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segunda-feira, junho 28, 2010

Não foi muito difícil

Como é timida essa Holanda. É claro que não dá para comparar o time atual aos finalistas de 1974 e 1978, mas é preciso dizer que o futebol atual é, no mínimo, menos sofisticado. O primeiro gol de hoje, iniciado por lançamento de Sneijder e drible + finalização de Robben, foi espetacular. Mas logo Van Bommel diminui a distribuição de bolas aos mais talentosos do time, o capitão Bronckhorst passou a administrar a bola no campo de defesa, e a atmosfera ofensiva desapareceu. Igualzinho à Itália. Quando é a Itália, tudo bem, todo mundo compreende, esse é o jogo deles. Se é a Holanda, não tem graça nenhuma. A Eslováquia, que jogou com o habilidoso -- mas contraproducente -- Vladimir Weiss, filho do técnico Vladimir Weiss, que por sua vez é filho de Vladimir Weiss, também ex-jogador e ex-técnico... Calma, vou começar tudo de novo! A Eslováquia chegou perto do gol, porque o adversário recuou, e isso mesmo sem uma boa apresentação de Hamsik. A Holanda conseguiu mais do que isso, e fez o segundo graças a Kuyt, com a assistência, e Sneijder, com o gol. Aliás, Sneijder é o grande destaque da seleção nesta copa, um dos jogadores que mais tem me agradado no mundial. Vittek, de pênalti, se igualou a Higuain na artilharia do torneio, pois Stekelenburg está apoiando o aumento da média de gols por jogo na copa da África, e fez um pênalti tolo no centroavante -- Roberto Rosetti e sua equipe de arbitragem, reprovando o gol inglês mal anulado por Jorge Larrionda, validaram o gol de Tévez ontem, uma atitude que também comprova a preocupação de alguns mediadores com a quantidade de gols.

O Chile começou mandando no jogo. Nos primeiros 5', os brasileiros mal tocaram na Jabulani. Depois, o Brasil passou a comandar o jogo, mas sempre procrastinando as jogadas ofensivas, voltando o jogo para Gilberto Silva, e este recuava para Lucio, Juan e por fim Julio Cesar. Um jogo dos mais chatos de se assistir. Sem conseguir vencer destravar o cadeado chileno no meio de campo, Lucio, pouco lúcido como sempre, tomava a bola para si, driblava dois, três meias adversários e enfim distribuía o jogo para os laterais -- que jogaram muito mal, de novo -- ou para Kaká e Robinho. Os dois jogaram, digamos, o suficiente. É que o Chile não conseguiu manter a pressão sobre Gilberto Silva e Ramires por muito tempo, e o futebol dos nossos ofensivos começou a aparecer -- ainda que timidamente. Aliás, os volantes também jogaram bem, muito bem -- eu achei. Juan marcou de cabeça. Quatro minutos depois, Robinho e Kaká finalmente entenderam que é sempre melhor tentar o passe fácil, em vez do toque de letra, de calcanhar, do gracejo, e deixaram Luís Fabiano livre para driblar Bravo e fazer o terceiro dele na competição. Pobre Chile. Voltou para o segundo tempo tramando alguma coisa no ataque, se arriscando sem medo de levar mais gols. Bielsa botou o time pra frente, Suazo enfim entrou no jogo, mas não deu. Quero dizer, o placar de 3 a 0, alcançado com o gol de Robinho (foto: AFP/Terra) -- o primeiro em mundiais --, assistência de Ramires, poderia ter sido mais tímido -- um 2 a 1 --, porque o Brasil não jogou isso tudo, e o Chile não jogou tão mal. Nas quartas, Brasil x Holanda. Galvão Bueno disse que será um jogo "de alta decisão". Argentina x Alemanha também. Acho que temos uma Copa do Mundo.

quinta-feira, junho 24, 2010

La peggior Italia di sempre

Lippi tomou a cruz para si, mas a culpa não é só dele. A Itália, desde o empate contra o Paraguai, não mostrou futebol para passar da primeira fase. Pode, e deve, reclamar dos erros de arbitragem, do gol ilegal da Nova Zelândia, do gol mal anulado de Quagliarella, mas não pode, como seleção tetracampeã do mundo, dizer que não se classificou por causa das falhas arbitrais. Com um futebol que lembrou muito o apresentado pela França, a azzurra teve no quase gol contra do zagueiro Skrtel a melhor chance dos primeiros 45'. A Eslováquia marcou com Vittek, em erro de passe absurdo de De Rossi. Aliás, o sistema defensivo italiano, respeitado durante décadas, foi vergonhoso durante a primeira fase. Cannavaro (foto: Ryan Pierse/FIFA via Getty Images), o melhor do mundo em 2006, pode ser apontado, sem exagero, como um dos piores dessa fracassada equipe de 2010. Quagliarella, Maggio e Pirlo mudaram um pouco a cara do ataque no segundo tempo. Talvez não o bastante. Vittek não desperdiçou a segunda chance clara que teve de marcar e ampliou aos 28'. O desespero tomou conta dos atuais campeões. Di Natale descontou, Quagliarella teve um gol anulado equivocadamente, Skrtel tirou uma bola em cima da linha, e Kopunek enterrou fundo as esperanças de classificação adversária. Quagliarella, lembrando os tempos de belos gols com a camisa da Sampdoria, conseguiu descontar com um gol sublime. Mas sublime mesmo foi o feito da Eslováquia, que, na primeira copa como país independente, consegue qualificação às oitavas. E no melhor jogo do mundial.

