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terça-feira, outubro 28, 2008

Eurocopa terá 24 times a partir de 2016

Objetivando melhorar a competitividade do torneio, UEFA instaurará novo formato de disputa na Euro 2016, ainda sem sede definida

Platini olhava o aumento no número de seleções na Eurocopa com bastante desconfiança. Mas ele acabou mudando de pensamento ao avaliar a edição deste ano, realizada em sede dupla por Áustria e Suíça. O presidente da UEFA gostou do que viu, tanto no desempenho técnico dos times quando na recepção dos torcedores, que lotaram os estádios e puderam conferir partidas cheias de muita emoção e qualidade técnica.

Renovação no modelo de disputa
A Euro terá agora 24 clubes participantes, oito mais que os tradicionais 16 que entravam no torneio no formato que ainda será usado em 2012 pelos países-sede Polônia e Ucrânia – isso se Platini não se aborrecer de vez com as pendências organizacionais dos países escolhidos e resolver trocar a sede, como já declarou uma vez.

O maior número de vagas na competição também modificou a fórmula de disputa e qualificação para a fase eliminatória. Os melhores terceiros colocados serão classificados para a fase de oitavas-de-final, estágio que não existia no modelo antigo pelo número reduzido de seleções. O período de realização da competição será ampliado de três semanas para quatro, e haverá um número maior de partidas: 51, 20 a mais do que o calendário do formato anterior.

O porquê da mudança
A hipótese de se aumentar o número de clubes que disputam a Eurocopa foi levantada em 2007, por associações nacionais de futebol, em congresso da UEFA organizado na cidade de Dusseldorf (Alemanha). Em junho deste ano, a hipótese virou certeza, com o apoio de todos os 53 países-membros da entidade.

É óbvio que há um interesse comercial por trás das mobilizações por mudanças: aumento do número de clubes participantes significa aumento no número de jogos, ingressos e receita. Mas acredito que a renovação do modelo também mostra uma preocupação da UEFA com a competitividade.

Quando a Euro deste ano terminou, com a Espanha campeã no final (na foto, Torres com a taça: Oleole.com), a impressão que tive foi de que a competição poderia ter sido um pouco mais longa, com mais clubes, partidas e disputas. A competição co-organizada por Áustria e Suíça deixou saudades. O novo modelo deve abrigar boas seleções que são sacrificadas pelo formato de disputa, (exemplo de Inglaterra, Dinamarca e Ucrânia no qualificatório para a Euro 2008) e certamente reserva belas partidas de futebol, tomara que no mesmo nível de intensidade e qualidade das que os fãs puderam assistir neste ano.

domingo, outubro 26, 2008

Agora sim: líder e favorito

Equipe acabou com uma longa série invicta do Chelsea e agora é lider isolada do Inglês

O Liverpool é sempre assim. Tem inícios de temporada muito fracos, e sofre para ficar entre os seis, sete primeiros colocados no primeiro turno de campeonato. E no segundo turno, o time explode em qualidade e produtividade, e acaba conseguindo vaga na Liga dos Campeões. Só não chega ao título pela falta de regularidade na primeira parte da campanha. Mas, neste campeonato, especialmente após a importante e histórica vitória de hoje sobre o Chelsea, em Stamford Bridge, a equipe de Rafa Benítez dá mostras de que quer acabar com a negativa marca de 18 anos sem o título do Campeonato Inglês.

Hoje o Liverpool jogou como sempre jogou, bastante seguro no meio-campo, rígido na defesa e objetivo no ataque. O Chelsea dominou a posse de bola em todo o tempo de jogo, mas teve extremas dificuldades para trespassar a barreira defensiva adversária. Os reds são eficientes na defesa e não necessitam de usar violência para isso. E são fulminantes no ataque. Alonso, um volante que sabe sair para o jogo com qualidade, fez 1 a 0 aos 10 do primeiro tempo. A invencibilidade de 86 jogos do Chelsea em casa pela Premier League estava em xeque (foto: Getty Images). (e os blues também tinham invencibilidade de 29 jogos no Inglês).

A defesa se adiantou, Lampard e Deco tomaram a posse de bola para si, Kalou e Malouda se movimentavam a todo instante pelos flancos, mas nada fez frente a Carragher e Agger na defesa do Liverpool. Carragher é o melhor zagueiro europeu em atividade: forte, inteligente, leal, não é veloz mas tem excelente posicionamento em campo e sabe sair jogando com segurança. Agger é um defensor em construção, mas já apresenta o futebol dos grandes zagueiros europeus. Em mais de 60% do tempo, a bola esteve no pé de jogadores do Chelsea. Ainda assim, o Liverpool chegava com muito perigo ao gol de Cech, enquanto o time da casa, atônito em campo, querendo segurar a marca de 4 anos e 8 meses sem perder em casa, jogava sem inteligência e inspiração. Valeu a garra e a qualidade defensiva do Liverpool, agora líder isolado do campeonato com 23 pontos. Chelsea e Hull compartilham a mesma quantia de 20 pontos, logo atrás dos reds.

