Barba, cabelo e bigode

- O Tottenham jogou diante do Arsenal, em seu estádio, o White Hart Lane, pelas semifinais da Carling Cup (Copa da Liga Inglesa) e fez o improvável: goleou, quebrou um antigo tabu de vitórias (21 jogos sem vencer, desde 1999) e conseguiu a classificação para a final - a última vez foi em 2002, e o Tottenham perdeu o título para o Blackburn. O primeiro jogo do confronto terminou em empate, 1 a 1 na casa do Arsenal, que vem utilizando a equipe reserva na competição. A estratégia vem sendo usada desde a temporada passada, quando a equipe chegou à final da competição, mas foi derrotada pelo Chelsea.

O começo da festa
- Para o Tottenham pouco interessou se os rivais entraram em campo na noite de ontem com apenas três titulares. A equipe queria vingança do confronto do ano passado, quando foi eliminada na mesma fase da competição. A diferença é que, desta vez, o confronto seria decidido na casa dos Spurs. Logo aos 3 minutos, o time da casa abriu o placar. Depois do tiro de meta, Berbatov ajeitou para Jenas, que avançou entre os zagueiros e chutou rasteiro, no cantinho esquerdo do gol. A possibilidade de vencer o Arsenal, coisa que o Tottenham não consegue desde novembro de 1999, deixou a equipe totalmente concentrada no jogo. Concentração, na partida de ontem, significou forte marcação na saída de bola adversária. O Arsenal não chegou com perigo ao gol rival em todo o primeiro tempo. E ainda teve um desfalque, antes dos 20 minutos. Denílson, que vinha sentindo uma contusão muscular na coxa esquerda desde os minutos iniciais, saiu e deu lugar ao titular e melhor jogador do Campeonato Inglês, Fabregas. Apesar das circunstâncias, a mudança foi boa para os gunners. A equipe melhorou, mas não o bastante para ameaçar o gol adversário.
- Quem continuava mais insinuante era o Tottenham, que marcou o segundo gol aos 27. Jenas (o homem do primeiro tempo, na foto acima: GettyImages/BBC) cobrou falta da intermediária e o atacante Bendtner cabeceou contra o próprio gol. A equipe ainda teve uma outra chance, com Berbatov, que, na cara do gol, acertou apenas a trave esquerda. O jogo estava com cara de goleada. O Tottenham marcava a saída de bola e conseguia sair sempre com muita liberdade para o ataque. Já o Arsenal estava completamente atordoado e desorganizado em campo, precisando de mudanças. Mudanças que não aconteceram na virada para o segundo tempo.

A pequena festa que virou festa de arromba
- O que mudou mesmo, mais uma vez, foi o placar do jogo. Antes dos 3 minutos, Robbie Keane recebeu um belo lançamento de Lennon, avançou e transformou a simples vitória de 2 a 0 em goleada. O Arsenal, desde o primeiro minuto da etapa final, mostrou que jogaria com sua linha de meio - campistas bem à frente. Errou no ataque e acabou pecando por isso. Os Spurs chegavam a todo momento com perigo ao gol de Fabianski, o terceiro goleiro do Arsenal.
- Logo no minuto seguinte após sofrer o gol, Bendtner acertou o travessão do goleiro Cerny, que tomou o lugar de Paul Robinson na posição de goleiro. Aos 15, o Tottenham marcou de novo, em outro belo contra-ataque iniciado e concluído pelo veloz Lennon. Ele saiu do campo de defesa e sofreu duas faltas de Gilberto Silva, que tentou parar o contragolpe. O juiz deu vantagem e o meia tocou na direita para Chimbonda, que devolveu. Lennon não alcançou e a bola chegou em Keane. O irlandês tocou de primeira para Lennon, que entrou na área e tocou na saída do goleiro (na foto ao lado, o homem do segundo tempo: PA/BBC). Há muito tempo o Tottenham não vencia o Arsenal. E há muito mais tempo não vencia por goleada (desde 1983).
- Com a vitória praticamente certa para os rivais, Arsene Wenger enfim resolveu promover mudanças no Arsenal: colocou os atacantes Eduardo da Silva e Adebayor. Com duas referências ofensivas, a equipe melhorou e diminui o placar através de Adebayor (ele fez o 7° dele no histórico do clássico), aos 25, em jogada tramada com Fabregas. A reação do Arsenal acabou aí. Ainda havia tempo para o quinto do Tottenham. No último minuto de jogo, Jenas, o homem do jogo, driblou Gilbero Silva na meia direita e cruzou para Malbranque, livre, sacramentar a goleada e a classificação para a final da Copa da Liga. A superioridade do Arsenal de Arsene Wenger era tanta, que o treinador, sob o comando do Arsenal, só perdeu duas vezes para os rivais de Londres. Uma foi em 1999 e a outra ontem. O treinador chegou à equipe em 1996.
- Juande Ramos, técnico dos Spurs, que chegou nesta temporada ao White Hart Lane, tem feito do Tottenham uma equipe ainda melhor do que era antes, quando dirigida por Martyn Jol. O time consegue se defender e atacar com muita qualidade, um mérito que o Sevilla de Ramos também possuía nas temporadas passadas. E é com ele que a equipe pode quebrar ainda outro tabu: o de títulos. A última taça levantada pelo Tottenham data de 1999, e foi exatamente a Copa da Liga. Na época, o clube bateu o Leicester por 1 a 0. Mas o adversário dessa final, que acontece no dia 24 do próximo mês, será diferente. Hoje, Chelsea e Everton (no primeiro jogo, em Londres, o Chelsea venceu por 2 a 1) decidem quem será o outro finalista.