Agora, rapidinho, vamos aos outros jogos de hoje. Paraguai 0x0 Nova Zelândia. Enquanto a outra partida do grupo foi a melhor do mundial, essa deve ter sido a pior. O Paraguai não pode nem pensar em repetir o futebol de hoje contra o Japão, ou vai ser desclassificado com merecimento. Camarões 1x2 Holanda. Eto'o marcou dois gols no mundial, os únicos de sua seleção. O resto do time é escabroso. A Holanda deve alcançar as quartas-de-final, e eu, sinceramente, espero que o futebol melhore com a entrada de Robben, a exemplo da partida de hoje. Dinamarca 1x3 Japão. Pensei que os dinamarqueses venceriam os japoneses. Mas Honda e cia jogaram um futebol incrível, de muita solidez defensiva e sobriedade ofensiva. Sem falar na habilidade do artilheiro, que entortou o zagueiro dinamarquês bonito antes da linda assistência para o terceiro gol. Japão e Coreia do Sul, repetindo 2002, conseguem se classificar juntos para a fase final. Mas, dessa vez, o Japão deve ir mais longe.

quarta-feira, junho 23, 2010

What a hit!

Eslovênia, líder do grupo C até o início da rodada final, nem se classificou. Os Estados Unidos venceram a Argélia pelo placar mínimo, com gol de Donovan (Kevork Djansezian/Getty Images) aos 47' do segundo tempo. A Inglaterra repetiu o placar norte-americano e por pouco não foi desclassificada pelos supreendentes contra-ataques eslovenos. Os norte-americanos ainda terminaram como líderes da chave e vão enfrentar Gana nas oitavas. Os ingleses têm encontro marcado contra os alemães -- e a Alemanha, mesmo ainda muito jovem, é um time mais competitivo; aposto nela (aposto mentalmente, claro). 

Os Estados Unidos foram, novamente, prejudicados pela arbitragem. O gol-anulado-de-hoje foi de Dempsey. Mas os norte-americanos estão apresentando um jogo de grande competência -- apesar da imensa quantidade de gols perdidos: em todas as três partidas da primeira fase, enfrentou situações adversas e se superou. Acho que chega às quartas. Yes they can!

A Alemanha jogou um futebol morno demais contra Gana. Sorte dela que os africanos ainda não aprenderam a finalizar em direção ao gol. Ozil, num chute muito bonito de fora da área, marcou o único tento da partida. Ele não é craque, mas poderá ser se realizar finalizações parecidas contra os ingleses. Mesmo perdendo, Gana avança mais uma vez para a fase final de um mundial e se consolida de vez como a principal seleção africana dos últimos quatro anos. A Sérvia, a equipe mais irregular do grupo, decepcionou. A Austrália não repetiu 2006, mas deixou boa impressão. Por enquanto, nenhuma zebra deu as caras na rodada final.

terça-feira, junho 22, 2010

O começo do fim

O fracasso da França era inevitável. A África do Sul só não virou o primeiro tempo com mais do que dois gols à frente porque Parreira tem nas mãos um time fraco e de pouquíssimas opções ofensivas. Na partida que marcou a primeira eliminação de um país-sede na primeira fase de um mundial, a crise francesa só piorou com a derrota e a previsível eliminação. Depois do 2 a 1 -- em 2002, a equipe campeã de 1998 não marcou nenhum gol, mas a situação da época não pode ser comparada com a atual --, Parreira tentou trocar cumprimentos com Domenech, mas foi recebido com hostilidade pelo já ex-técnico francês. Não digo que o futuro treinador, Laurent Blanc, terá uma jornada fácil com um elenco desgastado e perturbado como esse. Mas tenho quase certeza de que boa parte da crise será resolvida com a saída do insólito Domenech (foto: Peter Steffen/EPA).

No jogo que realmente valia alguma coisa no grupo A, o Uruguai venceu o México e, olha, venceu com propriedade, em estádio lotado com maioria mexicana. A defesa não sofreu gols na primeira fase da competição, e o ataque, comandado por Forlán, mostrou um otimismo que não se via há tempos na celeste. Mereceu ser líder do grupo. O México tem uma boa seleção, mas talvez se perca em meio à excessiva badalação em torno dos jogadores, que não jogam essa bola toda como dizem. Como em 2006, vai enfrentar a Argentina e corre sérios riscos de eliminação diante do poderoso ataque de Maradona. Seria a quinta eliminação seguida na fase de oitavas-de-final. O Uruguai pega a Coreia do Sul, que empatou com a Nigéria em um gratificante 2 a 2 -- gratificante para a torcida sul-coreana, porque os nigerianos nunca vão esquecer as chances incríveis desperdiçadas pela seleção, especialmente uma de Yakubu, a menos de dois metros de um gol escancarado.

