe vai se comportar na primeira fase com essas dificuldades.
Destaque individual- Com a perda de Rosicky, Jankulovski (foto acima: AP) assume o papel de jogador mais criativo da equipe. Além de lateral, ele pode atuar também como meia ofensivo aberto pela esquerda. Tem muita disposição física e ótima finalização de média/longa distância. Além disso, é um bom marcador, que sabe desarmar o adversário e sair com qualidade de passe para o jogo. A República Tcheca precisa dele inspirado para fazer boa campanha na Euro.

Turquia - Reviver é preciso
Copa do Mundo de 2002: a Turquia chega às semifinais, perde para o Brasil pela segunda vez no mundial, mas fica com o 3° lugar da competição ao vencer a Coréia do Sul, uma das anfitriãs. Era a revolução turca no futebol... que foi abafada por resultados ruins nos anos seguintes. A seleção não participou de nenhuma competição oficial desde então, mas quer retomar a história que foi esquecida no tempo. O caminho até a Euro foi conturbado, no entanto a Turquia conseguiu se classificar em segundo no grupo D das eliminatórias, atrás da Grécia. O time é bem diferente daquele surpreendente de seis anos atrás, mas é forte defensivamente e conta com a direção de um técnico muito respeitado no país, Fatih Terim. Ex-zagueiro do Galatasaray e capitão da seleção turca, ele foi o homem que levou a Turquia para a disputa da Euro 1996, disputada na Inglaterra, depois de décadas de ausência em competições interclubes (a última tinha sido a Copa do Mundo de 1954). Na base da disciplina e disposição, a Turquia deseja supreender novamente.
Virtudes - O rígido sistema defensivo, que fornece várias opções: Cetin (Galatasaray), Zan (Besiktas), Boral (Fenerbahçe), Toraman (Besiktas) e Aşık (Ankaraspor). E os consistentes meio-campistas marcadores: Emre (Newcastle), Mehmet Aurelio (Fenerbahçe) e Hamit Altintop (Bayern de Munique). Trancar a defesa e atacar quando possível é a tática da Turquia, uma postura que pode dar certo contra as seleções ofensivas da República Tcheca e Portugal, concorrentes no grupo A.
Fraquezas - O enfraquecido ataque, aterrorizado por lesões recentemente. Basturk (Stuttgart), remanescente de 2002, Tekke (Zenit St. Petersburgo) e Nihat (Villareal) não devem estar 100% até a Euro. O eterno Hakan Sukur (Galatasaray), Tuncay Sanli (Middlesbrough) e o irmão gêmeo de Hamit, Halil Altintop (Schalke 04) passam a ser as peças ofensivas mais interessantes.
Destaque individual - Sempre ele, Hakan Sukur (foto acima: GettyImages). Mais de 100 jogos e 50 gols pela seleção turca. Um ícone do esporte nacional e autor do gol mais rápido de todas as Copas do Mundo. Contra a Coréia do Sul, na disputa do terceiro lugar do Mundial de 2002, ele abriu o placar exatamente aos 10,8 segundos de bola rolando. Em uma seleção com muitos problemas e poucas estrelas, o goleador Sukur aparece como figura essencial de segurança e esperança de bons resultados.