Inspirado pela bela canção You'll Never Walk Alone, entoada apaixonadamente pela torcida dentro e fora de Anfield Road, e muito bem organizado pelo estrategista Rafa Benítez, o Liverpool caminha a passos fortes em busca de uma taça que já se tornou peça de museu na sala de troféus do clube.

terça-feira, outubro 21, 2008

Em seu lugar

Depois de humilhar a Roma em pleno Olímpico, a Inter assume a liderança isolada da Serie A, e vê seus principais rivais bem atrás na classificação

Ibrahimovic é cada vez mais candidato a Bola de Ouro e a Melhor do Mundo da FIFA. No último domingo, o grandalhão e habilidoso atacante sueco marcou duas vezes e ajudou a Inter a golear a Roma por 4 a 0, com rara facilidade. E a Roma, tendo perdido pela segunda vez consecutiva e acumulando quatro reveses em sete jornadas, precisa se acertar, se quiser brigar pelo título mais uma vez.

No primeiro gol, Maicon, em grande forma na temporada, fez um lançamento do campo de defesa para Ibra. Ele avançou solitário pela direita, observou a saída precipitada e desesperada de Doni, e tocou por cima do goleiro brasileiro (foto: Reuters). A Inter continuou melhor, a Roma se adiantou. Na etapa final, Ibra recebeu na esquerda, ignorou Juan, e bateu rasteiro para marcar o segundo. Depois de escanteio da esquerda, e do corte incompleto da zaga romana, Stankovic dominou na direita e chutou forte no ângulo esquerdo, como há muito tempo não fazia. O quarto foi de Obina (ex-Chievo Verona), também em finalização de fora da área.

A Juventus, como a Roma, também não vai nada bem. Perdeu para o rival Napoli fora de casa e já acumula quatro jogos sem vencer (dois empates e duas derrotas seguidas). Está em 12º, com 9 pontos, dois pontos e duas posições acima da Roma. Já o Napoli faz grande campanha. Está na 4ª posição, empatado em 14 pontos com Udinese e Catania.

A Serie A deste ano está bastante interessante e disputada. A diferença entre a Inter, líder, e o Palermo, 10º colocada, é de apenas 4 pontos: as pontuações são de 16 e 12, respectivamente. Mas, mesmo com equilíbrio na tabela, a Inter é a grande favorita ao título. Uma equipe habituada à liderança e dona de um dos melhores atletas do continente, o produtivo, inteligente e eficiente Zlatan Ibrahimovic.

sábado, outubro 11, 2008

A mistura explosiva entre bola e dinheiro: aqui e na Inglaterra

Dirigentes e torcedores sabem bem que, para que o clube conquiste títulos ou mesmo espaço em campeonatos importantes, é necessário dinheiro, muito dinheiro. Deve-se contratar bem e muito. No Brasil, as finanças da maioria dos grandes clubes estão no negativo. As razões são muitas. De contratações pouco pensadas a parcerias obscuras com grupos de investimentos. A última razão parece-me mais razoável e fiel à realidade do futebol brasileiro. E, a partir da última semana, também à realidade do futebol inglês.

A maldição que São Jorge não quebrou
O Corinthians é um exemplo atual e vivo das conseqüências de investimentos aparentemente grandiosos, cuja origem se desconhece e da qual a justiça desconfia. Resultado: o grupo MSI gastou alguns milhões na contratação de Tévez e Mascherano, o Corinthians foi campeão brasileiro em 2005, mas, no decorrer do ano de 2006, a então vitoriosa parceria revelou esquemas sujos de injeção de dinheiro e uma conduta reprovável na negociação de jogadores.

Começou-se a desconfiar seriamente da MSI e de seu representante aqui no Brasil, o indiano Kia Joorabchian. A situação de crise do Corinthians foi decisiva para a saída, silenciosa e discreta, da MSI do país. E ela não foi sozinha: levou junto consigo seus pupilos Tévez e Mascherano, atletas da MSI e que por acaso foram emprestados ao Corinthians por um tempo. No fim de 2007, o alvinegro paulista amargava o rebaixamento à segunda divisão, sem dinheiro, sem a confiança da torcida e com uma imensa crise interna. O time paulista pagou caro por suas pretensões gananciosas e pela avidez em alcançar o sucesso a qualquer custo.

Refugo no Brasil, a MSI precisava de um novo parasita. E encontrou o lugar perfeito para se instalar: a Inglaterra. Mas como na Europa, sendo que lá a vigilância financeira e fiscal sobre os clubes é muito mais intensa do que aqui? É aí que reside o trunfo da MSI. Ela se dirigiu exatamente para o país que é mais aberto a investimentos estrangeiros. Não por acaso, a Premier League (a “Série A” do futebol inglês) é a liga mais rica e mais vista no mundo, reconhecida, principalmente, pela impecável organização. Na Inglaterra estão os estádios mais seguros e confortáveis e os melhores jogadores do planeta. Na ânsia de crescer rapidamente, por meio de bons jogadores e altos (e fáceis) investimentos, o West Ham, clube mediano de Londres, seguiu os passos do Corinthians, cedeu às propostas da MSI e conseguiu levar para Upton Park os astros argentinos Tévez e Mascherano. O time imitava o também londrino Chelsea, do bilionário russo Roman Abramovich, o homem que desde 2003 injeta cifras altas nos blues e que colocou o clube no patamar dos grandes da Inglaterra e dos grandes do continente europeu.