A Argentina enfrentou uma Grécia preguiçosa, teve dificuldades no primeiro tempo, mas enfim assegurou a vitória no segundo, liderada por Messi, que hoje jogou com a braçadeira de capitão. Ele não marcou -- até Palermo marcou! --, mas, como nas outras duas partidas, foi o melhor em campo -- sou eu que estou dizendo isso, não conferi as informações pós-jogo da Fifa. Essa Argentina joga o futebol que todo mundo quer ver e, se continuar assim na fase final, pode levar essa taça fácil, fácil. A não ser que a defesa resolva mostrar a fragilidade que nós, brasileiros, estamos loucos para ver.

domingo, junho 20, 2010

Penta classificado, Tetra nem perto disso

Que ninguém fique surpreso se o Paraguai alcançar as quartas-de-final. Tudo bem que a vitória sobre a Eslováquia (2 a 0) era mais ou menos previsível, mas o desempenho da equipe que quase venceu a tetracampeã Itália é de muito esmero e organização tática. No mesmo grupo, veio o resultado mais chocante desse torneio: Itália 1x1 Nova Zelândia. E isso porque o empate italiano, 22' após o gol de Smeltz, ajudado pelo passe intencional de Cannavaro e pela não marcação de impedimento, saiu de um pênalti discutível -- alguma semelhança com 2006? Cruzamento para a grande área, De Rossi tenta alcançar uma bola praticamente perdida e Tommy Smith dá um leve puxão na camisa do italiano. O árbitro guatemalteco Carlos Batres viu pênalti e Iaquinta converteu. Lippi, querendo ter a fama de Domenech, escalou uma formação errada, com dois homens pesados na frente, deixando Di Natale no banco. Ele entrou no segundo tempo e mudou a cara do time. Mas ele não chega a ser nenhum Totti, né, Lippi? Montolivo parou no goleiro Paston, em espetacular chute barrado por uma intervenção ainda mais espetacular -- a mais bonita do mundial, não tenho dúvida. Camoranesi também não conseguiu vencer o paredão. O grandalhão Wood, que entrou no segundo tempo, quase marcou a poucos minutos do fim, em belo chute diagonal de esquerda, depois de passar facilmente por Cannavaro -- aquele mesmo melhor da Copa de 2006 e também melhor do planeta naquele ano. A Itália tem que vencer a Eslováquia e eu fico na torcida por uma classificação da Nova Zelândia sobre o Paraguai -- apesar de saber que isso vai ser difícil de acontecer, porque o Paraguai é uma seleção realmente competente.

No jogo que parou o nosso país de novo, o Brasil não jogou com o brilho que todo mundo quer ver, mas deu pro gasto, foi eficiente quando teve de ser e contou com a inspiração de Luis Fabiano e Elano para vencer -- além de boa atuação de Kaká. Logo no primeiro lance da partida, Robinho quase marca o gol mais lindo da história do Soccer City, em arremate da intermediária que encobriu o goleiro Copa (!) e saiu por cima. O Brasil repetia aquele futebol irritante da era Dunga, com passes improdutivos e morosidade no meio de campo. Mas aí Kaká conseguiu passar pela defesa à direita e passou para Luís Fabiano bater forte a poucos metros do goleiro. Igual ao Donovan. Como o atacante do Sevilla é muito melhor do que o norte-americano, foi às redes novamente. O gol mais legal do mundial, e isso é uma pena, foi ilegal. Fabiano dominou perto de três zagueiros. Com um lençol, deixou um na saudade. E dominou com o auxílio do braço direito. Outro lençol humilhou mais dois zagueiros. E dominou de novo com o braço direito. O chute de esquerda ainda foi interceptado de leve por Copa, mas entrou. O juiz francês Stephane Lennoy perguntou ao centroavante se a bola tinha sido dominada no peito, ao que Luis concordou, obviamente. E os dois se dirigiram ao círculo central sorridentes. Estranho. Ok, o jogo continuou e Elano fez o segundo ele no mundial, provando pra todo mundo que ele merece ser titular. A assistência foi de Kaká, quase de volta à forma. O fim de jogo foi uma bagunça. Kaká levou dois amarelos rapidamente e foi expulso com injustiça por Batres. O primeiro cartão foi merecido, depois de debacle com Yaya Toure. O segundo, inexplicável. Depois de jogada terminada em falta na direita, Keita correu na direção de Kaká, bateu com o queixo no ombro do brasileiro e foi ao chão, tentando "cavar" uma expulsão. O infeliz juiz, que deve ser reprimido pela Fifa, foi na do africano. A Costa do Marfim ainda fez o golzinho dela, cruzamento de Yaya Toure e cabeçada de Drogba. Mas a foto (Tom Jenkins/The Guardian) acima resume o que foi o jogo, até amanhã.