Portugal - Sede por título
Felipão assumiu a seleção lusitana para colocar o time no caminho das vitórias, após o inesperado fracasso no Mundial de 2002, caindo na primeira fase. Não conseguiu títulos, mas fez de Portugal uma das cinco seleções mais fortes do continente europeu. Chegou a final da Euro 2004, mas perdeu para a Grécia, jogando em casa. Na Copa do Mundo de 2006, parou nas semifinais, diante da vice-campeã, França. Na Euro 2008, a seleção portuguesa chega ainda mais sedenta pelo título. E leva para a competição um elenco cheio de novidades, e com jogadores que têm se destacado muito em seus clubes. O craque Figo e o goleador Pauleta se aposentaram após a Copa de 2006, e agora cabe a Cristiano Ronaldo a tarefa de liderar Portugal à conquista de um inédito título europeu.
Virtudes - A enorme variedade de opções disponíveis a Felipão, especialmente no meio-campo e no ataque. Cristiano Ronaldo (Manchester United) e Deco (Barcelona) são intocáveis, enquanto vários jogadores disputam outras posições. Na proteção à zaga, os prováveis titulares são Maniche (Internazionale) e Costinha (Atalanta), mas os jovens Raul Meireles (Porto) e Miguel Veloso (Sporting) ameaçam à titularidade dos mais experientes. Na armação de jogadas, Tiago (Juventus), Nani (Manchester United) e João Moutinho (Sporting) são opções interessantes. E ainda há o habilidoso Quaresma, que pode atuar no ataque, e o velocista Simão Sabrosa (Atlético de Madrid). Nuno Gomes (Benfica) deve ser o centroavante, mas Makukula (Benfica) e Hugo Almeida (Werder Bremen) fizeram boas temporadas em seus clubes e podem despontar como surpresas. O futebol de Portugal é riquíssimo em jogadores habilidosos e criativos. O problema de Felipão é decidir quem vai começar jogando ou não. O poderio ofensivo lusitano é avassalador.
Fraquezas - A defesa é boa: Ricardo Carvalho (Chelsea), Jorge Andrade (Juventus), Ricardo Costa (Porto), Ricardo Rocha (Sporting), Bruno Alves (Porto), Pepe (Real Madrid) e Fernando Meira (Stuttgart) são os jogadores disponíveis. Mas a forma como Portugal joga prioriza pouco a proteção à zaga: Costinha fica um pouco mais, enquanto Maniche é quase um meia. Os laterais, Paulo Ferreira (Chelsea) na esquerda e Bosingwa (Porto) ou Miguel (Valencia) na direita, são de características mais ofensivas e pouco eficientes na marcação dos meias adversários. A inconsistência defensiva pode ser decisiva nas fases de mata-mata.
Destaque individual - Não poderia ser outro: Cristiano Ronaldo (foto acima: GettyImages). Duas vezes eleito o melhor do Campeonato Inglês, nesta temporada o jogador lidera o Manchester United a dois títulos: o bi do Inglês e o bi da Liga dos Campeões. E é bem provável que consiga as duas taças. Ronaldo chega a Euro após a melhor temporada de sua vida, e certamente não ligará para o cansaço pós-temporada que geralmente atrapalha a condição física de muitos jogadores. Tudo o que ele quer é conquistar uma taça por Portugal.

5 Comentários:

Blogger André Augusto disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

9/5/08 23:44  
Blogger André Augusto disse...

Bacana os previews.

O Fenin pode pintar como uma excelente surpresa nessa Euro. A Suiça pode ir longe jogando e casa. A Turquia, eu acho que não vai tão longe...
E o grande favorito, claro, são os Lusos. Quaresma neles!

Abs!

10/5/08 00:01  
Anonymous Anônimo disse...

Palmas para você, rapaz. Que belo trabalho você está fazendo!

Será que chegou a hora de nosso Felipão levantar o caneco? Acho Portugal mais maduro e cada vez mais pronto para isso. E se Cristaino Ronaldo jogando o mesmo futebol do Manchester...

Abraços e parabéns, mais uma vez!

12/5/08 20:55  
Anonymous Anônimo disse...

Belas observações.

Portugal sentirá o peso de ser favorito?

Acho que não.

13/5/08 11:05  
Anonymous Anônimo disse...

PORTUGAL!!
Grande blog, grande trabalho, continua...
Quero dizer que Portugal ganhou 3-1 à República Checa, e estou muito contente e acho que Portugal tem o peso do favoritismo, mas se não tiver também não importa, o que importa é ganhar.
Portugal lidera o grupo A e vai apurar-se [de certeza].
Portugal tem boas hipótesses de ganhar o Europeu de 2008, mesmo que outros não o digam...
Obrigado, continua...

11/6/08 15:15  

Postar um comentário

<< Home