O West Ham se arriscou e acabou sendo salvo do rebaixamento à segunda divisão graças aos gols de Tévez, no sprint final da temporada. A intenção da MSI era comprar o clube, mas não tinha fundos suficientes para isso. O islandês Björgólfur Gudmundsson foi mais rápido e adquiriu as ações dos hammers. Antes, Tévez já tinha se mandado para o todo-poderoso Manchester United e Mascherano já estava a caminho do também gigante Liverpool. O dinheiro da compra não ficou com o West Ham e sim com a MSI, dona dos jogadores. A Federação Inglesa de futebol (que proíbe a compra de jogadores por meio de intermediários) considerou ilegal o uso dos atletas pelo West Ham e puniu o clube em 8 milhões de euros.

Estresse jurídico, crise e punição
O pequeno, mas tradicional, Sheffield United foi relegado à segunda divisão em 2007 e não aceitou a escalação irregular dos argentinos pelo West Ham, atletas que, na época, ainda eram jogadores da MSI. Pelas leis inglesas, um jogador deve sempre pertencer a um clube e não a uma empresa. Na última rodada do campeonato daquela temporada (2006/2007), o West Ham venceu o Manchester com gol de Tévez, resultado que salvou o time do descenso e que rebaixou o Sheffield. A apelação do Sheffield é perfeitamente compreensível. O clube foi prejudicado esportivamente e, claro, financeiramente – perder um espaço na primeira divisão é sinônimo de perder também muito dinheiro com a venda de ingressos, direitos de TV e oportunidades de patrocínio.

O presidente do clube, Kevin McCabe (foto: Daily Mail), pediu indenização por danos e revelou, na última semana, que o Sheffield ganhou a ação contra o West Ham em um tribunal independente. A punição aos hammers seria de 30 milhões de libras (equivalente a R$ 105 milhões). O West Ham tentará reverter o veredicto na Corte Arbitral dos Esportes (CAS), sediada em Lausanne, Suíça. É improvável, porém, que a CAS dê ouvidos ao apelo do clube. Em relato à BBC, o secretário-geral da entidade Matthieu Reeb declarou que “pelo andamento das coisas, o CAS não terá condições de ouvir o caso”. Cerca de dez jogadores do Sheffield, que tiveram perdas financeiras com o rebaixamento do time, contrataram advogados para entrar com processo contra o West Ham.

Mesmo depois de um ano da saída da MSI, o clube não se livrou totalmente dos males deixados pelo parasita e agora se vê em uma crise avassaladora. E este é apenas o início das dores. Na Inglaterra, onde quase a metade dos clubes da primeira divisão está nas mãos de investidores estrangeiros, o West Ham foi o primeiro a se desiludir e a entrar em colapso financeiro e fiscal. Os tribunais ingleses e a Federação Inglesa não vêem a hora de limpar a sujeira em outras agremiações.

Sobre torcedores e insatisfações
E nós, espectadores e fãs de futebol? Continuemos acompanhando os jogos, os campeonatos, vibremos a cada lance e gritemos a cada gol marcado por nosso time, pois nada temos a ver com a conduta gananciosa dos cartolas de futebol. Só podemos mesmo é reclamar e murmurar. Se nem mesmo os jornalistas mais fervorosos, nas mesas-redondas de discussão, possuem palavra de decisão em alguma coisa, porque nós deveríamos nos preocupar com isso?

Preocupemos apenas com a situação do nosso clube na tabela ou apreciemos a complexidade organizacional do jogo europeu. Do jeito que as coisas andam, se olharmos muito para a direção dos clubes e para o preocupação estritamente financeira de empresários e jogadores, rapidamente ficaremos desiludidos.

Mais vale aproveitar e curtir aquilo que é bom no mundo esportivo: o jogo, o próprio esporte e a pureza da competitividade. Aquilo que está fora das quatro linhas, exceto a torcida, não tem muita preocupação com o esporte, mas sim com aquilo que poder ser lucrado com ele. E ver o jogo apaixonadamente não significa vê-lo de forma descerebrada. Podemos e devemos sim, reclamar o quanto quiser, mas talvez seja apropriada uma mudança de foco nas reivindicações. Exigir preços mais baixos nos ingressos e melhores condições nos estacionamentos e imediações dos estádios parecem pedidos mais próximos da realidade vivida pelo torcedor semanalmente. No futebol gringo, o que podemos fazer é apreciar os gramados impecáveis, os estádios monumentais, invejar a perfeita organização estrutural do jogo, e identificar os ex-craques dos times pelos quais torcemos com camisas de clubes que, infelizmente, não são daqui.