22h25: Passei aqui porque assisti a trechos da coletiva de imprensa de Dunga e preciso dizer uma coisa. O Brasil já não ganha mais o prêmio Fair Play da Fifa.

sábado, junho 19, 2010

Um classificado, um eliminado

O sábado começou monótono e terminou eletrizante. Primeiro, a Holanda venceu o Japão por apenas 1 a 0, gol de Sneijder, falha do goleiro, culpa da Jabulani? Os japoneses ainda quase chegaram ao (merecido) empate no fim, perdeu, mas deixou boa impressão para a partida decisiva contra a Dinamarca, na última rodada. A Austrália mostrou recuperação diante de Gana e começou ganhando, gol de Holman depois de defesa incompleta de Kingson (culpa da Jabulani?²). Mas Gana tem Gyan e tem tido sorte quando a bola atazana a zaga adversária. Dessa vez, o experiente Kewell desviou o chute meio de ombro, meio com o braço esquerdo, e o italiano Roberto Rosetti entendeu que a jogada foi irregular. Pênalti convertido por Asamoah Gyan, o segundo dele no mundial.

O grande jogo do dia foi o confronto de desesperados, Dinamarca x Camarões. Ambos perderam na rodada inicial e precisavam vencer para continuar com chances de classificação. Samuel Eto'o abriu o placar depois de falha do zagueiro Poulsen, aos 10'. Parecia que Camarões, com um futebol rápido e envolvente, venceria. Mas Gronkjaer, aos 33', fez um belo lançamento para Rommedahl, que cruzou para o gol de Bendtner. O segundo tempo chegou com os africanos atacando com muita rapidez e os dinamarqueses, com tranquilidade. Rommedahl apareceu novamente, mas agora o gol foi dele. Ele dominou pela esquerda da área, cortou para o meio e bateu forte de esquerda, aos 16'. A partir daí, só deu Camarões. Incontáveis chances perturbaram a zaga adversária, mas nenhuma se traduziu no placar. Camarões foi eliminado, talvez injustamente. Na última rodada, pega a já classificada Holanda. E a Dinamarca (foto: As.com) disputa um lugar na próxima fase contra o Japão.

sexta-feira, junho 18, 2010

A zebra veio para ficar

Primeiro, a Sérvia aplicou uma derrota à Alemanha, em jogo desafortunado da arbitragem. Klose levou dois cartões amarelos e foi expulso ainda no primeiro tempo. O mediador espanhol Alberto Undiano Mallenco pesou a mão no bolso e distribuiu oito cartões amarelos, além do vermelho para o atacante polonês da seleção tricampeã do mundo. Um exagero daqueles. Fora os erros, Jovanovic fez 1 a 0. Podolski teve mais do que uma chance para igualar e ainda perdeu um pênalti, defendido por Stojkovic. E, dos dois lados, as bolas insistiam em acertar o travessão. No fim, deu zebra, deu Sérvia. O futebol germânico exibido contra a Austrália precisa reaparecer contra Gana, que joga pela liderança amanhã contra a Austrália. Os africanos agora são favoritos para o primeiro posto do grupo D.

A quase-zebra foi a Eslovênia, que vencia os Estados Unidos até os 37' do segundo tempo. Com um comportamento defensivo comprometido em sair jogando com a bola no pé, os eslovenos abriram 2 a 0 com facilidade, enquanto os norte-americanos só conseguiam chegar perto da área adversária através da velocidade de Findley. Aos 13', Birsa dominou a quatro passos da meia-lua e chutou colocado, à meia-altura do gol defendido por Howard. Depois de três chances perdidas pelos ianques, os eslovenos marcaram de novo, agora com Ljubijankic, em contra-ataque. Parecia que os europeus iriam assumir a liderança isolada do grupo C, peitando a Inglaterra. Mas a badalada seleção norte-americana, que ontem deve ter assistido ao espetacular jogo 7 da final da NBA, vencida pelo Los Angeles Lakers (83 a 79 no Boston Celtics), voltou ferozmente para o jogo. Donovan, aos 2', aproveitou erro imperdoável de Cesar no lado direito do ataque, avançou e disparou com raiva na direção das redes guardadas por Handanovic. O vibrante time norte-americano, atacado em contra-ataques liderados por Birsa e companhia ofensiva, chegou ao empate a oito minutos do fim. Altidore lutou pela posse da bola à esquerda da área e a bola sobrou para Michael Bradley, filho do ousado técnico Bob Bradley, que mudou a cara da equipe na etapa final, empatar. E à virada com Mo Edu. Pena que o árbitro Koman Coulibaly, de Mali, invalidou, equivocadamente. A última rodada vai ser frenética, com a Eslovênia diante da Inglaterra e os Estados Unidos com alguma tranquilidade contra a Argélia.

