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sábado, fevereiro 03, 2007

Jogos na Itália são suspensos depois da violência no derby da Sicília

- Catania e Palermo protagonizaram ontem o derby da Sicília, ilha que fica no "bico" da bota, no extremo sul do país. O clássico seria realizado amanhã, mas por motivos de segurança e por causa das comemorações da padroeira da cidade, a partida foi remanejada para sexta-feira. O jogo aconteceu na casa do Catania, estádio Angelo Massimino, e não haveria torcedores do Palermo no estádio, outra medida de precaução tomada pelos oficiais de polícia locais.
- A primeira etapa foi marcada pelo equilíbrio entre as duas equipes, que fazem belas campanhas na Serie A - o Palermo é o terceiro e o Catania vem duas posições abaixo dos rival. Infelizmente, na segunda etapa, a violência dos torcedores, ou melhor dos vândalos, tirou o brilho do que poderia ser uma bela noite de lua cheia com bom futebol. Antes dos incidentes, o Palermo marcou o gol que abriu o placar da partida aos 5 minutos da etapa final. Bresciano chegou de trás e depois de dividir com a zaga adversária, a bola sobrou para Caracciolo, que voltava da posição de impedimento, dominar e bater no canto direito do gol. Quando o relógio já marcava 12 minutos corridos, a direção arbitrária foi obrigada a suspender a partida temporariamente, devido a fumaça que invadia as imediações do estádio, inclusive todo o campo (foto, torcedores atordoados pela fumaça do gás; torcedor ferido recebe atendimento, abaixo: AP). A fumaça provinha de bombas de gás lacrimogêneo, liberadas por policiais que tentavam conter a fúria de torcedores sicilianos fora e dentro do estádio, supostamente do Palermo, que tentavam entrar no estádio. A partida foi reiniciada depois de 30 minutos de paralisação, mas fora do estádio a batalha entre policiais e torcedores perdurou, deixando um saldo de mais de 100 feridos, além de um oficial de polícia morto. Filippo Raciti (foto mais abaixo: AP), 38 anos, casado e pai de dois filhos, foi vítima de uma bomba caseira, que foi atirada em seu rosto. Ele, infelizmente, não resistiu aos ferimentos e faleceu. Dentro de campo, o Catania empatou a partida um minuto após a parada de meia hora, mas o Palermo saiu vencedor com um gol polêmico de mão de Di Michele, a seis minutos do apito final.
- A FIGC, Federação Italiana de Futebol, suspendeu ontem mesmo todas as partidas do futebol italiano, começando pelas deste fim de semana, por tempo indeterminado. Até mesmo o amistoso da Itália contra a Romênia, que aconteceria na próxima quarta-feira, foi cancelado. O incidente já é o segundo na mesma semana, na Itália. No domingo passado, Ermanno Licursi, dirigente da Sammartinese, equipe amadora, morreu ao tentar separar torcedores e jogadores que furiosamente brigavam em campo, na partida de sua equipe contra a Cancellese. Outros violentos incidentes entre torcedores aconteceram em outras partidas, inclusive da Serie A. Luca Pancalli, presidente da Federação Italiana de Futebol, já havia alertado, na terça-feira, sobre a violência nos estádios italianos e prometeu tomar medidas drásticas de segurança. Na próxima segunda, ele, acompanhado do primeiro-ministro Romano Prodi e da ministra dos Esportes, Giovanna Melandri se reunirão para analisar a atual situação.
- O dirigente do Catania Pietro Lo Monaco, chocado e desolado com a morte do policial metropolitano, anunciou que deixará o mundo do futebol. Do outro lado da rivalidade, o técnico Francesco Guidolin declarou: "Nós vencemos a partida, mas nem podemos desfrutar esta vitória. O futebol não durará muito deste jeito". "Não haverá mais alegria no esporte", ainda acrescentou o técnico do Palermo. Outras personalidades do esporte mostraram indignação com os acontecimentos de ontem na Sicília. Destaco a declaração do técnico da seleção inglesa Steve Mclaren, que tomou como exemplo a situação do futebol inglês há 20 anos atrás. "Eles - se referindo aos dirigentes do futebol italiano - precisam aprender muito conosco, como conseguimos superar a violência no futebol", disse Mclaren.
- Tomara que realmente os italianos superem a crescente violência nos estádios, para que o futebol, e o esporte em geral, seja símbolo de alegria e amizade. Se as coisas continuarem como estão, veremos a extinção do esporte em certos países. Os incidentes são apenas mais um sinal de alerta da violência, que tem invadido estádios em muitas regiões do mundo, principalmente aqui, na América Latina. As rivalidades servem para dar emoção e um sabor agradável de competitividade, e não para instigar a violência entre os torcedores.

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