Aliás, não dá para dizer que a delegação norte-americana vai ter um encontro lá muito fácil contra os argelinos. Eles seguraram bravamente o 0 a 0 contra os ingleses, em mais um jogo que deve ter aporrinhado apostadores e boleiros ao redor do globo. A Inglaterra, com o pedante David James no lugar de Green -- o que significa mais inseguraça --, deixou muito claro que está completamente perdida nesta copa. Lampard e Gerrard não falam a mesma língua e parecem não se contentar com o espaço que lhes é reservado na linha de quatro meias que Capello escala. Gerrard está desconfortável à esquerda, e Lampard (foto: AP/Telegraph) é um homem a menos no english team. Rooney e Heskey também não se entendem -- e a culpa é dos dois: Heskey é uma peça imóvel na grande área e se atrapalha todo quando tenta armar alguma coisa fora de lá; e Rooney, talvez um pouco chateado com a inexistência de um meio de campo, não é nem sombra do artilheiro do Manchester United. E olha que a Argélia não é um time tão ruim assim e deu alguns sustos em James. Só perdeu para a líder Eslovênia por causa da falha do goleiro -- e ele, por sua vez, vai colocar a culpa na Jabulani pelo resto da vida, claro. Enfim, eu não esperava, você não esperava, nem mesmo os dois milhões de eslovenos esperavam que a equipe nacional ocupasse o topo de um grupo com Estados Unidos e Inglaterra. Seria um absurdo dizer isso antes da copa, mas Inglaterra x Eslovênia promete ser um evento imperdível.

quinta-feira, junho 17, 2010

Repetindo 2002

A manhã foi tensa. Chegou o dia do exame de qualificação da minha monografia, que realizo semestre que vem. Só vi os gols dos jogos de hoje de manhã com o canto dos olhos, mas já deu pra perceber que a Copa do Mundo realmente começou com as partidas da segunda rodada. A Argentina jogou quase tudo que sabe e fez 4 a 1 numa Coreia do Sul que chegou levemente supervalorizada depois da estreia. Já a Grécia, que fez um jogo deplorável contra os sul-coreanos, reencontraram o futebol campeão europeu de 2004: defesa impenetrável, contra-ataque fulminante, aproveitamento dos erros do adversário. Os gregos bateram os nigerianos por 2 a 1 de virada e sobrevivem. Os nigerianos, do pobre goleiro Enyeama, destaque contra os argentinos que falhou feio no tento que deu a liderança aos gregos, só podem lamentar a provável eliminação ao lado dos anfitriões do mundial.

O México realizou o que muita gente já esperava: vencer a França do incompreensível Raymond Domenech. No segundo tempo, etapa em que saíram os gols, os campeões mundiais de 1998 mostraram um futebol mais organizado do que de costume, atacando a defesa mexicana com alguma qualidade, graças a Ribery. Mas o jogo de qualidade e inteligência do México balançou a rede num momento crucial da partida, quando o rival jogava melhor. O primeiro gol, de Javier Hernández (foto: Christof Koepsel/Getty Images), abateu de vez o ânimo dos já desiludidos franceses e abriu caminho para a entrada de Blanco, batedor da penalidade que acrescentou mais um gol na conta dos les bleus. A crise está só começando. A Irlanda celebra.

quarta-feira, junho 16, 2010

A vez da Celeste

A esperança de jogos melhores na primeira rodada estavam depositados no grupo H, o da Espanha. Antes da estreia da Fúria, contra a invencível Suíça -- não sofreu gols em 2006 e foi eliminada nos pênaltis pela Ucrânia, nas oitavas --, o Chile pegou Honduras, com Valdivia titular. A história conspirava por uma vitória chilena: em 1962, neste exato dia, o Chile venceu pela última vez em copas, a Iugoslávia, jogando em casa. Hoje, o adversário era bem mais modesto, e o triunfo, um simples 1 a 0. Todos olhos voltados para a sensação Espanha, favorita ao título.

Torres, sem condições de enfrentar os 90 minutos, ficou no banco. Fabregas foi reserva na Euro 2008 e também ficou como alternativa para o meio de campo. Mesmo com problemas, poucos apostariam numa vitória suíça -- no máximo, num empate em 0 a 0. O primeiro tempo foi terrível: uma Suíça retraída, apostando nas subidas de Barnetta e na velocidade de Gelson Fernandes; e uma Espanha morosa e apreensiva no toque de bola. O segundo tempo foi alucinante. A Suíça marcou, no gol mais esquisito do campeonato até agora, a Espanha acertou a trave, a Suíça quase ampliou com uma jogada espetacular de Derdiyok... Espanha pressionando, Suíça nos contra-ataques. O árbitro inglês Howard Webb ainda adicionou uma mini-prorrogação ao sofrimento de espanhóis e suíços, com cinco minutos de acréscimo. Apesar do 1 a 0, a primeira rodada terminou melhor do que começou. Temos uma zebra europeia na África do Sul.

O Uruguai é bicampeão mundial, nunca podemos nos esquecer disso. Hoje, contra os anfitriões, a expectativa era de que o país-sede vencesse e assumisse a liderança do grupo A. E não ouvi ninguém falando nos uruguaios. Eles chegaram ao mundial como coadjuvantes. E, subitamente, se tornaram protagonistas. Líderes da chave, enfrentam o México, que pega a desacreditada França amanhã, na última rodada. Aposto em classificação de México e Uruguai. O empolgante Forlan (foto: Shawn Thew/EPA) foi o primeiro desse mundial a marcar dois gols. É o artilheiro. O hat-trick não veio por pouco. Se o Uruguai terminar como líder, arrisco dizer que é o renascimento de um gigante do futebol. E isso é uma notícia maravilhosa, num mundial que mostrou, na partida que abriu a segunda rodada, que a bola vai começar a entrar nas próximas partidas. A determinação da seleção local não foi o bastante, mas certamente vai atormentar os franceses na última rodada -- até porque há alguma chance matemática de qualificação.

terça-feira, junho 15, 2010

Dunga brega, seleção brega

Nova Zelândia 1x1 Eslováquia. Estava difícil de acompanhar até pelo rádio. Mas o empate foi merecido para o lado neozelandês, que jogou com alguma competência e arriscou criar jogadas ofensivas, ainda que com um recalque do futebol inglês de uns 30 anos atrás: a bola levantada na área, ininterruptamente. O resultado igual também significou, provavelmente, eliminação para as duas seleções. Paraguai e Itália devem vencê-las -- quero dizer, o Paraguai deve vencer facilmente.

No primeiro e muito aguardado primeiro jogo do grupo do Brasil, o G, Costa do Marfim e Portugal honraram o futebol jogado até agora na competição e não ousaram marcar gols. Cristiano Ronaldo acertou a trave esquerda no primeiro tempo, como que querendo evitar críticas mais exaltadas da mídia/torcida lusitana. A Costa do Marfim, com um Drogba inquieto no banco, jogou melhor o primeiro tempo e acho que boa parte do segundo. Faltou compromisso com as finalizações, geralmente tortas. Deco acordou no segundo tempo, deixou as prerrogativas de volante para seus companheiros de meio-campo e esboçou um ou outro lance criativo. O final foi emocionante, Drogba entrara em campo mesmo engessado, chances de gol brotavam nas proximidades da área, mas... essa é a copa da hesitação (seis empates em 14 jogos), do excesso de preocupação defensiva, dos cruzamentos tímidos (talvez por medo de mandar a Jabulani para o norte da África), das finalizações ansiosas e dos goleiros lunáticos.

Robinho, pedalando como nunca (e chutando errado como nunca, também), e Elano, que voltou a jogar como o Elano das primeiras convocações de Dunga, foram os melhores atletas de Brasil 2x1 Coreia do Norte. A estreia em busca do hexa teve um primeiro tempo de poucas chances, conclusões fracas a gol e passes errados escabrosos (leia-se Kaká). Kaká continou jogando mal na etapa final, apesar da babação de ovo de Galvão Bueno. Luis Fabiano permaneceu de jejum. Mas havia Maicon na direita, enfim explorada por Elano com mais frequência. E saiu o gol, aliás, o gol mais bonito desse mundial carrancudo (foto: Reuters). Maicon praticamente foi às lágrimas com o seu primeiro tento em sua primeira atuação em mundiais. Depois, Robinho lembrou o Ronaldinho de 2004/2006 com o passe que se tornou gol no toque de primeira de Elano. Tudo parecia bem, mesmo com as subidas norte-coreanas que incomodavam a zaga brasileira desde o primeiro tempo. Em uma delas, Julio Cesar imitou o goleiro de México e Paraguai, não se apresentou para interceptar a bola e foi salvo por Juan -- em um cruzamento, desviou como se fosse um amador. Na próxima oportunidade, os asiáticos não desperdiçariam, agora, em cochilo coletivo do Brasil -- quem marcou foi Ji Yun-Nam (camisa 8), mas os melhores da seleção foram Jong Tae-Se (9) e Cha Jong-Hyok (2). O gol assusta, assusta demais. Domingo, a Costa do Marfim vai entrar em campo provocando 190 milhões de calafrios, mesmo sem Drogba.

segunda-feira, junho 14, 2010

Desapontamentos de segunda-feira

O Robben realmente faz muita falta à Holanda, ou essa seleção não é lá isso tudo como andam dizendo? A vitória sobre a Dinamarca -- que não é nem sombra daquela Dinamáquina dos anos 1990 -- foi apenas burocrática, ordinária. Os outros destaques do time jogaram mal; só Sneijder se salvou, colocando uma bola no travessão na etapa final. Bem antes disso, a Dinamarca sinalizou que poderia vencer levando perigo no primeiro tempo. Só que os zagueiros Poulsen e Agger marcaram acidentalmente o gol contra que abriu o placar, no comecinho do segundo tempo. Na verdade, o autor foi Agger. A cinco minutos do fim, quando os dinamarqueses já se contentavam com a derrota e os holandeses, com a vitória simples, o substituto Elia acertou a trave e Kuyt completou. Elia e Affelay vieram do banco e atuaram melhor do que todo o time holandês. Vamos ver se a disposição de uma das equipes mais badaladas da competição melhora nos próximos jogos, para o bem de nós, pobres espectadores desse mundial excessivamente sisudo.

A delegação da Dinamarca deve ter acompanhado Japão x Camarões com alguma apreensão, já que o vencedor a colocaria na lanterna do grupo E. A torcida por um resultado igual adiantou pouco. Honda, aos 38', inaugurou o placar, numa partida em que a defesa de Camarões não parecia estar jogando sério -- nem o sumido capitão Eto'o. No segundo tempo, os africanos equilibraram a partida, e os minutos finais foram emocionantes. O Japão acertou a trave, Camarões, o travessão. Mas não houve tempo para mais nada. Os japoneses, que desembarcaram na África sob fortes críticas da imprensa, comemoraram o 1 a 0 -- a primeira vitória fora de casa numa copa --, como se estivessem classificados para as oitavas. E, de fato, terão muitas chances -- principalmente contra a Dinamarca -- se reprisarem o futebol organizado, aplicado de hoje. (E isso tudo com Nakamura na reserva, hein...)

Quando Alcaraz testou firme para o gol, 35% da redação bateu palmas, ovacionando o gol paraguaio -- ou o revés italiano. Sempre gostei da Itália, apesar de muita gente achar que o futebol dos tetracampeões é exatamente o contrário do brasileiro -- o que é discutível com Dunga no comando. Apoiar esse time-sem-Pirlo-e-Giovinco-e-Cassano-e-Totti de Lippi estava difícil antes do início do jogo. Depois do apito inicial, comecei a mudar de ideia; a azzurra jogava, curiosamente, um futebol bastante ofensivo e agradável de se assistir. O Paraguai é o perfeito exemplo de uma seleção moderada, mas sempre perigosa. E marcou em bola alçada na área, contra uma zaga historicamente consagrada. A Itália voltou para o segundo tempo sem Buffon, que teve de ser trocado por Marchetti. De Rossi (foto: Sports.it), o craque do time -- um absurdo e uma verdade --, aproveitou a chance que teve, em erro do goleiro, e salvou sua seleção de um fiasco na estreia. Pirlo só vai voltar no último jogo, diante da Eslováquia, o que não deve preocupar a formação contra a Nova Zelândia. A copa para a Itália só se inicia na segunda fase.

domingo, junho 13, 2010

Primeiro impacto

Não dá pra dizer que o terceiro dia de copa foi muito melhor ou muito pior do que os dois anteriores. De manhã (no nosso horário), Argélia e Eslovênia praticamente decidiram seu futuro no restante da competição. Quem perdesse, estaria moralmente eliminado. Tudo ficou muito mais difícil para o time africano quando o substituto Ghezzal foi expulso, depois de ter permanecido apenas 15 minutos em campo -- um recorde na história do mundial. A Argélia entrou para a história, mas a Eslovênia também, ao conseguir a sua primeira vitória -- em 2002, três derrotas na primeira fase. O responsável foi Koren, que deve muito à interceptação à Green do goleiro Chaouchi. A Eslovênia agora briga com os Estados Unidos por uma vaguinha. Pelo menos a Argélia poderá dizer, por quanto tempo quiser, que Zidane é metade francês, metade argelino.

Um pouco mais tarde, Sérvia e Gana jogaram feio demais para duas equipes com tantos jogadores atuantes no futebol europeu. Mas tudo bem. Vamos dizer que foi nervosismo de estreia. O jogo melhorou na etapa derradeira, ficou equilibrado, e graças a Kuzmanovic, mais um maldito reserva, Gana obteve uma vitória importante. Ele percebeu o perigo de uma bola levantada na área do lado esquerdo e, inexplicavelmente, estendeu o braço para dominar a pelota. Asamoah Gyan, o melhor de sua seleção com a ausência de Essien, bateu firme e reafirma a posição de coajduvante, num grupo que deverá ser dominado pela Alemanha.

O time mais jovem da copa estreou tomando sufoco da experiência dos australianos. E, curiosamente, quem levou a cabo a reação foram dois velhos conhecidos da Copa da Alemanha -- orquestrados pelos pés do interessante Ozil. Primeiro, Podolski, ao concluir na direção de Schwarzer um passe que veio da direita. Depois, Klose marcou pela 11ª vez em copas (foto: AFP/Terra) -- mais próximo do recorde de Ronaldo, 15 gols. No segundo tempo, foi a vez da nova ordem do futebol alemão dar as caras. Muller e Cacau transformaram o bom jogo na melhor partida da competição, marcando duas vezes. Essa Alemanha perdeu Ballack, passou por maus bocados na preparação, mas mostrou que não está para brincadeira na África do Sul. Essa Alemanha jogou como se fosse a Espanha do mundial de 2006, goleando a Ucrânia por 4 a 0 já na estreia.

sábado, junho 12, 2010

Jabulani 1x0 Goleiros

Grécia e Coréia do Sul abriram os trabalhos no grupo B. Não dava pra esperar muita coisa dos gregos que, apesar de terem sido campeões europeus em 2004, estão longe de serem íntimos do torneio mundial. É apenas a segunda participação em copas. A primeira foi em 1994, três derrotas na primeira fase. Em 2010, parece que o objetivo é repetir a campanha. E quem mais contribuiu para isso, além da estabanada defesa (que jogou sem Kyrgiakos, no banco), foi o jogo competente, veloz e coletivo dos sul-coreanos. Logo aos 7', o zagueiro Lee Jung-Soo roubou a principal arma do time grego, a cabeçada para o gol, e abriu o placar. A zaga dos gregos, que respondem pelos pouco confiantes Papadopoulos e Vyntra, jogou a favor dos asiáticos no gol marcado por Park, atleta do Manchester United. Ele aproveitou o erro, avançou sobre Papadopoulos e tocou com tranquilidade para as redes. E vale um destaque para o péssimo técnico alemão da seleção grega, o mais velho e talvez também senil desta competição. Otto Rehhagel escalou seu time à Maradona, com três atacantes, Samaras, Charisteas e Gekas, uma atitude bizarra já que a vocação do elenco é defender -- sem falar que os três estão muito longe de serem artilheiros. No segundo tempo, retirou de campo o jogador mais habilidoso, Karagounis. E ainda deixou Kyrgiakos de molho, um zagueiro que, sozinho, defende muito melhor do que Vyntra e Papadopoulos juntos. Eu diria que a Grécia já está eliminada, mas vamos ver que tipo de futebol deve ser apresentado contra Argentina e Nigéria. A Coréia do Sul não deve chegar às semifinais, como em 2002, mas tem muita chance de estar entre os 16 melhores.

Messi jogou o que sabe contra a Nigéria. Correu, arriscou, passou. Mas o goleiro Enyeama foi simplesmente o craque da partida e fez pelo menos cinco grandes defesas, e não apenas em finalizações de Lionel. O ataque argentino, apesar de atônito, esteve bem. Os africanos jogaram tão bem quanto os adversários, e foi uma pena não terem aproveitado as oportunidades que tiveram, principalmente no segundo tempo. Até Galvão Bueno reconheceu o óbvio, a qualidade do time nigeriano, e não parava de listar elogios a Yakubu, de fato, um dos melhores em campo. Já Casagrande, de volta à forma, proferiu o melhor comentário global até agora nesta copa. Arnaldo Cezar Coelho tinha visto um torcedor da Argentina com uma garrafa de cerveja na mão, julgou ser de vidro, e começou a criticar a segurança no estádio, quando o ex-jogador o interrompeu, esquecendo-se de desviar completamente a boca do microfone: "É de plástico, eu peguei." No fim, ou melhor, no começo, o que importou mesmo, fora a qualidade ofensiva e técnica da partida, a testada de Heinze para o gol logo aos 6', definindo o placar. A Nigéria disputa vaga nas oitavas com a Coréia do Sul, podem escrever aí. E Maradona precisa arrumar o lado direito da sua defesa -- quem mandou não chamar Cambiasso e Zanetti?

É impressionante como a seleção dos Estados Unidos melhorou desde o mundial de 2006. Hoje, diante da Inglaterra, mostrou um futebol semelhante àquele apresentado na Copa das Confederações, e chegou muito perto de vencer os colonizadores. Gerrard fez o dele depois de passe de Heskey, parecia que os ingleses venceriam fácil, fácil. Mas aí, Donovan tratou de crescer no jogo, Altidore (meteu bola na trave no segundo tempo) a se exibir com mais frequência à frente de King e Terry e Dempsey de arriscar um chute despretensioso da meia-lua, que Robert Green, o goleiro, é claro, deixou entrar com um belo de um frango. Ele honra a escola recente de goleiros pós-Seaman, aquele que levou o gol (sem querer?) de Ronaldinho em 2002. Green, porém, é claramente melhor que Robinson e James, e até fez boas defesas depois. Só não pode errar contra Argélia e Eslovênia, duas seleções que fazem, amanhã, o jogo que deve decidir o terceiro colocado do grupo. Se Green voltar a vacilar, a liderança é dos norte-americanos.

sexta-feira, junho 11, 2010

Sobraram vuvuzelas, faltaram gols

A desculpa para não postar nada nos últimos três meses era: tempo. Era. É tempo de Copa do Mundo e vou tentar reativar o blog repetindo o que fiz na copa de 2006 e no europeu de 2008: postando alguns parágrafos emocionados sobre os jogos do dia no torneio, com um precário distanciamento jornalístico -- apesar do distanciamento físico, esse intransponível.

Pois bem, a partida de abertura começou sem nervosismo, com os dois times jogando o que sabem: os anfitriões, defensivamente, os visitantes, velozmente. Giovani muito bem, Vela, apagado. A África dependia de seu 10, Pienaar. O México jogou bem os primeiros 15', quase marcou duas vezes, mas arrefeceu. No fim do primeiro tempo, escanteios seguidos deram trabalho para Perez que, é bom destacar, nunca será um Jorge Campos. As faltas deixaram o jogo violento, mas estimulante. Eu gosto desse México, mas o time decepcionou feio no segundo tempo. O dançante Tshabalala fez o gol mais bonito da copa -- a afirmação foi o primeiro disparate do mundial -- e a África estava com tudo. Porém, não marcou mais e claro, levou. Guardado, vindo do banco (um absurdo), não guardou, mas forneceu o passe para Marquez empatar.

Sobre o outro jogo do grupo, Uruguai 0x0 França, basta dizer que estou muito insatisfeito com a reprise de um certo França 0x0 Uruguai de quase uma década atrás: de longe, o jogo mais feio da Copa de 2002. É claro que não estou falando sério. A partida de hoje teve um pouco mais de emoção, graças ao reserva Henry, mas a incompetência das seleções é definitivamente atemporal.